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Trabalhadores das obras no Catar detidos em protesto contra falta de salários

Pelo menos 60 operários migrantes foram detidos quando protestavam, em Doha, frente aos escritórios do Grupo Al Bandary. Estavam há meses sem receber. O Mundial da FIFA começa em Novembro.

Um trabalhador no interior do Estádio Lusail, em  Doha, Catar, a 20 de Dezembro de 2019 (imagem de arquivo) 
Um trabalhador no interior do Estádio Lusail, em  Doha, Catar, a 20 de Dezembro de 2019 (imagem de arquivo) Créditos / Getty Images / The Hindu

O protesto levado a cabo pelos trabalhadores nas obras do Mundial de futebol teve lugar no passado dia 14 e, na sequência das detenções, alguns deles foram deportados, refere a notícia publicada esta segunda-feira pelo periódico indiano The Hindu.

Os países do Golfo Pérsico dependem em grande medida de mão-de-obra estrangeira. O Dubai, onde decorreu a Expo 2020, e o Catar, que é a sede do Mundial da FIFA de 2022, foram alvo de intensas críticas pelas suas práticas laborais – em que se incluem discriminação racial, retenção ou não pagamento de salários, passaportes confiscados, semanas laborais até 70 horas, servidão por dívida, entre outros abusos.

Mustafa Qadri, director-executivo da consultora Equidem, que está a investigar o incidente, afirma que as detenções lançam novas dúvidas sobre as promessas do Catar de melhorar a forma como os trabalhadores são tratados. «É realmente esta a realidade que vem ao de cima?», perguntou.

Num comunicado emitido à AP no domingo, o governo do Catar reconheceu que «um determinado número de manifestantes foi detido por violar as leis de segurança pública», mas, segundo refere a fonte, não forneceu quaisquer detalhes sobre as detenções ou as deportações.

Existem imagens – divulgadas online – que mostram cerca de 60 trabalhadores a protestar, a 14 de Agosto, junto aos escritórios do Al Bandary International Group, um conglomerado que inclui construção, imóveis, hotéis, restauração e outras áreas. Alguns dos trabalhadores que protestavam não recebiam salário havia sete meses, referiu a Equidem.

Apesar das tentativas insistentes, por parte de The Hindu, de contactar o Al Bandary International Group, o conglomerado – privado – não respondeu. E o número de telefone indicado nos contactos não funcionou.

Quem falou foi o governo do Catar, que reconheceu que a empresa não pagou salários e que o Ministério do Trabalho iria pagar «todos os salários e subsídios em atraso» aos trabalhadores afectados.

«A empresa já estava a ser investigada pelas autoridades por falta de pagamento de salários antes do incidente, e agora estão a ser tomadas outras medidas, depois de [a empresa] não ter cumprido o prazo para liquidar os pagamentos de salários pendentes», disse o governo.

Centro de detenção com «calor sufocante»

Mustafa Qadri, da Equidem, disse que os trabalhadores que participaram no protesto foram detidos pela Polícia e levados para um centro de detenção onde, segundo denunciaram alguns deles, o calor era sufocante.

Segundo Qadri, a Polícia disse aos trabalhadores que, se podiam fazer uma acção de protesto com tempo quente (a temperatura em Doha esta semana chegou aos 41 ºC), também podiam dormir sem ar condicionado.

Um dos trabalhadores detidos ligou à Equidem a partir do centro de detenção e disse que ali viu pelo menos 300 colegas, provenientes do Bangladesh, do Egipto, da Índia, do Nepal e das Filipinas. Disse ainda que a alguns tinham sido pagos os salários e a outros não, mas esta informação não foi confirmada.

Não é a primeira vez que trabalhadores migrantes que se manifestam são deportados do Catar, um país onde, sublinha The Hindu, o direito de sindicalização é restringido aos cataris, tal como o direito de reunião.

A FIFA atribuiu a realização do Mundial de futebol masculino sénior de 2022 ao Catar em 2010, no meio de intensa polémica. Desde então, o país árabe tem sido alvo de múltiplas investigações relativas à exploração laboral da mão-de-obra migrante.

Em Março deste ano, o periódico britânico The Guardian revelou que os trabalhadores migrantes foram forçados a pagar grandes quantias em taxas ilegais, na última década, para garantir emprego no Catar. Muitos deles ficaram vulneráveis à servidão por dívida.

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