Embora as obras de requalificação do IP3, que liga Vila Verde da Raia, em Chaves, à Figueira da Foz, estejam basicamente paradas à anos, os milhares de utentes que têm de utilizar uma das estradas mais perigosas do país podem sempre contar com renovadas «cerimónias de croquetes e propaganda».
A 2 de Julho de 2018, o primeiro-ministro António Costa anunciou, em Penacova, o lançamento da empreitada da 1.ª fase de requalificação do IP3 e o lançamento do projeto da 2.ª fase que previa a duplicação/requalificação de Fornos/Souselas (IC2) ao nó de Viseu (A25). Este investimento de 134 milhões de euros devia estar terminada em 2022, passados quatro anos, apenas 10% está concretizado.
Em comunicado conjunto, a Federação Nacional dos Professores (Fenprof/CGTP-IN) e a Associação de Utentes e Sobreviventes do IP3 recordam que, de acordo com o primeiro-ministro, a dimensão do investimento na obra «obrigava o Governo a optar entre a requalificação do IP3 e a recomposição da carreira docente».
No entanto, os professores, muitos dos quais precisam deste troço rodoviário para exercer a sua profissão, alertam que «a não realização das obras não se deve a qualquer investimento do governo na sua profissão, cuja carreira se mantém com um corte de tempo de serviço entre os seis anos e meio e os dez e consequentes perdas salariais anuais de vários milhares de euros per capita». Ficaram as obras por fazer e a carreira dos profissionais deste sector por valorizar.
A Fenprof reafirma a necessidade de «recompor uma carreira e um estatuto remuneratório que em menos de duas décadas se desvalorizou cerca de 30%, sendo uma das principais causas da situação, hoje bem conhecida, de falta de muitos professores nas escolas».
Contra-inaugurar uma obra à muito prometida e anunciada
Assinalando o 4.º aniversário dos «célebres anúncios», os utentes e professores vão promover uma acção de denúncia e protesto, no próximo dia 2 de Julho.
A contra-inauguração terá início às 11h, na Espinheira: «para além das velas de aniversário, contará com o contra-discurso do senhor contra-primeiro-ministro, os esclarecimentos de representantes das organizações promotoras do evento e o inevitável cortar de fita, para além da envolvente realização de outros actos normalmente associados a este tipo de cerimónias».
Contra-inaugurada a obra, seguir-se-á a visita a um IP3 em que nada aconteceu nos últimos quatro anos, especialmente no troço Espinheira-Souselas. A caravana automóvel vai circular a uma «velocidade que permita apreciar devidamente aquilo que foi feito – com destaque para a instalação do novo radar no início da descida do Botão».
«Poderão ocorrer, no decurso da marcha, algumas buzinadelas de utentes que decidam manifestar o seu contra-contentamento, quiçá, contra-agradecimento pelo que forem observando», alertam os organizadores.
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