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|Bolívia

Só lítio? Industrialização na Bolívia avança com 40 mil milhões de toneladas de ferro

Não há só lítio no país sul-americano e Jorge Alvarado, presidente do complexo siderúrgico El Mutún, falou com a Sputnik sobre a construção desta obra sonhada há décadas, com a qual Luis Arce está a avançar.

Jorge Alvarado 
Jorge Alvarado Créditos / Empresa Siderúrgica del Mutún / Sputnik

O complexo siderúrgico de El Mutún, um velho sonho da Bolívia, está para ser inaugurado no departamento de Santa Cruz de la Sierra. Com pelo menos 40 mil milhões de toneladas de ferro, o país andino-amazónico possui uma das maiores reservas deste metal no mundo.

As sete fábricas do complexo, localizado a 640 quilómetros de Santa Cruz, devem funcionar em pleno em 2025. Jorge Alvarado, presidente da empresa estatal, disse à Sputnik o que falta para que comece a produção, que, numa primeira etapa, será de 200 mil toneladas anuais.

Alvarado explicou ao jornalista Sebastián Ochoa que, numa segunda fase, serão exploradas 500 mil toneladas por ano, o que dará para cobrir a procura interna de aço. Por fim, serão extraídas um milhão de toneladas, sendo metade destinadas à exportação.

Se demorou tanto a concretizar este projecto, isso deve-se à «falta de vontade dos diferentes governos de há várias décadas. Com o governo do presidente Evo Morales [2006-2019], foi retomado o interesse pela industrialização do ferro de El Mutún», contou Alvarado.

Interesse nos anos 70, mas o impulso só veio com Morales

O projecto de exploração do cerro El Mutún surgiu nos anos 70 no século passado, que conheceu impulso em 2007, durante a presidência de Morales. No entanto, a empresa Jindal, da Índia, não teve capacidade para erguer a iniciativa.

«Infelizmente, esta empresa indiana não cumpriu o contrato, nem os investimentos previstos. Por essa razão, o governo decidiu dissolver o contrato», referiu Alvarado.

Complexo siderúrgico de El Mutún // Empresa Siderúrgica del Mutún / Sputnik

Foi preciso esperar até 2016 para se adjudicar a construção do complexo à empresa chinesa Sinosteel, com um investimento de 446 milhões de dólares.

Em 2019, meses antes do golpe contra Morales, foi iniciada a construção. Mas o processo foi travado durante o governo golpista de Jeanine Áñez (2019-2020), a que se juntaram as restricções impostas pelo surto epidémico de Covid-19.

Depois dos anos turbulentos de 2019 e 2020, reiniciou-se a construção das infra-estruturas, bem como a montagem de equipamentos que chegaram de Espanha e da Alemanha.

Das sete fábricas, cinco integram a cadeia produtiva, disse Alvarado, que explicou o que se faz em cada uma delas, desde a de concentração, onde se tritura e mói o mineral de ferro extraído, até à de laminação, «onde são produzidas barras corrugadas para a construção de diferentes diâmetros, que são matéria-prima para a elaboração de porcas, parafusos, pregos e fios».

A sexta fábrica é de energia eléctrica e a sétima de serviços auxiliares.

Importações elevadas

Alvarado disse que a procura de aço na Bolívia é de 450 mil toneladas anuais, que actualmente chegam do Peru, da Argentina e do Brasil. Quando El Mutún funcionar em pleno, ficará coberta cerca de metade das exigências a nível nacional.

O presidente de El Mutún destacou que o complexo «vai funcionar a gás, e não como outras siderurgias a nível internacional, que operam a carvão e são fonte de contaminação bem grande».

Ao trabalhar com gás e electricidade, «o impacto ambiental de El Mutún há-de ser mínimo. Esta fábrica é muito amiga do meio ambiente», disse o engenheiro.

Reactor do Complexo Siderúrgico de El Mutún // Empresa Siderúrgica del Mutún / Sputnik

«Outra particularidade deste complexo é que nele vamos produzir electricidade. Já está montada a central eléctrica, que vai gerar 108 megawatts», acrescentou.

O coração do complexo

Alvarado referiu que, de acordo com o calendário, o complexo deve ficar pronto até ao final de 2023. Mas, devido a alguns atrasos, será inaugurado entre Fevereiro e Março de 2024. «Ainda estão em construção alguns componentes da fábrica de redução directa, onde ficará localizado o reactor, que é como o coração de um complexo siderúrgico», disse.

O governo de Luis Arce espera articular a produção deste complexo com o seu plano de industrialização, que tem como um dos pilares a exploração do lítio. A médio e longo prazo, está prevista a construção de baterias e carros eléctricos na Bolívia, para o que será fundamental contar com o aço de El Mutún.

«Com o complexo siderúrgico de El Mutún, a Bolívia avança para a industrialização do país. O aço que vamos produzir não será apenas para o complexo de lítio, mas também para outras indústrias», explicou Alvarado.

O presidente do El Mutún foi, antes, presidente da empresa Misicuni, que possui uma represa em Cochabamba, a partir da qual se distribui água às comunidades e se produz electricidade, refere a Sputnik. Estudou Engenharia na Rússia, já foi embaixador na Venezuela e deputado do Movimento para o Socialismo (MAS).

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