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Vários países protestam contra estatuto de observador de Israel na União Africana

Sete estados-membros da União Africana enviaram uma carta de protesto a Moussa Faki Mahamat, presidente da Comissão do organismo, contra a decisão de atribuir a Israel o estatuto de observador.

Vista da sede da União Africana, em Adis Abeba, na Etiópia 
Vista da sede da União Africana, em Adis Abeba, na Etiópia Créditos / PressTV

Na missiva, as embaixadas da Argélia, Egipto, Comores, Tunísia, Djibuti, Mauritânia e Líbia na Etiópia, onde está sediada a União Africana (UA), afirmam que a decisão contradiz o apoio do bloco africano à causa palestiniana e aos seus princípios, informa a PressTV.

Os sete países condenaram este passo como «inaceitável» e como uma acção de «abuso político da autoridade executiva» do presidente da Comissão da UA.

Os estados-membros do organismo solicitaram ainda ao presidente que o tema seja abordado na próxima reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros, prevista para Outubro.

De acordo com jornal Rai al-Youm, de Londres, a Argélia já começou oficialmente a formar um grupo de países africanos para se oporem à integração de Telavive na UA como observador, de modo a preservar os princípios do organismo e o apoio à Palestina.

Segundo a fonte, a que a PressTV faz referência, África do Sul, Tunísia, Eritreia, Senegal, Tanzânia, Níger, Comores, Gabão, Nigéria, Zimbabwe, Libéria, Mali e Seychelles são os países que se puseram de acordo para «expulsar» Israel da UA.

A Al Mayadeen indica que Lesoto, Botswana, Mauritânia, Líbia, Djibuti e Egipto também se pronunciaram contra a medida.

Apoio constante à Palestina

As autoridades argelinas emitiram um comunicado condenando uma decisão que «foi tomada sem consultar previamente os estados-membros» e lembrando que tal medida «não deve alterar o apoio constante e activo da organização continental à justa causa palestiniana», indica a Al Mayadeen.

Por seu lado, o governo sul-africano mostrou-se «chocado com a decisão injusta e injustificada» do presidente da Comissão, e recordou que, de acordo com as normas do organismo, tal medida requeria a consulta prévia aos seus estados-membros.

Também o governo da Namíbia se pronunciou, afirmando que «atribuir o estatuto de observador a uma potência ocupante contraria os princípios e objectivos do Acto Constitutivo da União Africana».

A potência colonial não deve ser premiada

A Rede de Solidariedade África-Palestina está a mobilizar o apoio de organizações africanas para que instem os estados-membros da UA a opor-se à integração de Israel no bloco como observador.

Em comunicado, a Rede lembra que Israel «viola sistematicamente o direito internacional» e é «uma ameaça constante e directa à paz e à segurança no Médio Oriente e no Norte de África».

«A UA não devia premiar uma potência colonial agressora […]; antes apoiar o apelo do povo palestiniano ao BDS [boicote, desinvestimento e sanções]» e «isolar o apartheid israelita», defende a rede solidária.

No passado dia 22 de Julho, Moussa Faki Mahamat anunciou que Israel tinha obtido estatuto de observador junto da União Africana – um estatuto que o Estado sionista perdera em 2002, quando desapareceu a Organização da Unidade Africana, e por cuja obtenção vinha a fazer pressão.

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