Ao longo da campanha eleitoral, o Governo foi acusado de funcionar como uma agência de comunicação e os mais recentes indicadores parecem confirmá-lo. O Executivo de Luís Montenegro está a vender um crescimento económico acima de 2% e um saldo orçamental positivo, mas as principais instituições não acompanham as previsões da AD.
Relativamente ao PIB, o Governo prevê um crescimento de 2,4%. Neste campo, o Conselho de Finanças Públicas (CFP) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) até se aproximam das previsões, com 2% de crescimento previsto, sendo que o Banco de Portugal estima apenas 1,6%.
Enquanto o Governo tem como última previsão publicada um crescimento de 2,4%, entre as outras cinco entidades apenas duas apontam ainda para valores iguais ou superiores a 2% — o CFP e o FMI — ao passo que as outras três antecipam variações do PIB inferiores a 2%, com a projecção mais baixa a ser de 1,6%, realizada na sexta-feira pelo Banco de Portugal (BdP). Importa salientar que esta última instituição foi a última a fazer a sua previsão e, como tal, quanto mais recentes são as previsões, maior é a probabilidade de o valor da variação do PIB apresentado ser mais baixo.
Veja-se que os 2,2% do CFP e os 2% do PIB foram previstos em Abril, o Governo fez a sua última previsão em a 1 de Maio no Plano Orçamental-Estrutural Nacional de Médio Prazo entregue em Bruxelas, já as restantes previsões da Comissão Europeia e Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) abaixo de 2% foram realizadas entre Maio e Junho.
A grande diferença parece estar nas previsões do défice, o que poderia não ser dramático se não reinasse na União Europeia o dogmatismo das contas certas. A Comissão Europeia, como o Banco de Portugal, o CFP e a OCDE apontam agora para saldos orçamentais menos favoráveis do que a meta de um excedente de 0,3% em 2025 e estimam que, em 2026, Portugal irá regressar a uma situação de défice nas contas públicas.
Este elemento, associado a um contexto internacional de incerteza e a um isolamento cada vez maior da União Europeia, dada a falta de vontade dos Estado Unidos em manter uma colaboração comercial estável, pode colocar sérias dificuldades a Portugal, uma vez que se encontra fortemente dependente do exterior.
Para já, mesmo contra todas as previsões, o Governo diz manter-se optimista. O ministro das Finanças, numa entrevista à RTP, reiterou o objectivo de, em 2026, voltar a registar um excedente, que o Governo actualmente estima em 0,1% do PIB.
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