Já se esperava, mas é sempre importante confirmar. Estava em causa deixar a AD aprovar o seu Programa de Governo, um documento cujas opções recaem na destruição das funções sociais do Estado, pelo favorecimento do grande capital e pela intensificação das políticas de empobrecimento.
A avaliação era clara. Ponto a ponto, o Programa de Governo tem como objectivo retornar ao projecto dos tempos da troika, algo que a direita não nega. O PS sabendo disso, enquanto simultaneamente arroga para si o título de líder da oposição, com todo o verbalismo à altura do mesmo, disse garantir as condições para PSD/CDS-PP poderem governar.
O demissionismo do PS ficou patente no discurso de Pedro Nuno Santos que, mais uma vez, tentou apelar à convergência com o Governo em matérias sobre as quais podia ter legislado enquanto Governo, mas nunca quis.
Estavam duas moções de rejeição colocadas à votação. A primeira do PCP que logo após as eleições colocou que iria usar todos os instrumentos ao seu alcance para dar corpo ao combate à direita e aos projectos reaccionários, e do Bloco de Esquerda que após estar reticente sobre a moção do PCP, a bem da unidade, apresentou uma própria.
Ambas as moções foram chumbadas, mas de forma diferente. A moção de rejeição do PCP foi chumbada com votos contra do PSD, Chega, IL, CDS e PAN e a abstenção do PS. Já a moção de rejeição do Bloco de Esquerda foi chumbada com votos contra das bancadas do PSD, Chega, IL e CDS e abstenções do PS e PAN.
Nas declarações de voto seguintes, a lider da bancada parlamentar do PCP, Paula Santos, disse que «ficou claro quem apoia e se associa ao retrocesso e ao regresso do tempo da troika de má memória e quem se lhe opõe» e que «por mais que falem com voz grossa, no momento da verdade, lá estão a dar a mão a estas opções».
Já Mariana Mortágua, apontou também críticas ao PS pelo que considera ser «jogos de sombra, braços de ferro e subtilezas artificiais». A mesma acrescenta que «foi uma opção errada e que levou o PS a afastar-se da esquerda desde 2022».
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