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Trabalhadores da agência argentina Télam continuam em luta

O serviço da agência noticiosa argentina continua interrompido, na sequência do despedimento de 357 funcionários, a 26 de Junho. O responsável da tutela deverá comparecer numa comissão do Senado.

Trabalhadores da Télam e da imprensa argentina numa manifestação contra os despedimentos da agência noticiosa, em Buenos Aires
Créditos / cronica.com.ar

Depois de várias decisões judiciais que consideram ilegal o despedimento de funcionários da Télam – a última das quais, decretada ontem, ordenou a reintegração de 12 trabalhadores filiados num sindicato da imprensa –, prevê-se que o responsável do Sistema Federal de Meios de Comunicação Públicos, Hernán Lombardi, compareça hoje perante uma comissão no Congresso para explicar o despedimento de cerca de 40% dos trabalhadores da Télam, que conduziu ao fim da presença de vários correspondentes no estrangeiro.

Lombardi apresenta-se numa comissão no Senado depois de já o ter feito na Câmara dos Deputados, onde fez a defesa do emagrecimento da agência face ao que classificou como «crescimento sobredimensionado do pessoal, que passou de 479 funcionários em 2003 para 926 em Janeiro de 2016», segundo refere a Prensa Latina.

Em meados do mês passado, o presidente argentino, Mauricio Macri, fez a defesa da argumentação de Lombardi sobre o funcionamento da agência estatal argentina, fundada em 1945, afirmando que os despedimentos foram feitos no contexto de uma política governamental que visa «modernizar o Estado», para que este «funcione ao serviço dos argentinos».

Foi então que, repetindo os dizeres de Hernán Lombardi, se referiu aos trabalhadores da Télam como uma «sobrepopulação», que «não tem a ver com um serviço eficiente» – argumentação que tem sido desmentida e combatida pelos funcionários da agência noticiosa desde 26 de Junho.

Estes continuam a manifestar-se e a lutar por via judicial contra os 357 despedimentos e em defesa da reintegração dos trabalhadores.

Face à ausência de cobertura da Télam, as expressões de solidariedade são cada vez mais frequentes. No passado dia 8, quando do debate sobre o projecto de lei da despenalização da interrupção voluntária da gravidez, alguns senadores mostraram cartazes em que se lia «Aqui falta a Télam».


Para além disso, indica a Prensa Latina, a sede da agência, na Avenida Belgrano, em Buenos Aires, transformou-se num quartel-general da imprensa, onde acorrem artistas, jornalistas, defensores dos direitos humanos, entre outros, para mostrarem solidariedade aos trabalhadores.

Neste cenário de conflito, estima-se que, nos cerca de 50 dias subsequentes aos despedimentos, a Télam não tenha publicado 15 234 notícias, 2025 vídeo-notícias e 1125 boletins de rádio, havendo 12 milhões de fotos disponíveis em arquivo que não estão a ser utilizadas, refere o diário Página 12.

O mesmo periódico precisa que, dos 27 correspondentes existentes, seis ficaram sem trabalho e que 14 instalações deixaram de funcionar por ficarem a cargo de uma só pessoa, que, nalguns casos, é um administrativo.

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