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Rui Moreira tenta boicotar Marcha do Orgulho LGBTI+ do Porto

O executivo municipal (apoiado pela IL e PSD) recusa-se a atribuir financiamento e licença de utilização de espaço ao arraial da Marcha, embora tenha oferecido centenas de milhares de euros a festivais com fins lucrativos.

Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, do Movimento «Aqui Há Porto», acompanhado por Tiago Mayan, da Iniciativa Liberal, candidato à União de Freguesias Aldoar, Foz e Nevogilde, durante uma acção de campanha para as eleições autárquicas na marginal da Foz, no Porto, 18 de Setembro 2021 
CréditosEstela Silva / Agência Lusa

A Marcha do Orgulho LGBTI+ do Porto, que celebra o seu 18.º aniversário em 2023, é composta por 21 colectivos e associações da cidade que trabalham voluntariamente na luta contra a discriminação da comunidade LGBTQIA+. É esta iniciativa que o executivo independente de Rui Moreira na Câmara Municipal do Porto (CMP), apoiado pelo PSD e a Iniciativa Liberal, tem procurado boicotar.

Os vários pedidos de apoio que a Marcha endereçou à CMP foram sistematicamente rejeitados (em alguns dos casos meses depois do pedido, a poucos dias da realização do evento): a organização quer realizar um arraial popular e associativo no final da 18.ª Marcha do Orgulho LGBTI+ do Porto, com a leitura de discursos.

«O pedido financeiro foi negado após quase 3 meses de silêncio por parte do gabinete da presidência, alegando que o único apoio que dariam já estava a ser negociado com a Ágora - Cultura e Desporto do Porto» (empresa municipal), explica a Marcha, no texto da petição que está a dinamizar para entregar na CMP. Após a autarquia negar o acesso ao Largo Amor de Perdição, foi renegociado um novo local: a Alameda das Fontainhas.

Assegurado o novo espaço, o executivo de Rui Moreira logo tratou de inventar novo entrave: a 19 de Junho, quase 15 dias antes do desfile, a Marcha recebeu uma nova comunicação da Ágora a informar que, «após análise interna», não seria possível realizar o arraial nas Fontaínhas, propondo o Parque Municipal do Covelo como alternativa (a terceira).

A mais de 3km do centro da cidade do Porto, onde se planeava, inicialmente, realizar a Marcha, as constantes reorganizações do local configuram uma tentativa desesperada, por parte de Rui Moreira e dos grupúsculos reaccionários que orbitam o seu pequeno poder, de relegar a população LGBTI+ do Porto à «invisibilidade».

Também o apoio de 8 900 euros foi negado, na mesma reunião de executivo que decidiu, como boa política financeira, oferecer «cerca de 300 mil euros para a Comic Con Portugal», um evento de cultura Pop. Neste mesmo mandato, Rui Moreira e os partidos que o sustentam aprovaram um apoio financeiro de 600 mil euros ao festival Primavera Sound (o bilhete mais barato é de 120 euros).

«Queremos visibilidade e abrir o armário da cidade», reiteram os subscritores da petição da Marcha do Orgulho LGBTI+ do Porto, agendada para dia 8 de Julho, que tem como objectivo restituir a marcha ao centro da cidade. «Vamos erguer nossas vozes, marchar e celebrar com orgulho, demonstrando que o amor e a diversidade são forças revolucionárias».

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