|medidas contra a seca

Santiago do Cacém dinamiza campanha de poupança de água

A autarquia do Litoral Alentejano divulgou um guia de boas práticas, para a população, e anunciou um rol de medidas a aplicar pela câmara para fazer face à situação de seca que se faz sentir no concelho.

Santiago do Cacém 
Créditos / montevalepereiro

«Fechar a torneira enquanto escova os dentes»: 14 litros; «evitar o uso da mangueira para lavar o carro»: pode gastar até 500 litros; «usar a máquina da loiça na capacidade máxima»: pode poupar até 130 litros; «regar o jardim entre as 6h e as 8h da manhã ou após as 19h, para evitar o excesso de evaporação».

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População de Santiago do Cacém exige reabertura de extensões de saúde

São Bartolomeu da Serra, São Francisco da Serra e Deixa-o-Resto reivindicam a reabertura das extensões de saúde. População do concelho exige estar ligada por rede de transportes públicos. 

Santiago do Cacém
Créditos / CC BY-SA 3.0

São várias e transversais a outros concelhos do distrito de Setúbal as reivindicações apresentadas na reunião realizada esta quinta-feira entre a Comissão de Utentes dos Serviços Públicos do Concelho de Santiago do Cacém, eleitos das autarquias locais e profissionais de saúde, e da qual resultou a marcação de um protesto no dia 21 de Maio, junto à Câmara Municipal.

Num comunicado enviado às redacções, a Comissão de Utentes elenca as exigências manifestadas, nomeadamente a reabertura das extensões de saúde das freguesias de São Bartolomeu da Serra e São Francisco da Serra, e de Deixa-o-Resto, na freguesia de Vila Nova de Santo André. E critica o encerramento da Unidade de Convalescença «sem existir uma alternativa». 

Os utentes criticam a falta de 100 enfermeiros, entre outros profissionais, na Unidade Local de Saúde no Litoral Alentejano, e consideram «intolerável» que não exista uma política de incentivos para fixar trabalhadores naquele território, nomeadamente médicos, enfermeiros e técnicos de diagnóstico.

A realização de consultas e cirurgias no Hospital do Litoral Alentejano aos fins-de-semana e feriados é outra das propostas dos utentes com vista a reduzir os tempos máximos de resposta garantidos, a que se junta, entre outras, a existência de médico pediatra no serviço de urgência do hospital, disponível 24 horas.

Questões como o fim das taxas moderadoras e do processo de municipalização dos serviços públicos foram também colocadas como necessárias pelos autarcas, profissionais de saúde e utentes, que reclamam ainda uma rede de transportes públicos capaz de ligar todo o concelho de Santiago do Cacém, sem a obrigatoriedade de passar pela sede do mesmo. 

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Estas são algumas das boas práticas de conservação de água que a Câmara Municipal de Santiago do Cacém (CMSC) tem partilhado com a população nas suas redes sociais, durante este período de seca.

A acção decisiva no combate ao desperdício da água tem, no entanto, de ser assumida pelas entidades responsáveis. Foi nesse sentido que a CMSC se mobilizou para neutralizar todos os gastos indevidos e reduntantes de água naquelas que são as suas competências.

Neste contexto, a CMSC substituiu a rega manual por sistemas automatizados, com «soluções de telegestão que permitem controlar e monitorizar a rega de forma remota»; reduziu os tempos de rega, sempre que as temperaturas e condições climatéricas o permitem, optando por regas automáticas nos períodos nocturnos, e interrompeu a rega automática nos períodos de inverno, só sendo reactivados «quando se revelem essenciais para a sobrevivência das espécies».

No que toca aos edifícios sob a alçada da autarquia, foram instalados equipamentos mais eficientes (redutores de caudal em torneiras, chuveiros e autoclismos de descarga dupla) e «contadores que incorporem sistemas de telemetria, para controlo em tempo real das perdas de água».

A CMSC implementou, igualmente, um horário em jornada contínua durante o verão, para que os trabalhadores que operam na manutenção de espaços verdes possam efectuar as regas manuais nas horas de menor calor, evitando a evaporação de parte da água.

Seca em Santiago do Cacém começou ainda antes do Verão

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Antes que seja tarde

Alqueva - indispensável mudar de rumo

A situação dramática vivida no país e na região, como consequência da seca, impõe que Alqueva esteja ao serviço dos interesses do Alentejo e do país. Torna-se indispensável e chegou a hora de mudar de rumo e de orientação sobre Alqueva.

A barragem do Alqueva tem ajudado a colmatar a situação de seca
CréditosNuno Veiga / Agência Lusa

Em 17 de Fevereiro de 2018, realizou-se uma cerimónia em Beja, com a presença dos ministros da Agricultura e do Ambiente, tendo por objecto a assinatura de um protocolo, entre a Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva (EDIA) e empresas do grupo Águas de Portugal, que define uma colaboração entre estas empresas para a criação de condições para uma melhor ligação entre as infra-estruturas hidráulicas da região e para a melhoria do abastecimento de água às populações.

«Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades (...) o Partido Socialista, que em 2013 não subscrevia a necessidade de ligação entre Alqueva e o Monte da Rocha, faz por aparecer agora como o paladino da solução.»

