Em 2011, o PS de António José Seguro viabilizou o Orçamento de Estado (OE) do governo de Passos Coelho, abstendo-se na votação. À época, a abstenção foi pomposamente anunciada como uma «abstenção violenta».
Agora, em 2025, José Luís Carneiro anuncia a viabilização do OE do Governo de Luís Montenegro através da abstenção, mas não é uma abstenção qualquer, trata-se de uma «abstenção exigente».
A adjectivação é diferente, mas o objectivo é o mesmo: mascarar a abstenção, viabilizar a política da direita e procurar enganar o «pagode».
Em 2011, o PS permitiu ao governo PSD/CDS, de Passos Coelho e Portas, concretizar as suas políticas de fragilização da actividade produtiva, de ataque às funções sociais do Estado, de destruição e privatização de empresas estratégicas e de favorecimento da especulação financeira, entre outras malfeitorias.
«A tentativa dos socialistas de apresentar a proposta de OE para 2026 como se de um documento técnico se tratasse, não passa de uma encenação para garantir a sua aprovação, facilitando a vida ao CH que, apesar de concordar com o OE, vai deixar o ónus da sua aprovação para o PS»
Em 2925, com a sua abstenção, o PS prepara-se para viabilizar um OE de baixos salários e pensões, de contenção do investimento, de injustiça fiscal, de ataque aos serviços públicos e de financiamento dos lucros do grande capital, que será contemplado com 1800 milhões de benefícios fiscais. Aliás, o ex-ministro das Finanças do PS, Fernando Medina, explicou detalhadamente no canal NOW a proposta de OE deste Governo, chamando a atenção, entre outros aspectos, para o aumento de impostos das famílias, através da actualização dos escalões de IRS, e para o aumento do ISP e, consequentemente, o aumento do preço dos combustíveis, para além do regresso à política do chamado «corte das gorduras do Estado», de má memória.
Na noite das eleições e nos dias seguintes, a propósito do resultado eleitoral do PS, por comparação com o desastre das legislativas, o secretário-geral e outros dirigentes socialistas afirmaram que o PS «está de volta». Não, o PS não está de volta, pelo contrário, está onde tem estado, na viabilização das políticas de exploração, de injustiças e de retrocesso social.
A tentativa dos socialistas de apresentar a proposta de OE para 2026 como se de um documento técnico se tratasse, não passa de uma encenação para garantir a sua aprovação, facilitando a vida ao CH que, apesar de concordar com o OE, vai deixar o ónus da sua aprovação para o PS.
Seja «violenta» ou «exigente», o que importa é que se trata, nos dois casos, de uma abstenção que viabiliza as políticas do PSD/CDS. Isto é, como diz o povo, mudam-se as moscas, mas a...
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