Eleito presidente a 9 de Março de 2022, Yoon Suk-yeol, do conservador e neo-liberal Partido do Poder Popular, tratou rapidamente de encontrar respostas necessárias exigidas pela sua base de apoio: quando as grandes empresas se queixaram de que o actual limite máximo de 52 horas de trabalho semanais estava a dificultar o cumprimento de prazos, Suk-yeol achou a sua resposta.
Ao aumentar os horários de trabalho para as 69 horas, o Governo sul-coreano defendeu estar a fazer um grande favor aos jovens trabalhadores, nomeadamente às mulheres, que poderiam acumular mais horas extraordinárias e trocar por folgas. Isso seria uma grande vantagem para as mulheres, considerou o ministro do Trabalho, Lee Jung-sik: poderiam, mais tarde, usar as folgas para resolver compromissos familiares e prestar cuidados.
Curiosamente, a medida foi rechaçada pelas organizações sindicais, a Associação de Mulheres Coreanas Unidas e de dezenas de milhares de jovens que contestaram as medidas nas ruas. Por outro lado, curiosamente, as empresas dos sectores da construção, tecnologias e produção acolheram favoravelmente a proposta de uma semana de trabalho mais longa.
Que trabalhador nunca sonhou com horários das 9h da manhã à meia-noite durante cinco dias seguidos. «Não há qualquer consideração pela saúde ou descanso dos trabalhadores», defende a Confederação Coreana de Sindicatos, em comunicado.
Por enquanto, as ruas conseguiram impedir o avanço desta proposta. Na semana passada, o Governo de Yoon Suk-yeol cedeu às reivindicações populares e retirou o projecto.
De acordo com dados da OCDE, os sul-coreanos já trabalham 199 horas acima da média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (organização económica intergovernamental de 38 países ocidentais e aliados, fundada em 1961 para estimular a economia e o comércio mundial).
Ao longo de um ano, um trabalhador na Coreia do Sul passa, em média, 1915 horas a exercer a sua profissão: praticamente 80 dias, num ano, inteiramente (24h) dedicados ao trabalho.