Em declarações à agência Prensa Latina, Nazir Awad esclareceu que essas peças foram resgatadas graças ao Exército sírio, que «está envolvido na tarefa e batalha de recuperar o património nacional».
«Várias tentativas de contrabando de objectos antigos foram frustradas pelos militares, o que permitiu a devolução de milhares de peças antigas valiosas», frisou o funcionário.
De acordo com Awad, a fase de salvação das antiguidades teve início em 2016, com o avanço do Exército sírio e aliados, e a libertação de vastas áreas do terrorismo, o que contribuiu também para a reabertura de alguns museus no país, como os de Alepo e Damasco.
«Aquilo que foi recuperado vai de uma moeda pequena até um féretro ou coroa de uma coluna, e este número pode ser muito maior, pois todos os dias há peças devolvidas», destacou.
O chefe da Direcção-Geral de Antiguidades e Museus reconheceu que a tarefa é «complicada, longa e necessita de diplomacia e leis, e, sobretudo, credibilidade e cooperação dos países onde as peças roubadas foram parar».
Em Novembro, eram quase 35 mil
Em Novembro do ano passado, uma exposição integrada nos Dias da Cultura da Síria que teve lugar no Museu Nacional de Damasco exibiu peças arqueológicas de diferentes épocas que haviam sido recuperadas depois de roubadas por grupos terroristas para serem contrabandeadas.
Unidades do Exército sírio encontraram dezenas de peças arqueológicas roubadas e escondidas pelos terroristas na cidade de Qalat al-Madiq, recentemente libertada no âmbito da ofensiva do Noroeste. No final de Abril, o Exército Árabe Sírio (EAS) e seus aliados deram início a uma operação de grande envergadura com vista à libertação do território das províncias de Idlib, Hama e Latakia que ainda se encontra sob domínio dos terroristas. Qalat al-Madiq, cidade localizada na fértil Planície do Ghab, no Norte da província de Hama, foi recentemente libertada e, nas operações de limpeza de terreno que levaram a cabo, os militares sírios encontraram dezenas de peças arqueológicas que foram roubadas e ocultadas em esconderijos pelos terroristas, revelam a agência SANA e a Prensa Latina. De acordo com fontes militares, não está posta de lado a possibilidade de serem encontradas mais peças, uma vez que as operações de «pente fino» na localidade referida estão em fase inicial. O mesmo se passou noutros locais saqueados pelos extremistas, indicam as fontes, acrescentando que as peças arqueológicas agora encontradas iam ser contrabandeadas para fora do país. A moderna Qalat al-Madiq fica no local da antiga Apameia, cujas ruínas ainda podem ser vistas ali perto, a leste da cidade, cerca de 55 quilómetros a noroeste da capital da província, Hama. Apameia, fundada pelos Selêucidas (povo helénico) na margem do rio Orontes, cerca de 300 anos antes de Cristo, possui importante espólio romano e bizantino. Destino turístico crescente antes da guerra de agressão, foi proposta pela Síria à UNESCO como Património da Humanidade, mas a guerra imposta ao país pelos terroristas, pelas potências ocidentais e regionais impediu que o processo de apreciação fosse concluído. As autoridades estimam que o local tenha sido alvo de grande predação por parte dos saqueadores de tesouros arquelógicos. Em Abril de 2017, a Al-Masdar News publicou fotografias de satélite que evidenciam os estragos feitos ao local: centenas de buracos escavados pelo que se julga serem contrabandistas de peças arqueológicas. Com um território onde se fixaram ou passaram várias civilizações ao longo de milhares de anos, a Síria possui cerca de dez mil sítios arqueológicos. Recentemente, a Direcção-Geral de Antiguidades e Museus (DGAM) celebrou com a fundação Wathiqat Watan um acordo de entendimento que visa documentar e proteger o vasto património do país árabe, tendo em conta os vastos danos e a grande destruição causados pela guerra terrorista imposta ao país. De acordo com os responsáveis, o projecto irá «documentar o património material e imaterial, bem como os danos que as acções de sabotagem lhe provocaram». Recolhendo os testemunhos daqueles que viveram a guerra, a Wathiqat Wattan vai «não só contar aos sírios o que aconteceu ao seu país, como também traduzir [esse conhecimento] para as línguas vivas do mundo». De acordo com Mahmoud Hamoud, chefe da DGAM, no contexto da pilhagem massiva de que o país tem sido alvo ao longo da guerra de agressão, as autoridades conseguiram resgatar e recuperar cerca de 9500 peças roubadas. No entanto, apesar de todo o esforço feito no sentido da recuperação e do restauro do património histórico, o responsável sírio estima que dezenas de milhares de artefactos pilhados continuem desaparecidos, muitos deles no estrangeiro e nas mãos de especialistas, à espera de os vender a coleccionadores privados. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Militares sírios recuperam peças arqueológicas roubadas por terroristas em Hama
Apameia e o saque
Vasto património a proteger
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Então, Nazir Awad disse à imprensa que os objectos provinham de sítios arqueológicos tão importantes e conhecidos como Ugarit, Mary, al-Khwira e Tal Baidar, de onde terroristas e saqueadores de tesouros levaram centenas de milhares de peças para o estrangeiro.
Não obstante, o funcionário referiu que, nessa altura, já tinham sido resgatadas quase 35 mil peças antigas, que depois foram levadas para o Museu Nacional de Damasco e outros espalhados pelo país, que, no contexto da guerra, se mantiveram encerrados ao público e se dedicaram ao trabalho de conservação e catalogação, tendo reaberto em 2018.
Antes do início da guerra de agressão, a Síria, onde há registo de sucessivas civilizações ao longo de milhares de anos antes da era cristã, era o destino de arqueólogos conhecidos e de equipas de investigação enviadas de várias partes do mundo.
Isso mesmo se podia constatar, por exemplo, nos museus de Damasco e Alepo, onde, ao lado das peças expostas, havia registos fotográficos dessas equipas nos sítios arqueológicos.
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