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Artista egípcio devolve prémio Goethe pela «cumplicidade» alemã na agressão a Gaza

Mohamed Abla devolveu a medalha Goethe em solidariedade com a Palestina, alegando a «cumplicidade» de Berlim com a guerra de agressão israelita a Gaza e apelando à acção de outros artistas.

O artista plástico Mohamed Abla criticou a cumplicidade alemã na guerra israelita contra a Faixa de Gaza 
Créditos / PressTV

O artista egípcio, a quem o Instituto Goethe outorgou em 2022 a mais alta distinção oficial atribuída pelo Estado europeu, devolveu o prémio à procedência, na semana passada, em sinal de protesto contra «a cumplicidade de Berlim na agressão de Israel a Gaza».

Abla não refutou a importância e o significado da atribuição da medalha pelo Instituto Goethe, mais ainda quando ele foi uma das primeiras pessoas de origem árabe a receber a distinção.

Sublinhou, no entanto, que não a podia manter consigo. «Não faz sentido que o governo alemão fale de igualdade e justiça e, ao mesmo tempo, ignore as dificuldades e os direitos dos palestinianos e ajude a armar Israel», declarou ao Middle East Eye.

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Mais de 9000 mulheres assassinadas por Israel em Gaza

O elevado número de mulheres mortas, o impacto da agressão israelita nas grávidas, a degradação geral das condições de vida, a falta de comida e medicamentos em Gaza são questões em destaque, a propósito do 8 de Março.

Créditos / Prensa Latina

Num relatório publicado na véspera do Dia Internacional da Mulher, que hoje se celebra, o Gabinete Central de Estatísticas da Palestina afirma que mais de 9000 mulheres foram mortas em resultado da mais recente agressão israelita contra a Faixa de Gaza cercada e estima que as mulheres representem 75% dos cerca de 72 mil feridos registados até ontem.

Além disso, afirma o documento, as mulheres e as crianças representam também a maioria (70%) dos desaparecidos sob os escombros.

Num território onde quase dois milhões de pessoas foram deslocadas à força devido aos ataques israelitas, metade são mulheres, acrescenta.

O relatório que o organismo publicou ontem, sob a designação «Investir nas mulheres: acelerar o progresso», chama a atenção para os desafios que se colocam a cerca de 60 mil grávidas no território, onde a escassez de alimentos e medicamentos é grave.

Destas, cerca de 15% têm probabilidades de sofrer complicações durante a gravidez e o parto, que são difíceis de tratar devido à falta de cuidados médicos, refere o texto divulgado pela Wafa.

Palestinianos no meio dos destroços e escombros de casas destruídas pelos bombardeamentos israelitas em Khan Younis, no Sul da Faixa de Gaza, a 6 de Março de 2024 / PressTV

O número de nascimentos prematuros aumentou um terço devido a factores como o stress e o trauma, enquanto algumas mulheres abortaram por medo, refere ainda o gabinete, que estima em 300% o aumento dos casos de aborto.

O documento assinala também que as grávidas sofrem de desnutrição e desidratação, uma vez que enfrentam níveis severos de pobreza nutricional, e afirma que muitos dos seus recém-nascidos têm baixo peso e problemas de saúde.

A qualidade de vida das mulheres em geral, afirma o texto, foi também afectada pelo impacto negativo da falta de produtos de higiene e medicamentos destinados a manter a sua saúde sexual e reprodutiva, sendo que muitas delas foram expostas a doenças ginecológicas.

A agressão israelita afectou o estado de saúde psicológica e física das mulheres na Faixa de Gaza e dificultou a sua capacidade de viver com dignidade, refere o texto.

Um grupo de palestinianos participa numa concentração, em Nablus (Norte da Cisjordânia ocupada), pela libertação dos presos palestinianos nas cadeias israelitas, a 20 de Fevereiro de 2024 // Nedal Eshtayah / Anadolu

No que respeita a detenções, o organismo refere que, das 300 mulheres presas na Margem Ocidental ocupada em 2023, 200 foram-no durante a agressão a Gaza.

Quanto à Faixa de Gaza, sublinha que não estão disponíveis dados precisos, o que se fica a dever ao «desaparecimento forçado que a ocupação israelita continua a levar a cabo contra mulheres» ali detidas.

Perto de 240 mulheres palestinianas detidas desde 7 de Outubro

Num comunicado também emitido esta quinta-feira a propósito do Dia Internacional da Mulher, a Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) revelou que cerca de 240 mulheres palestinianas foram detidas na Cisjordânia ocupada desde 7 de Outubro.

«Este ano é o mais sangrento para as mulheres palestinianas», denuncia a SPP no texto que assinala o 8 de Março.

«Atacar as mulheres palestinianas tem sido uma das políticas mais proeminentes e sistemáticas da ocupação israelita», acrescenta a organização, citada pela agência Anadolu.

Tal como o Gabinete Central de Estatísticas da Palestina, sublinha que não existem dados concretos sobre o número de mulheres presas pelas forças de ocupação na Faixa de Gaza.

«Embora algumas mulheres tenham sido libertadas, é certo que há mulheres que ainda estão detidas nos campos da ocupação, e são sujeitas a desaparecimentos forçados», alerta o organismo não governamental, que estima em 60 o número de mulheres presas nos cárceres israelitas.

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O artista plástico disse esperar que o seu gesto «desperte a consciência de todos» e encorajou outros artistas a actuar de diversas formas contra aquilo a que chamou «a visível injustiça» na Faixa de Gaza, onde mais de 31 100 pessoas, na sua maioria mulheres e crianças, foram mortas como resultado da mais recente agressão israelita, desde Outubro.

Também criticou os lançamentos de ajuda, por via aérea, para o mar ao largo de Gaza, tendo afirmado que «o mais doloroso» para ele era ver as pessoas «a correr para a água para apanhar» a ajuda.

«Também me causou impacto ver todas as crianças em Gaza à procura dos seus pais e famílias sob os escombros. Custa-se ver os protestos pelo mundo fora e não poder participar neles no Egipto», acrescentou.

Não é caso único: sul-africana também rejeitou a medalha Goethe

A escritora Zukiswa Wanner, primeira mulher africana receber a distinção atribuída pelo Instituto Goethe, em 2020, rejeitou-a também na semana passada.

Zuwiska Wanner / africanarguments.org

«Portanto, não consigo permanecer em silêncio ou manter uma condecoração oficial de um governo tão insensível ao sofrimento humano», afirmou a escritora, editora e jornalista sul-africana.

Em comunicado, disse que, em vez de condenar veementemente o genocídio desde o Holocausto, a Alemanha se tornou um dos maiores exportadores de armas para Israel.

«Gostava que o governo alemão, reflectindo e dizendo "nunca mais", reconhecesse que "nunca mais" devia ser para todos», acrescentou.

A escritora africana disse que, meses antes da guerra de agressão, esteve nos territórios palestinianos ocupados e viajou por diversas cidades, incluindo Ramalhah, Hebron, Jerusalém Oriental, entre outras.

«Como escritora proveniente de um país com uma historia de apartheid, aquilo que experienciei comoveu-me e levou-me a escrever um longo ensaio, Vignettes of a People in an Apartheid State», disse.

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