A futura Linha de Metro Ligeiro de Superfície, em preparação de lançamento de empreitada nos municípios de Loures e Odivelas (Linha Violeta) e os impactos da chamada Linha Circular na mobilidade entre os concelhos de Loures, Odivelas e de Lisboa motivaram o pedido de reunião urgente com o ministro do Ambiente e da Acção Climática, Duarte Cordeiro.
No primeiro caso, os eleitos da coligação PCP-PEV (CDU) recordam o protocolo de cooperação assinado em 15 de Janeiro de 2021, entre o Metropolitano de Lisboa e as câmaras de Loures e de Odivelas para o desenvolvimento do Metro Ligeiro de Superfície.
O presidente da Câmara de Odivelas juntou-se à iniciativa «Loures – Aqui tem de haver Metro», defendendo a necessidade de o Governo inscrever a expansão do Metro no próximo quadro comunitário. À margem da iniciativa «Loures – Aqui tem de haver Metro», que juntou dezenas de representantes do tecido empresarial, educativo e social da região, o presidente da Câmara de Loures, Bernardino Soares, afirmou à Lusa que «é uma opção inadiável inscrever no próximo fundo do quadro comunitário». Caso contrário, disse, «podemos estar a adiar mais de uma década esta opção», realçando que inscrever a proposta é «garantir que se vai realizar». Também o presidente da Câmara de Odivelas, Hugo Martins (PS), frisou a importância desta medida para que as populações sejam bem servidas de transportes públicos. «Trata-se de uma justa reivindicação, há muito tempo desejada para os munícipes do concelho de Odivelas, que recebe hoje, com a estação do Senhor Roubado e Odivelas, cidadãos oriundos do concelho de Loures, Mafra e Sobral», aclarou Hugo Martins, apesar de, no Parlamento, o seu partido ter vindo a exercer um travão à expansão do Metro para Loures. Depois de, na anterior legislatura, o PS ter ficado isolado na Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas, tendo sido o único partido a abster-se no estudo da expansão prioritária do Metro para Loures e na suspensão da linha circular, na votação do Orçamento do Estado para 2020 votou contra a proposta do PCP, que defende que seja dada prioridade à extensão da rede metropolitana até Loures, bem como para Alcântara e zona ocidental de Lisboa. «Tenho a certeza que esta será uma prioridade do próximo quadro comunitário, estou empenhado com a Câmara de Loures e com este movimento em levar a bom porto estes objectivos e estou certo que este é um investimento que trará qualidade de vida à área Norte de Lisboa», frisou Hugo Martins, salientando que a extensão do Metro para Loures também beneficiará o Município de Odivelas. A iniciativa «Loures – Aqui tem de haver Metro» juntou dezenas de empresários, antigos eleitos e agentes associativos, que seguiram depois para a residência oficial do primeiro-ministro, em Lisboa, a fim de entregar uma carta com a resenha do processo de intenção da expansão do Metro a Loures, a par das vantagens para o concelho e para a população. Segundo Bernardino Soares, a chegada do Metro a Loures iria reduzir «as 400 toneladas de emissões diárias de dióxido de carbono». «E nada como [fazer] chegar esse apelo a António Costa, que, em 1993, em campanha eleitoral, via o que as populações passavam para chegar a Lisboa», acrescentou, referindo-se ao ano em que o primeiro-ministro se candidatou pelo PS à Câmara de Loures. Também o presidente da Associação Empresarial de Comércio e Serviços dos Concelhos de Loures e Odivelas, Alcindo Almeida, afirmou à Lusa a pretensão dos seus associados em terem o Metro na região, considerando tratar-se de «uma mais-valia para todo o comércio e indústria» daquele território. «Os nossos associados querem o Metro, já que traz pessoas e movimento à nossa terra, além do desenvolvimento. Há oito anos que foi prometido, temos esperança e esta não será a última tentativa», frisou. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Local|
Loures e Odivelas querem expansão do Metro no novo quadro comunitário
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Com o objectivo de articular as ligações a Lisboa dos dois concelhos através da estação do metro de Odivelas, o prazo global do projecto de execução era de 16 meses, com possibilidade de prorrogação. «A gestão CDU contou até as eleições de 28 de Setembro com 8 meses de trabalho com o ML [Metropolitano de Lisboa] enquanto a gestão PS já leva 18 meses, mais 10 do que o previsto inicialmente», referem os eleitos num comunicado divulgado esta quarta-feira.
O investimento, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), contava com uma dotação financeira de 250 milhões de euros, mas entretanto, denunciam, o valor estimado não só subiu para 410 milhões de euros, como chegou informação sobre a necessidade de os dois municípios envolvidos serem chamados a suportar os encargos com os aumentos de custos, «relacionados com a mão-de-obra e materiais».
A crítica aumenta quando, em situações como as da expansão da Linha Vermelha e da criação da chamada Linha Circular, em Lisboa, ou da Nova Linha Rubi e da Linha Rosa, no Porto, se apresenta publicamente o reforço de verbas do investimento do Estado, e não dos municípios abrangidos, o que leva os eleitos a falar de discriminação.
