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|Câmara Municipal do Porto

Rui Moreira pediu indemnização sobre terreno que será da autarquia

Uma investigação realizada pelo jornal «Público» revela que uma parcela de 1621 metros quadrados dos 2400 que a empresa de Rui Moreira adquiriu em 2001 pertence afinal à Câmara do Porto. A informação terá ficado em segredo desde Dezembro passado.  

O documento que esteve seis meses sujeito a circulação reservada põe em causa a legitimidade dos interesses da empresa de Rui Moreira
O documento que esteve seis meses sujeito a circulação reservada põe em causa a legitimidade dos interesses da empresa de Rui MoreiraCréditosJosé Coelho / Agência Lusa

O Público revela que um técnico superior da autarquia estudou os direitos de propriedade dos terrenos onde a Selminho, empresa da família do presidente da Câmara da Invicta, quer construir o empreendimento Calçada da Arrábida e chegou à conclusão que uma parcela de 1621 metros quadrados que integra a área apresentada para construção é, afinal, municipal.

Na peça publicada hoje acrescenta-se que durante os seis meses que passaram desde a produção deste documento, a Câmara do Porto manteve reservada ao gabinete da Presidência e aos serviços jurídicos a informação que põe em causa a legitimidade da pretensão da Selminho. A autarquia já contestou esta informação em comunicado e informa que vai entregar no Ministério Público uma queixa-crime contra o jornal. 

O documento data de 16 de Dezembro e, revela o Público, «deixa claro que a análise dos registos prediais existentes não admite a atribuição de direitos de construção à Selminho. Porque, na sua conclusão, esses terrenos são do domínio público»

Contactado pelo diário, Manuel Correia Fernandes, que assumiu a pasta do Urbanismo até esta terça-feira, disse desconhecer a existência do documento. Rui Moreira terá remetido todas as respostas para o departamento jurídico da autarquia e os advogados justificaram que «o pré-anúncio de acções judiciais é contraproducente aos interesses jurídicos do município, razão pela qual este tipo de informaçõesdeve ser tornado público após a sua efectivação».

Denuncia-se ainda o facto de esta informação não ter sido incluída no dossier sobre o diferendo entre a Selminho e a Câmara do Porto, que a autarquia abriu à consulta dos vereadores e restantes eleitos municipais. Recorde-se que notícias divulgadas em Julho do ano passado revelaram que a própria transacção judicial subscrita pelo município e pela empresa Selminho, relativa a um terreno situado na escarpa da Arrábida, nunca tinha sido levada a reunião de Câmara. 

De acordo com o Público, a informação dos serviços «sugere a possibilidade de a autarquia pedir a nulidade de todos os actos administrativos que conduziram estes terrenos à posse da Selminho. Principalmente a da escritura por usucapião que serviu de base ao registo dos terrenos em nome de particulares». Mas não terá sido essa a opção do município.

A fim de esclarecer a «existência ou inexistência de direitos de propriedade conflituantes sobre o mesmo imóvel», a Câmara do Porto terá pedido um parecer externo, que ficou concluído em Fevereiro, no qual se recomendava que a autarquia intentasse no tribunal uma acção de simples apreciação para «dirimir o conflito entre direitos de propriedade exclusivos». Segundo o jornal, a Câmara terá aceitado este parecer. 

Especialistas contactados pelo Público são peremptórios. «Os bens do domínio público nunca podem ser adquiridos por uso usucapião. Tratando-se de um terreno do domínio público, não pode, em circunstância nenhuma. É um bem que está fora do comércio jurídico», frisa o antigo professor da Faculdade de Direito de Coimbra, Marques Carvalho.

Indemnização para compensar expectativas goradas

Em causa está a construção num terreno adquirido em 2001 pela empresa participada por Rui Moreira. A Selminho defende que o local dispunha de capacidade construtiva mas a Câmara do Porto, durante a presidência de Rui Rio, classificou-o como rústico e sem capacidade para nele se construir pelo facto de integrar uma zona de protecção natural.

A empresa persistiu no objectivo e, em 2012, pediu a reclassificação do local, que haveria de ser novamente rejeitada pela Direcção Municipal do Urbanismo e Planeamento. Mantendo-se a impossibilidade, a Selminho colocou a Câmara do Porto em tribunal e reclamou uma indemnização para compensar as expectativas goradas. 

Rui Moreira tomou posse do novo executivo em Dezembro de 2013 e, em Julho do ano seguinte, foi homologado o acordo entre a autarquia e a empresa participada pelo presidente.

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