«Mais uma vez, confirmam-se as análises históricas do nacionalismo galego sobre a funcionalidade da União Europeia [UE] desde sua criação: um aparato dominado pela oligarquia dos estados centrais e um instrumento continental que serve os interesses económicos e políticos do imperialismo norte-americano», lê-se no comunicado que a UPG divulgou esta semana no seu portal, subsequente ao acordo firmado no domingo por Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, e Donald Trump, presidente dos EUA.
A este propósito, os comunistas patriotas galegos lembram que o acordo «viola as próprias regras da UE», na medida em que a presidente da Comissão assumiu «uma competência que não lhe pertence, assinando um tratado que vai muito além da questão comercial e afectará as condições de vida de milhões de pessoas, sem passar por qualquer controle que atenda a um mínimo critério democrático».
Neste mesmo contexto, o texto reforça a ideia de que o acordo não resulta de uma negociação, mas da «imposição por parte dos EUA dos seus critérios e da aceitação destes pelos tecnocratas que dirigem a União Europeia».
Um grande negócio para os Estados Unidos
Daquilo que foi divulgado do acordo firmado por von der Leyen e Trump, a UPG destaca que, no âmbito comercial, os EUA «fazem um grande negócio ao impor sobre os produtos da UE pelo menos 15% de taxas comerciais, enquanto os produtos norte-americanos entrarão com 0%».
Sublinha igualmente o compromisso dos membros da UE de realizarem investimentos nos EUA no valor de 600 mil milhões de euros, com consequências nefastas para «a indústria europeia e os processos de reactivação industrial, tão necessários em nações como a Galiza».
«Eis mais uma prova da total submissão da União Europeia e dos estados que a compõem», denuncia o partido comunista, que destaca também o aprofundamento da dependência energética em relação aos EUA, tendo em conta o compromisso de comprar a este país energia no valor de 750 mil milhões de euros.
«Uma dependência – lembra o texto – que já era realidade devido à decisão da UE de deixar de comprar energia da Rússia, que era mais barata, tinha menores custos de transporte e garantia maior liberdade e segurança diante de possíveis crises, por contar com vários fornecedores.»
UE: instrumento antidemocrático que respeita os interesse do capital norte-americano
Se já se sabia que «a UE é um instrumento do capital, antidemocrático e contrário aos direitos dos povos», o conteúdo conhecido do acordo mostra que a UE nem sequer cuida dos «interesses do capital europeu, pois o que faz é submeter-se totalmente aos interesses do capital norte-americano», denunciam os comunistas galegos.
Neste sentido, alertam para «graves problemas em importantes sectores da economia» europeia, que vão agora arcar com taxas às suas exportações que não existiam, sem que exista reciprocidade aplicada aos produtos norte-americanos que entram nos seus territórios.
A UPG chama igualmente a atenção para o facto de os estados da UE aceitarem, neste acordo, «aumentar as suas compras anuais de armamento dos EUA por um valor indeterminado», num contexto em que, segundo relatórios da própria UE, as compras actuais de material militar norte-americano já representam mais de 70% do total.
«Isso reforçará a actual deriva militarista da UE, que tem como objetivo aumentar os lucros do complexo industrial-militar norte-americano e criar uma sensação de insegurança e medo na população», denuncia o texto.
Se, por um lado, a UE alimenta «o temor de uma inexistente invasão russa», por outro, «actua como cúmplice do genocídio cometido pelo Estado sionista de Israel contra o povo palestino».
Consequências para as exportações galegas
Além de ser «uma claudicação política diante do império», este acordo irá trazer «graves consequências para as exportações de importantes sectores da economia galega, como o químico, o naval e o agroalimentar», alerta a UPG.
Muitos outros sectores, mesmo sem relação comercial directa com os EUA, integram a cadeia produtiva de exportações galegas e estrangeiras, e também se verão afectados, afirma o partido, exigindo ao governo espanhol que rejeite o acordo e ao executivo galego que expresse a sua oposição e estude as medidas necessárias para proteger os sectores afetados.
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