A última reforma legislativa sobre a jornada de trabalho no México teve lugar em 1917. 108 anos depois, os trabalhadores mexicanos são dos que mais horas de trabalho cumprem, por ano, em todo o mundo: a Lei estabelece uma jornada semanal de trabalho de 48 horas, embora seja prática comum ultrapassar as 56 horas, sem qualquer penalização criminal para o patrão que exigir um horário superior ao limite.
Nas comemorações oficiais do 1.º de Maio de 2025 do Governo mexicano, Claudia Sheinbaum, anunciou o arranque de processos de discussão «entre empregadores, trabalhadores e o governo para alcançar gradualmente a jornada de trabalho de 40 horas» até 2030. Não é caso único na América Latina: o Chile vai consagrar a jornada semanal de 40 horas até 2028 e a Colômbia está em discussões para acordar uma jornada de, no máximo, 42 horas.
Também o Brasil está em pleno processo de discussão legislativa sobre o fim da escala laboral de 6x1 (seis dias de trabalho por uma folga). A proposta, da autoria da deputada Erika Hilton, impõe um limite máximo de 36 horas de trabalho, incluindo a possibilidade de estabelecer uma semana de quatro dias. Não obstante a sua aprovação na Câmara dos Deputados, é expectável que o Congresso brasileiro chumbe o projecto.
«Isto tem de ficar bem claro. Reduzir as horas de trabalho não diminui a produtividade, o que faz é dignificar a existência dos e das trabalhadoras, devolvendo-lhes horas da sua vida e valorizando o trabalho que realizam de semana para semana», afirmou Marath Bolaños, Secretário do Trabalho e Segurança Social do Governo mexicano, na mesma sessão do 1.º de Maio.
A associação patronal Confederación Patronal de la República Mexicana (Coparmex) apressou-se a defender que este não é o momento para fazer uma reforma destas. Ignorando o facto de terem uma das maiores jornadas laborais do mundo, os patrões lamentam «o desafio estrutural que é a baixa produtividade no México». A solução, para o patronato, passa pela aplicação de benefícios fiscais para as empresas.
No El País, Manuel Fuentes, especialista em questões laborais, explica que a resistência dos empregadores às alterações às jornadas laborais semanais, chumbadas várias vezes na Câmara dos Deputados, é motivada pelo medo de pagarem até três vezes mais pelo trabalho efectuado ao Sábado (que hoje é apenas um dia de trabalho normal).
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