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|grandes grupos económicos

Sonae vai comprar uma nova empresa com a ajuda da banca

A precariedade e baixos salários são a regra na Sonae e isso tem comprovado ser lucrativo. O grupo económico gerido por Cláudia Azevedo conta já com 116 «marcas» e, após nova emissão de obrigações, prepara-se agora para comprar uma empresa finlandesa. 

A 18 de Janeiro de 2023, Cláudia Azevedo, CEO da Sonae, participou no Fórum Económico Mundial, em Davos, onde defendeu que «as empresas precisam de ter um propósito e viver os seus valores de forma autêntica». Um dos valores fundamentais para a empresa gerida pela CEO é o aproveitamento das circunstâncias para aumentar abusivamente os preços e os lucros sem aumentar os salários. 
Créditos / Sonae

É preciso estar atento às movimentações da Sonae para entender que não é só da grande distribuição que vêm os seus lucros. A título de exemplo, no passado mês de Novembro de 2023, a Sonae vendeu 50% da Universo ao Bankinter por 42 milhões, sendo que essa parte, meses antes, estava avaliada em 19 milhões de euros.

Nem passados uns meses dessa operação, Sonae investiu 110 milhões na compra de empresas de comidas saudáveis no Reino Unido, Alemanha, Itália e França, criando assim a Sparkfood.

Nesta lógica de fusão com o capital financeiro e de expansão para fora de portas, a Sonae emitiu hoje obrigações para financiar a compra da Musti Group, uma empresa finlandesa líder no retalho de produtos para animais de estimação nos países nórdicos.

Segundo o comunicado enviado pela Sonae à CMVM, «as instituições financeiras intervenientes na emissão acima identificada foram o Banco BPI,CaixaBank, e Banco Santander Totta, na qualidade de ‘Global and Sustainability Coordinators, Underwriters, Bookrunners, Mandated Lead Arrangers and Original Bondholders’, assim como a Caixa Geral de Depósitos e o Banco Comercial Português, na qualidade de ‘Mandated Lead Arrangers’».

A intervenção da banca, retirando proveitos desta operação, tem o objectivo de ganhar liquidez e transformar dinheiro especulativo em dinheiro real. Recorde-se que este tipo de operações representa a dívida de uma empresa (a «emitente») em relação a terceiros (credores do emitente, designados por «obrigacionistas»). 

Os obrigacionistas, ao subscreverem obrigações junto do emitente, entregam-lhe fundos, devendo esses fundos ser-lhes posteriormente reembolsados, podendo ter direito, para além do reembolso dos fundos, a um prémio ou um rendimento periódico (o juro).

A Sonae tinha já procedido à emissão de obrigações, em 27 de Fevereiro e a 1 de Março, no valor de, respetivamente, 275 milhões de euros e de 125 milhões de euros, perfazendo um total de 400 milhões de euros. As emissões, segundo o grupo administrado por Cláudia Azevedo, foram efetuadas ao abrigo de um acordo de financiamento até ao montante máximo 600 milhões de euros para a compra da Musti.

Os avanços da Sonae, num processo de expansão, são claros. Fica evidente que a lógica da precariedade e baixos salários são a pedra angular para a continuação do rumo traçado, assim como para a atração do interesse de capital financeiro, o que sustenta a constatação de dois sectores que só ganham com a inflação.
 

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