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Ryanair: a necessária indignação

O que a Ryanair está a fazer é aquilo que todos os capitalistas tentam fazer face a uma crise: aproveitá-la para arrasar a concorrência. Neste modo de produção capitalista é assim.

CEO da Ryanair, Michael O'Leary
CEO da Ryanair, Michael O'LearyCréditosChema Moya / EPA

Indignemos-nos. Com o patrão da Ryanair e o conteúdo das suas declarações, mas sobretudo com a subserviência da Comunicação Social, da maioria dos comentadeiros e de muitos decisores políticos, perante o patrão da Ryanair.

De cada vez que o patrão da Ryanair apresenta uma reivindicação pública, a Comunicação Social Dominada corre a espalhar o seu veneno, quase sempre acriticamente, quase sempre ao mesmo tempo que silencia as posições de quem não se submete aos interesses do patrão da Ryanair.

O homem já exigiu que se alargasse a Portela e se construísse um aeroporto de apoio à Portela, no Montijo. Aliás, esse foi o mote da sua penúltima actuação, apesar dos títulos de jornais destacarem um pretenso (e falso) mega investimento da Ryanair em Portugal.

Já exigiu que a TAP não recebesse apoios públicos, apesar de ser uma empresa pública. A lógica é cristalina: o dinheiro público deve ser gasto no financiamento dos privados e nunca no financiamento do que é público. Cristalina para os privados, claro.

«O modelo que a gestão privada (não esquecer esta parte) da TAP ergueu entre 2015 e 2019 assentava demasiado na importância do hub, e desvalorizava as componentes mais estratégicas da TAP para o país»

Agora exige que a TAP lhe entregue as posições (slots) que detém no Aeroporto de Lisboa. É evidente que a operação da TAP não está ainda nos mesmos níveis que a da Ryanair, e isso por uma razão muito simples: a mais-valia do hub da TAP assenta muito (é discutível se demasiado) no Brasil, e, embora menos, nos EUA, e ambos os destinos/origens se encontram com fortes restrições. Para retomar a operação sensivelmente nos moldes de 2019, a TAP necessita forçosamente dessas posições, apesar de conjunturalmente não poder utilizar algumas delas. Os cortes a que o Governo português se submeteu tão pouco ajudaram neste processo, antes pelo contrário.

O que a Ryanair está a fazer é aquilo que todos os capitalistas tentam fazer face a uma crise: aproveitá-la para arrasar a concorrência. Neste modo de produção capitalista é assim.

Infelizmente, o Governo português tem-se submetido às multinacionais (e à União Europeia), apesar de algumas bravatas do ministro das Infraestruturas, preocupado em construir uma imagem de esquerda para si próprio. Começou por submeter-se quando colocou a TAP em processo de reestruturação, quando o que se exigia era um plano de contingência que ajudasse o sector a manter a capacidade produtiva intacta para a inevitável retoma. Submeteu-se quando aceitou que a reestruturação assentasse numa redução da empresa e da sua capacidade operacional. Submeteu-se quando aceitou as ordens das multinacionais para esquecer o novo aeroporto em Alcochete e permitir o alargamento da Portela complementado pelo Montijo. Submeteu-se quando não nacionalizou a SPDH/Groundforce. Submete-se quando aceita que a UE mantenha uma pressão constante sobre a TAP, o que acaba por ter um efeito naturalmente desestabilizador.

Para agravar, o Governo português fez da destruição de emprego e da redução de salários o alfa e o ómega da «reestruturação». E lançou a TAP (e a SPDH/Groundforce) na desestabilização. No fundo, apesar de toda a propaganda, acredita que a salvação da economia nacional reside nos baixos salários. Quando o que era essencial era ter preparado a retoma da operação, nela incluindo a possibilidade – concretizada – das limitações de voo para o Brasil e a redução brutal da procura se prolongar mais do que no interior da União Europeia.

O modelo que a gestão privada (não esquecer esta parte) da TAP ergueu entre 2015 e 2019 assentava demasiado na importância do hub, e desvalorizava as componentes mais estratégicas da TAP para o país: ligação às ilhas atlânticas, às comunidades emigrantes, a potenciais origens e destinos de turismo, aos PALOP, etc.

Um erro que é comum à maioria das políticas económicas desenvolvidas em Portugal desde 1976, e particularmente desde a adesão à União Europeia. Não partem das necessidades e potencialidades nacionais, não assumem uma visão integrada e soberana do desenvolvimento nacional.

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