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Três filmes venezuelanos censurados em Espanha

Três obras dos cineastas venezuelanos Carlos Azpúrua, Daniel Yegres e Ruben Hernández foram censuradas na Casa da América de Madrid, por pressões da extrema-direita venezuelana e espanhola.

Imagem de 'La Batalla de los Puentes', de Carlos Azpúrua Créditos / albaciudad.org

Os filmes censurados – que iam ser exibidos no âmbito de um ciclo promovido pela Embaixada da Venezuela em Espanha – são Alí Primera, de Daniel Yegres, La Batalla de los Puentes, de Carlos Azpúrua, e Operación Orión, de Rubén Hernández.

Segundo refere a TeleSur, os três realizadores encontravam-se na capital espanhola para assistir à exibição dos filmes e participar em debates, quando foram surpreendidos pela decisão da entidade – submetida a intensa pressão por partes de grupos da extrema-direita venezuelana (que faz de Madrid uma segunda casa) e do PP espanhol, cujos representantes nos governos da Comunidade de Madrid e do Município de Madrid inclusive escreveram aos responsáveis da Casa da América.

A censura valeu fortes críticas do lado venezuelano, nomeadamente do ministro da Cultura, Ernesto Villegas, que qualificou a acção como uma «imposição arbitrária».

Já o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, declarou que «o neofascismo e outras correntes de direita em Espanha se empenham em bloquear a história» do país caribenho.

Por seu lado, o presidente da Fundación Cinemateca Nacional, Vladimir Sosa Sarabia, sublinhou que «o cinema tem o poder de perpetuar a memória» e que «têm medo da identidade venezuelana, da cultura e da memória do que este país passou».

Solidariedade em Espanha e no estrangeiro

Numa nota publicada no portal Cubacine, Alexis Triana, presidente do Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográficos (Icaic), expressou a sua solidariedade aos cineastas venezuelanos censurados em Madrid e lembrou que as três obras foram exibidas no Festival Internacional do Novo Cinema Latino-americano, em Havana, em Dezembro último.

Também a Agabo – Associação Galego-Bolivariana Hugo Chávez se pronunciou condenando a censura na Casa da América de Madrid, afirmando que se trata de «um ataque directo à liberdade de expressão, à arte e ao diálogo cultural».

Entretanto, várias organizações e movimentos prontificaram-se, em Espanha, para organizar exibições alternativas à inicialmente programada, de modo a que o público no Estado espanhol possa apreciar Alí Primera (sobre a vida e obra do popular cantautor venezuelano); Operación Orión (sobre a tentativa de assassinato de Hugo Chávez por paramilitares na quinta Daktari, em 2004), e La Batalla de los Puentes (sobre a tentativa de fazer entrar à força na Venezuela uma alegada ajuda humanitária, através da fronteira colombiana, em 2019).

Para defender o direito à cultura dos povos do Estado espanhol, o presidente Maduro propôs que os filmes venezuelanos censurados em Madrid fossem exibidos em plataformas de streaming.

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