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Profissionais da saúde no Brasil mobilizam-se em defesa do serviço público

As mobilizações presenciais e virtuais ocorreram este domingo em pelo menos 18 estados brasileiros, também para prestar homenagem aos médicos e enfermeiros falecidos no combate à Covid-19.

No Recife, «trabalhadores da saúde em defesa do SUS e da vida» afirmam: «Um país contra o vírus, um governo contra o povo»
Créditos / Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares

Várias entidades ligadas ao sector que promoveram as iniciativas de ontem, como a Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, e a Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia, subscreveram uma carta-manifesto em que fazem a defesa do serviço público de saúde e do seu adequado financiamento, porque «o SUS [Sistema Único de Saúde] salva vidas».

Também repudiam as declarações do presidente da República, Jair Bolosonaro, «hostis aos profissionais de saúde, incentivando agressões a trabalhadores de saúde no seu ambiente de trabalho».

E sublinham que o Brasil, além de ser o segundo país do mundo em número de contágios e mortes por coronavírus, regista «o maior número de mortes de médicos (ao todo 139 profissionais) e de enfermeiros (ao todo 190 profissionais) por Covid-19», segundo dados reunidos pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e o Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) até dia 17 de Junho.

Aristóteles Cardona Júnior, médico de família no sertão pernambucano e membro da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, disse ao Brasil de Fato que as entidades promotoras avaliaram de forma positiva «a repercussão das manifestações», que abrangeram capitais, cidades do interior, cidades médias e pequenas por todo o Brasil, de Roraima e Ceará, no Norte, até ao Rio Grande do Sul.

Contra a «intervenção militar» na saúde, por melhores condições de trabalho

Os actos denunciaram também a invasão de hospitais públicos por apoiantes de Jair Bolsonaro. «Tem um hospital de campanha perto de você, tem um hospital público, arranja uma maneira de entrar e filmar. Muita gente tá fazendo isso, mas mais gente tem que fazer, para mostrar se os leitos estão ocupados ou não, se os gastos são compatíveis ou não», afirmou recentemente o presidente nas redes sociais.


Cardona Júnior classifica a posição de Bolsonaro como «irresponsável». «Não é só um desrespeito, é a irresponsabilidade de servir como disseminação da doença, como possível foco de transmissão», disse, acrescentando que a atitude não é de agora, «começou ao afirmar que era só uma gripezinha e que morreriam 800 pessoas no país. Agora, estamos aí, chegando a mais de 50 mil mortos e não sabemos até onde tudo isso vai», lamentou.

As organizações promotoras alertam ainda para «a intervenção militar em curso no Ministério da Saúde», «que vem comprometendo sobremaneira o trabalho técnico frente à pandemia». E sublinham que, dos 12 membros das Forças Armadas nomeados para a pasta, nenhum tem formação em medicina.

Com estas manifestações, os profissionais da saúde exigiram também melhores condições de trabalho – marcadas actualmente pela escassez de equipamentos de protecção individual – e uma organização de «processos de trabalho que possibilitem menores impactos da exposição à doença ou ao stresse causado pela pandemia».

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