A obra em curso no Metro de Lisboa, cortando o acesso directo dos utentes de Odivelas e de Telheiras ao centro da cidade, diz bem do futuro caótico se projecto não for travado. PCP requer audição urgente do ministro do Ambiente. As alterações à mobilidade realizadas em virtude da realização das obras para acomodar a linha circular deixam perceber o que muitos denunciaram antes de o projecto baixar ao terreno: as deslocações no Metro de Lisboa serão sempre caóticas se não se travar o projecto. Esta quinta-feira, o PCP veio exigir medidas urgentes para minimizar os constrangimentos nos transportes públicos em Lisboa, em particular os decorrentes das obras no Metro no Campo Grande. Estação de Telheiras encerrada e Linha Verde a funcionar com três carruagens, Linha Amarela cortada entre as estações do Campo Grande e da Cidade Universitária, autocarros da Carris a abarrotar e mais trânsito, tem sido este o cenário para os que diariamente se deslocam na capital desde que se iniciaram as obras de construção da linha circular. Mas os constrangimentos não vão ser ultrapassados enquanto o projecto, que oportunamente mereceu críticas por parte de utentes e de trabalhadores, não for abandonado. «A obra em curso no Metropolitano de Lisboa resulta da opção errada pela linha circular, que desde a primeira hora o PCP denunciou e criticou, e que estando a sua execução a criar hoje todos estes problemas, criará outros se a mesma vier a estar em funcionamento, dificultando a mobilidade e o acesso à cidade, em particular, dos utentes do Metro que venham dos concelhos de Loures e Odivelas e das freguesias do Lumiar e Santa Clara», lê-se no comunicado dos comunistas. Esta semana, o Governo veio admitir a possibilidade de outras soluções, como a chamada linha «em laço», que permitiria manter a ligação directa de Odivelas e de Telheiras ao centro da cidade. Para o PCP, a comunicação do Ministério das Infraestruturas fica a dever-se à luta dos utentes e à intervenção do partido sobre esta matéria, tanto na Câmara Municipal de Lisboa (CML), onde os vereadores comunistas apresentaram proposta para a realização de reunião urgente, que envolva todo o executivo da CML e os operadores de transportes da cidade, como na Assembleia da República. Segundo nota do gabinete do ministro do Ambiente e Acção Climática, Duarte Cordeiro, este estará disponível para estudar a tal linha que não fecha – os comboios vindos de Odivelas entrariam na linha circular, fazendo todo o circuito pelo centro da cidade até Telheiras, e vice-versa. Notícia divulgada na edição de hoje do Público reproduz vozes de especialistas que sempre estiveram contra a linha circular, recordando inclusive que estudos realizados pelo metro, com mais de 30 anos, já desaconselhavam a proposta. Mas revela também que optar nesta fase pela linha «em laço» vai obrigar a alterar o sistema de sinalização e a um investimento adicional. Esta quarta-feira, o PCP pediu a audição urgente do ministro do Ambiente e Acção Climática no Parlamento para dar explicações sobre os problemas na construção da linha circular do Metropolitano de Lisboa e a possibilidade de esta ser cancelada. No início deste mês, já tinha requerido a audição, também com carácter de urgência, da Comissão de Utentes dos Transportes de Lisboa, da Comissão de Trabalhadores do Metropolitano de Lisboa e do Presidente do Conselho de Administração do Metropolitano de Lisboa. No requerimento lia-se que a suspensão, pelo Metropolitano de Lisboa, anunciada até 7 de Julho, dos troços entre Telheiras e Campo Grande (Linha Verde) e entre Campo Grande e Cidade Universitária (Linha Amarela), «agravada pela redução para comboios de apenas três carruagens na Linha Verde, bem como os trabalhos (e avarias) nas linhas, todas estas situações têm estado a criar nos últimos dias uma situação impraticável e perigosa, com os utentes a aglomerarem-se nos cais das estações e com as carruagens completamente cheias». Ao mesmo tempo denunciava que as «soluções de reforço», de serviços de transportes complementares, «não se têm mostrado suficientes». Falta de planeamento e de articulação, nomeadamente entre o Metropolitano e outras entidades, como a Câmara Municipal de Lisboa, são outras das queixas apontadas pelos comunistas, que propõem medidas como o reforço da informação e apoio aos utentes nos locais afectados, a aplicação de soluções técnicas já utilizadas noutras obras desta dimensão, entre as quais a criação de um cais provisório na estação do Campo Grande, «aumentando as condições de segurança e possibilitando uma maior rapidez nas entradas e saídas dos comboios da Linha Verde e consequentemente uma maior frequência de composições». A implementação diária de autocarros específicos entre os troços interrompidos, em regime de vaivém, todos os dias da semana e no horário completo do funcionamento do Metro, das 6h30 à 1h, e a criação de circuitos complementares aos circuitos existentes, nomeadamente entre Telheiras, Campo Grande, Cidade Universitária e Entrecampos, e entre o Cais do Sodré e o Terreiro do Paço, «a exemplo das soluções encontradas pela TML/Carris Metropolitana para a ligação entre o Cais do Sodré e Algés, aquando do encerramento da linha da CP», são outras propostas dos comunistas. Sendo esta uma responsabilidade do Metropolitano, o PCP defende, no entanto, que a Câmara Municipal de Lisboa e restantes autarquias não pode, ficar «à margem das soluções» que se exigem. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Local|
Linha circular: Constrangimentos não vão desaparecer depois da obra feita
Audição do Governo, mas Câmara não pode ficar «à margem»
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Os prejuízos que a manutenção do projecto da Linha Circular acarreta para os utentes dos municípios de Loures, Odivelas e Lisboa, e o benefício da opção pela Linha em Laço, que ao contrário da Circular voltaria a ligar directamente Odivelas e Telheiras ao centro da cidade, são outros aspectos que querem debater com o ministro.
«Por exemplo, para ir de Loures à Ajuda será necessário utilizar cinco comboios diferentes (Metro de Loures, Linha Amarela, Linha Circular, Linha Vermelha e LIOS [Linha Intermodal Sustentável]) com quatro transbordos. Qualquer utilizador dos transportes públicos sabe que isto é extremamente desincentivador do uso do transporte público e procurará uma alternativa, provavelmente o automóvel», ilustram na nota.
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