Também em Fevereiro mas em 2013, mais precisamente no dia 15, a Assembleia da República rejeitava, com os votos contra do PSD e CDS e a abstenção do PS uma proposta do PCP para que se avaliasse a «possibilidade de ligação do sistema de Alqueva à Barragem do Monte da Rocha, como forma de alargar a garantia de abastecimento pública para consumo humano a outras comunidades do distrito de Beja, assim como para viabilização do seu perímetro de rega». A ligação Alqueva ao Monte da Rocha é uma das acções contempladas no protocolo que referimos, prevendo-se a sua concretização em 2021.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, assim escreveu o poeta e assim o demonstra a realidade. A mesma força política, o Partido Socialista, que em 2013 não subscrevia a necessidade de ligação entre Alqueva e o Monte da Rocha, faz por aparecer agora como o paladino da solução.

A história do empreendimento de fins múltiplos do Alqueva é, pois, a história de avanços e recuos, de lutas constantes das populações e das autarquias locais em sua defesa, e da atitude consequente e persistente do PCP para que o Alqueva se concretizasse e fossem aproveitadas todas as suas possibilidades.

A decisão de iniciar o Alqueva, vem na sequência das transformações de Abril, sendo depois o governo de Mário Soares que iniciou o processo de travagem das obras, concretizada pelo Governo de Iniciativa Presidencial de Nobre da Costa.

E foram sucessivos governos de PS, PSD e CDS que foram adiando o inevitável, até que por resultado da luta e das evidências da sua necessidade se avançou com as obras do empreendimento.

O presente e o futuro de Alqueva

Entendemos Alqueva, nas suas múltiplas dimensões, como um empreendimento de fins múltiplos, assumindo-se como uma reserva estratégica de água que, conforme o comprovou o actual período de seca e o comprovam as medidas que se pretendem tomar, cumpriu um importante papel de menorização dos efeitos adversos da falta de água.

A recente iniciativa que a Direcção Regional do Alentejo do PCP promoveu em Évora sob o tema «Seca – Consequências e Caminhos» evidenciou a utilidade da existência de uma rede de infra-estruturas hidráulicas na região que, numa lógica de complementaridade, permitam o armazenamento da água para que seja usada quando e onde for necessária.

Sendo importante esta função, como ficou claramente comprovado, Alqueva tem de ser muito mais do que isso. Tem de ser um empreendimento ao serviço do desenvolvimento da região e do País, sobretudo na vertente agrícola, incluindo também, como é óbvio, a vertente energética, devendo ser o abastecimento de água às populações a prioridade na utilização deste recurso.

O modelo de exploração que tem vindo a ser adoptado está invertido em relação ao necessário para que contribua efectivamente para o desenvolvimento da região, para a melhoria da capacidade produtiva da agricultura: enquanto instrumento de resposta à capacidade de se assegurar a soberania alimentar; enquanto elemento de valorização do trabalho, com a criação de empregos com direitos; enquanto forma de dinamizar a economia local, regional e nacional.

«Alqueva pode e deve dar um contributo essencial para uma política que sirva os interesses do Alentejo mas também do país, que sirva e promova a produção nacional mas que valorize o papel dos trabalhadores e o papel da agricultura familiar.»

A intensificação do uso da água e da terra, predominando os regimes de monocultura, assentes na exploração do trabalho precário e de baixos salários, apenas favorece o processo de acumulação capitalista na agricultura e o seu contributo para a centralização de capital, em que a terra não cumpre a sua função social.

A uma necessária e imprescindível Reserva Estratégica de Água, como deve ser o Alqueva, deve corresponder uma Reserva Estratégica de Terras que, assente na prioridade em produções agrícolas que diversifiquem a base económica, criem valor acrescentado, não adoptem uma lógica depredadora dos recursos naturais, favoreçam e dinamizem o relevante papel da agricultura familiar e reconheçam que sem trabalhadores agrícolas não pode haver agricultura.

A situação torna indispensável a elaboração de um Plano Estratégico de Desenvolvimento para a Zona de Influência de Alqueva, com o contributo das entidades da região, quer na sua elaboração quer na sua aplicação, como o PCP defende e propõe, pelo menos, desde 2002.

A situação dramática que se tem vivido no país e em parte da região, como consequência do actual período de seca, deve servir para que se tome consciência da necessária rotura com a política que tem vindo a ser seguida. Alqueva pode e deve dar um contributo essencial para uma política que sirva os interesses do Alentejo mas também do país, que sirva e promova a produção nacional mas que valorize o papel dos trabalhadores e o papel da agricultura familiar.

Para que não se reconheça demasiado tarde, o que agora se torna indispensável, chegou a hora de mudar de rumo e de orientação sobre Alqueva.

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Antes que seja tarde
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Muito embora a situação de seca tenha uma impacto significativo neste concelho do Litoral Alentejano, não é expectável que os seus habitantes tenham de vir a racionar a água de consumo, como já vem acontecendo em alguns ponto do país. No entanto, as localidades de São Domingos e São Francisco da Serra, em Santiago do Cacém, já estão a ser abastecidas de água, com camiões cisterna, há mais de dois meses.

A barragem de Campilhas, dedicada exclusivamente à agricultura, está, aos dias de hoje, na cota dos 3%: a mais baixa do país. Mesmo no Inverno, a cota máxima nunca ultrapassou os 13%, um valor irrisório.

Embora as populações não tenham sido particularmente afectadas no seu dia-a-dia, a seca atingiu severamente a produção no sector agrícola, deixando cerca de 2200 hectares de culturas de regadio (como o arroz, o milho e o tomate), por cultivar no concelho.

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