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Marinha testa equipamentos «manchados com sangue de Gaza», critica MPPM

O Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) denuncia que a Marinha Portuguesa está a testar um submarino desenvolvido por uma subsidiária da Israel Aerospace Industries.

Créditos / SANA

Segundo informação avançada pelo Intelligence Online, citada pelo Movimento, a Marinha Portuguesa está a testar o veículo submarino não tripulado BlueWhale, desenvolvido conjuntamente pela ELTA Systems, subsidiária da Israel Aerospace Industries (IAI), e pela Atlas Elektronik, subsidiária da empresa alemã Thyssenkrupp Marine Systems. 

Apresentado em Maio de 2023, o BlueWhale pode, segundo a imprensa especializada, servir para missões de informações, vigilância e reconhecimento; medidas de apoio à guerra electrónica; contramedidas anti-minas; guerra antisubmarina; detecção de pirataria, terrorismo e imigração ilegal. Em Setembro passado, recorda o MPPM numa nota à imprensa, este veículo participou no exercício Dynamic Messenger da NATO, que decorreu ao largo de Tróia (Setúbal).

A Israel Aerospace Industries (IAI) é um grande fabricante estatal israelita de armamento que produz múltiplos sistemas de armas especificamente para as forças armadas israelitas, «incluindo o "drone" assassino Heron TP», que a IAI «alega ter desempenhado um "papel fulcral" no ataque a Gaza», lê-se na nota. A IAI garante, inclusivamente, que os seus equipamentos «são "testados no terreno", ou seja, contra os palestinos nos Territórios Palestinos Ocupados», frisa o MPPM.

Para o Movimento, qualquer negócio com empresas que suportam o ataque genocida contra o povo palestiniano da Faixa de Gaza «constitui um apoio indirecto à prática de um crime contra a humanidade». Neste sentido, insta o Governo português a abster-se de qualquer acto nesse domínio, designadamente não adquirindo este veículo ao consórcio Israel Aerospace Industries e Thyssen Krupp Maritime Systems, «atitude já assumida, por exemplo, pelo governo italiano». 

A IAI tem beneficiado de fundos da União Europeia (UE) para financiamento de programas de investigação e desenvolvimento, «tendo sido denunciado o risco de utilização indevida dos resultados da investigação desenvolvida nos projectos financiados pela UE para fins militares ou outros, em violação dos direitos humanos e do direito internacional».

Já a multinacional alemã ThyssenKrupp AG, através da divisão de sistemas marítimos, ThyssenKrupp Marine Systems (TKMS), tem fornecido navios de guerra e submarinos à Marinha israelita desde a década de 1990.

«Segundo o Who Profits Research Center, em Junho de 2021, a TKMS forneceu à Marinha israelita quatro corvetas Sa'ar 6 num negócio financiado em um terço pelo governo alemão», adianta o MPPM. «Equipados com uma vasta gama de armamento e sistemas de combate, incluindo mísseis antiaéreos e antinavio e metralhadoras», estes navios foram usados no ataque a Gaza entre Outubro e Dezembro de 2023.

Desde o passado dia 7 de Outubro que as forças armadas israelitas têm estado envolvidas num ataque impune e sem precedentes contra a população palestiniana da Faixa de Gaza. Dados desta terça-feira dão conta de 34 535 mortos e cerca de 78 mil feridos. 

No passado mês de Janeiro, deliberando num processo contra Israel interposto pela África do Sul, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), principal órgão judicial das Nações Unidas, considerou que «o direito dos palestinos de Gaza a serem protegidos contra actos de genocídio e actos proibidos conexos» justificava a aplicação de medidas restritivas provisórias que foram então decretadas. Em 28 de Março, o TIJ considerou ser necessário decretar medidas adicionais. No início de Abril, também a Colômbia interveio no processo interposto pela África do Sul contra Israel, tendo requerido ao Tribunal Internacional de Justiça que interviesse contra o país agressor. 

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