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Defesa da paz, dos direitos e da soberania no congresso da CIG

No IX Congresso da Confederação Intersindical Galega (CIG), que reelegeu Paulo Carril como secretário-geral, apelou-se à ruptura com a globalização neoliberal e à construção de um mundo assente na justiça.

Encerramento do seminário internacional realizado em Compostela no âmbito do IX Congresso da CIG, que decorreu sob o lema «A Força da nossa classe. Trabalho. Direitos, Soberania» Créditos / CIG

No primeiro dos dois dias do encontro, que decorreu em Compostela na sexta e no sábado, realizou-se o Seminário Internacional «Na defesa da Paz, Trabalho, Direitos e Soberania», no qual – destaca a CIG no seu portal – mais de 30 delegações internacionais coincidiram na necessidade de acabar com a pobreza e a precariedade dos trabalhadores, bem como na da criação de um mundo multipolar em que sejam respeitados os direitos dos povos.

Na capital da Galiza, o secretário-geral da CIG, Paulo Carril, encerrou o evento apresentando as suas conclusões, que apelam à ruptura com a globalização neoliberal e à construção de um mundo assente na justiça, na solidariedade e na autodeterminação dos povos.

Na sua intervenção, o dirigente sindical galego recordou o contexto actual, marcado pelo belicismo e a apologia da guerra que a União Europeia (UE) promove, numa «obediência entusiástica» aos Estados Unidos e à NATO.

Denunciou o imperialismo norte-americano, que «usa a guerra para se manter na vanguarda de um mundo que caminha imparavelmente para um modelo multipolar». Apontando a guerra na Europa e o apoio do Ocidente ao genocídio do povo palestiniano por parte de Israel, declarou que, «do rio até ao mar, a Palestina vencerá».

No mesmo âmbito, Carril defendeu a necessidade de ultrapassar o eurocentrismo e a dependência dos EUA, apostando em relações multilaterais e louvando o papel dos BRICS como alternativa.

«São urgentes novas relações internacionais sem subordinações nem exploração, onde os povos e nações possam governar-se com total independência, respeitando o direito de autodeterminação, também dentro da UE e do Estado espanhol», afirmou. Algo que, no entender de Carril, se afigura essencial à construção de um mundo de justiça, solidariedade, cooperação, igualdade e paz.

Sindicalismo de classe deve apostar na luta e na mobilização

Sublinhando que os poderes públicos devem intervir para «garantir o direito a viver e trabalhar com dignidade em cada país», o secretário-geral da CIG reclamou políticas que combatam as desigualdades, sobretudo contra as mulheres, e que promovam a distribuição do trabalho e a criação de emprego.

Carril reafirmou ainda o papel do sindicalismo de classe como «instrumento de contrapoder» que deve apostar na luta e na mobilização para conquistar direitos, e, neste sentido, criticou a chamada concertação social como uma «mentira baseada na conciliação de classes» que encobre a agressividade do capital.

«Para a CIG é claro que o sindicalismo deve criar alianças com todas as lutas sociais para conquistar a soberania dos povos e construir sociedades democráticas, justas e igualitárias», enfatizou. No que respeita à Galiza, denunciou o aumento da precariedade, da pobreza laboral, da emigração e do seu papel colonial, fruto de um capitalismo que conduz a «uma tempestade perfeita de desemprego, desigualdade e desindustrialização».

«Precisamos de socialismo e de políticas públicas que reconheçam os direitos, não de caridade», declarou Carril, expressando o desejo de que o encontro se constitua como um passo em frente na construção de um mundo melhor, e reforce «a enorme força que representa o sindicalismo de classe e de contrapoder» participante no seminário.

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