Por enquanto é pouco aquilo que se sabe do acordo que viabilizará o executivo de Rui Moreira, actual presidente da Câmara Municipal do Porto (CMP). O PSD compromete-se a fazer aprovar o orçamento de 2022, a discutir os orçamentos dos anos seguintes e ficará com a presidência da Assembleia Municipal do Porto. Rui Moreira descarta Miguel Pereira Leite, das suas listas, apoiando agora o social-democrata Sebastião Feyo de Azevedo.
A mensagem é clara. O CDS-PP já não é o parceiro preferencial do presidente da CMP, relegado agora para segundo (ou terceiro) plano, preterido por um PSD que há poucos meses punha em causa a sua elegibilidade, pelo seu envolvimento no caso Selminho, denunciado no anterior mandato pelos eleitos da CDU.
É um volte-face nas perspectivas que os sociais-democratas tinham do mandato, e da pessoa, de Rui Moreira, que destruiu, segundo Rui Rio, «tudo o que de bom foi feito», que «não tem força para se impor» e que «não é uma pessoa confiável». Rui Moreira poderia mesmo tornar-se no primeiro presidente da CMP a ser «retirado pelo tribunal a meio do mandato» e a não poder «sair pela porta da frente».
Em comunicado enviado ao AbrilAbril, a CDU/Cidade do Porto considera que este acordo demonstra «a completa incoerência do PSD», ao mesmo nível da disponibilidade que Rui Moreira demonstrou para, sem hesitações, e mais uma vez, «fazer cair, desamparados, os seus apoiantes», quando assim lhe convém.
A CDU/Cidade do Porto, que nas últimas eleições autárquicas voltou a eleger Ilda Figueiredo, não tem dúvidas de que este acordo «não é positivo para a cidade e a sua população, permitindo a Rui Moreira manter as caraterísticas mais negativas da sua governação, tão criticada pelo PSD» e que só servirá para «acentuar as divisões no interior do movimento de Rui Moreira e do PSD, cujas consequências se constatarão mais cedo ou mais tarde».