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Uma viagem a França

A vida com direitos já é difícil o suficiente. É fundamental que os governos entendam que não se pode governar sem as pessoas. É essa a tensão que se vive, hoje, em França. 

As oito principais centrais sindicais francesas uniram-se numa greve geral que levou milhares de manifestantes à rua para protestar contra o projecto de reforma do sistema de pensões apresentado pelo governo, que, entre outros aspectos, prevê o aumento da idade da reforma de 62 para 64 anos até 2030. Toulouse, França, 19 de Janeiro de 2023 
CréditosGuillaume Horcajuelo / EPA

A França dos telejornais, em Portugal, não é tanto a França que pisamos quando lá aterramos. O aeroporto de Lyon fica a duas dezenas do centro da cidade e, apesar de ser dia de greve geral, uma grande parte das pessoas procura seguir com a sua vida normal. É certo que as estações de serviço da autoestrada têm um anormal número de camiões parados, que aqui e ali pressentimos a alteração do movimento nos acessos à cidade, devido ao caminho que seguem os manifestantes até à Praça Bellecour, mas não estamos perante um país parado. Bem pelo contrário. 

No centro da cidade, a generalidade dos participantes na manifestação já vai desmobilizando. Muitos estudantes se juntam em esplanadas e pelas ruas são fáceis de identificar outras tantas pessoas com símbolos ou bandeiras da CGT. Apesar de alguns momentos de tensão, as cenas de alguma violência parecem acontecer nos locais determinados pela própria polícia. Na Bellecour estão ainda umas centenas de jovens que se entretêm a provocar e fugir da polícia que cercou o local. Quando nos aproximamos do final da tarde, é possível entrar na Praça, onde existem umas quantas lojas abertas, onde há gente de passagem para a Gare Perrache, mas é mais difícil sair. De forma algo difícil de explicar, a polícia procura manter dentro da Praça parte dos manifestantes, o que apenas gera mais tensão. 

Ao final do dia, enquanto as forças manifestantes se queixam da violência policial, a polícia revela um número de 58 feridos entre o seu contingente. A verdade é que a realidade das manifestações decorre a duas velocidades.

O chegar da noite leva a que a ação violenta de uma minoria sirva para ilustrar telejornais, enquanto a grande maioria dos manifestantes procura fazê-lo no respeito das regras e das indicações das forças da lei. E o que quer a maioria? Como me dizia uma habitante de Lyon, acima de tudo, sentir-se respeitada pelo governo. É essa falta de respeito, a forma como se aplicou a lei das reformas, o diálogo inexistente com a população que vai puxando cada vez mais gente para se manifestar.

«Se tiver que trabalhar mais dois anos, trabalho. O que não é suportável é a forma como nos tratam». A vida com direitos já se tornou demasiado difícil para muitos. É fundamental que se escutem as pessoas, porque a luta, essa, vai continuar.


O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90)

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