A lei que permitiu a suspensão das rendas às pequenas lojas nos centros comerciais foi criticada, esta quinta-feira, pela presidente executiva do grupo, Cláudia Azevedo, que afirmou que terão sido causados danos de milhões à economia portuguesa, em cálculos feitos pelo próprio grupo.
Para sustentar a sua posição, Cláudia Azevedo explica que, «em Portugal, os dois maiores players de centros comerciais são duas empresas portuguesas e a maior parte das insígnias que estão nos shoppings (mais de 80%) são de grupos internacionais», advogando que aquela medida se traduziu numa discriminação.
Recorde-se que a proposta do PCP para reduzir o valor das rendas pagas pelos lojistas dos centro comerciais até 31 de Dezembro de 2020 foi aprovada no Parlamento sem votos contra (apenas com a abstenção do PS e do PAN), no âmbito do Orçamento Suplementar. Com esta medida, as lojas puderam deixar de pagar a renda mínima, passando a pagar apenas a parte variável, que é calculada em função das vendas.
Não deixa de ser relevante a Sonae relembrar esta preocupação, na semana em que o grupo anuncia uma quebra de lucro na ordem dos 57,2% no ano passado, face a 2019, mas que, ainda assim, perfaz um total de 71 milhões de euros em dividendos.
Aliás, a própria empresa conclui que este é um resultado «positivo» tendo em conta os efeitos da pandemia, o que levou o conselho de administração a decidir que vai propor à assembleia-geral de accionistas o pagamento de dividendos com um aumento de 5% por acção face ao ano anterior.
Não obstante, as perdas para a economia resultantes de prática de baixos salários parece não estar no centro das inquietações do grupo que, mesmo registando milhões de lucros em ano de pandemia, «continua a remeter para a associação patronal a negociação dos salários» e a defender que, aumentos salariais em 2021, dependeriam de «avaliações», como denunciou o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços (CESP/CGTP-IN) no fim do ano passado.
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