Passar para o conteúdo principal

Não há fim à vista para a chamada «crise de custo de vida», afirma o periódico Morning Star a propósito dos dados da inflação agora revelados, sublinhando que os preços de alguns produtos alimentares subiram bastante em Maio – 49,8% no caso do açúcar.

Em média, uma factura de supermercado custa hoje 108,70 libras, quando há um ano custava cerca de 100, refere o periódico.

Num país em que, segundo os dados da Money Advice Trust, desde Março de 2022, o número de adultos que têm o pagamento de alguma factura doméstica em atraso aumentou de 7,9 milhões para 11,6 milhões, é expectável que a não redução da inflação coloque ainda mais pressão sobre as famílias e os trabalhadores.

Além disso, especialistas a que o jornal se refere afirmam que quem está a pagar hipotecas ou outras dívidas deverá esperar maiores taxas de juros.

Neste contexto, a economista Karen Ward, assessora do ministro das Finanças, Jeremy Hunt, defendeu que o Banco de Inglaterra deve «criar uma recessão», de modo a criar desemprego, controlar a inflação e quebrar a chamada espiral preço-salário, em que as empresas aumentam os preços, forçando os trabalhadores a exigirem aumentos salariais, o que significa que as empresas aumentam ainda mais os preços para pagar esses novos salários.

É preciso um plano para defender os trabalhadores

Pelo contrário, Paul Nowak, secretário-geral do Congresso dos Sindicatos (TUC), disse que não são os aumentos dos salários que estão a causar a inflação, com os salários reais bem atrás «de onde deviam estar para colocar os níveis de vida onde estavam há uma década».

«Após mais de uma década de estagnação salarial, os trabalhadores continuam a empobrecer a cada mês que passa», denunciou Nowak.

Em seu entender, «empurrar as taxas de juros tão para cima que a economia entre em recessão só irá agravar a actual crise». Neste sentido, defendeu que «os trabalhadores precisam de um plano credível para o crescimento sustentável, para voltar a encarreirar os níveis de vida e as finanças públicas».

Por seu lado, Gary Smith, secretário-geral do sindicato GMB, disse que o governo estava «sem ideias» sobre a economia, sublinhando que «os trabalhadores estão a sofrer os cortes mais acentuados em termos reais de que há memória» e «não conseguem pagar as contas».

«Pelo país fora, as pessoas estão a pagar o preço do falhanço do governo em investir nas nossas infra-estruturas básicas e da adopção fatal, pelo Reino Unido, de um modelo de baixos salários e baixo investimento», denunciou.