Rejeitando, quando se assinalam os 50 anos do 25 de Abril, tanto recuos como retrocessos, o Movimento Democrático de Mulheres (MDM) continua a erguer uma bandeira de reivindicações, como justiça e inclusão social, desenvolvimento, trabalho, igualdade e paz. Exigências que saíram hoje, 23 de Março, à rua, no âmbito da manifestação nacional convocada pelo MDM, acção de luta que encerra as comemorações deste ano do Dia Internacional da Mulher.
Com o mote «Vamos celebrar Março e comemorar Abril», milhares de activistas partiram às 15h do Rossio, em Lisboa, seguindo depois para o Largo do Carmo, espaço emblemático da Revolução dos Cravos, onde actuaram Celina da Piedade, o movimento Baque Mulher Lisboa e Mondeguinas, a tuna feminina da Universidade de Coimbra. A manifestação acabou com a entoação da Grândola, Vila Morena.
O MDM sublinha que a nova correlação de forças saída das eleições de 10 de Março apresenta novos desafios, obrigando a uma maior participação das mulheres em defesa dos direitos conquistados com a Revolução de Abril, que foi também uma revolução na vida das mulheres.
«Não perder direitos ou voltar atrás» é a premissa do movimento que, embora reconhecendo o muito que se avançou nos direitos das mulheres em termos legais, critica o facto de a igualdade tardar na vida e no trabalho, e os retrocessos criados por políticas que, alegando a igualdade, a impedem na prática.
Em Portugal e no mundo, as mulheres são as mais impactadas pelas desigualdades. Apresentam um risco maior de pobreza relativamente aos homens, engrossando igualmente o número de vítimas da precariedade, que constitui a principal causa do desemprego. Um estudo da Comissão para a Igualdade entre Homens e Mulheres da CGTP-IN, divulgado no início deste mês, revelava que a precariedade laboral é mais elevada entre as mulheres de todos os grupos etários, assumindo maiores proporções entre as mais jovens. Com salários mais baixos, o estudo concluía que as mulheres não recuperaram ainda o poder de compra perdido desde 2022.
A desregulação dos horários de trabalho é outro flagelo na vida das mulheres. Mais de 737 mil trabalham ao sábado, cerca de 484 mil ao domingo, perto 409 mil ao serão, 320 mil por turnos e 157 mil à noite, dificultando assim a conciliação da vida familiar e pessoal com o trabalho.
O MDM defende o fim de todo o tipo de violências contra as mulheres e reclama direitos como saúde, habitação, transportes e uma rede pública de creches.
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