|México

Peças nunca vistas no país integram a exposição «La grandeza de México»

A mostra, patente ao público até 26 de Abril na Cidade do México, evidencia a enorme riqueza cultural do país. Algumas peças foram repatriadas nos últimos 3 anos, outras são empréstimos de museus estrangeiros.

Museu Nacional de Antroplogia, Cidade do México 
Créditos / dondeir.com

«La grandeza de México» é uma mostra da história, arqueologia, artesanato, escultura, óleos, danças indígenas que expressam «a imensa riqueza cultural» do país americano, e que documenta ainda processos históricos e de luta, segundo nota dos organizadores.

A exposição permanecerá aberta ao público até 26 de Abril deste ano nas suas duas sedes, ambas na capital mexicana: o Museu Nacional de Antropologia (MNA) e o Salão Ibero-americano, da Secretaria de Educação Pública (SEP).

No total, ambos os espaços reúnem mais de 1500 peças (380 no MNA e 1145 no SEP), algo que, nalguns casos, só se tornou possível graças à acção da «diplomacia cultural» das autoridades mexicanas.

Deste modo, indica o Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH), é possível ver na Cidade do México «um panorama único sobre a vastidão do património cultural, a história e as identidades que foram criadas no território que é hoje o México».

Dois dos curadores, Baltazar Brito Guadarrama e Karina Romero Blanco, sublinharam quão importante é reunir obras patrimoniais poucas vezes vistas e, inclusive, inéditas museograficamente.

«A exposição celebra as múltiplas identidades do México, convidando o público a conhecer uma variedade de linguagens, culturas e manifestações artísticas que foram criadas em diferentes momentos da nossa história», disse Karina Romero, citada pelo INAH.

Mais de 1500 peças em dois espaços

No Salão Ibero-americano, 264 das 1145 peças são «nacionais», 879 são «repatriações» alcançadas nos últimos três anos e duas são empréstimos de obras de outros países, informa a SEP, que subdivide a mostra em regiões: Sudeste e área Maia; Altiplano e Norte do México; às quais junta um «módulo geral para documentar os processos de um povo em luta».

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Recuperada no México vasilha maia milenária com escrita hieroglífica

Especialistas do Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH) recuperaram uma vasilha de estilo Chocholá, gravada com um texto hieroglífico, durante trabalhos arqueológicos nas obras do Tren Maya.

Imagem divulgada pelo INAH da vasilha maia agora descoberta no Iucatão 
Créditos / inah.gob.mx

Um comunicado do INAH precisou que este tipo de cerâmica data de finais do período Clássico Inicial ao Clássico Tardio (entre 600 e 800 d.C.), atribuído à zona de Oxkintok, uma região que se propôs como a área de produção deste estilo de peças, no Iucatão, informa o diário La Jornada.

Trata-se, esclarece, de um tipo de vasilhas com ampla presença no Norte do Iucatão, mas cuja maioria registada é proveniente de colecções privadas como resultado do saque e do comércio ilícito, sem que se conheça o contexto cultural arqueológico da proveniência – daí a importância da peça recuperada.

As vasilhas Chocholá, explica o texto, caracterizam-se por apresentar texto hieroglífico, embora possam ou não apresentar cenas iconográficas. De um modo geral, a escrita trata de uma Sequência Primária Padrão ou frase dedicatória, que descreve o objecto e menciona o seu proprietário e o possível conteúdo.

Imagem da vasilha e das inscrições glíficas por separado / lectormex.com

O estilo de vasilhas Chocholá, acrescenta o comunicado do INAH, foi assim designado pelo arqueólogo e epigrafista norte-americano Michel D. Coe, na sua obra The Maya Scribe and His World, devido ao facto de a maioria das peças apresentadas no catálogo referido terem sido adquiridas na zona de Chocholá, por parte dos coleccionistas.

O arqueólogo Ricardo Abraham Mateo, membro da equipa de trabalhos arqueológicos do Proyecto Tren Maya, que leva a cabo a análise epigráfica da vasilha, detalha que, de acordo com os especialistas que estudaram a região, são poucas as vasilhas com estas características que se recuperaram no seu contexto original.

Segundo o estudo epigráfico do especialista, o texto gravado na peça é uma Sequência Primária Padrão ou frase dedicatória.

Consiste em cinco conjuntos de inscrições glíficas, que são lidas da seguinte forma: A1 u jay (u-ja-yi) «É a sua taça»; B1 yuk'ib (yu-k'i-bi) «o seu copo»; C1 ta yutal (ta-yu-ta) «para o seu afrutado»; D1 tsihil kakawa (tsi-li-ka-wa) «cacau fresco ou novo»; D1 Sajal (sa-ja-la?) «do Sajal» (homem subordinado ou exclamador).

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A grande diversidade cultural e natural do país americano pode ser também apreciada nas 380 peças que integram a mostra no MNA, algumas das quais voltam a território mexicano pela primeira vez, como a Carta topográfica de la Ciudad de México, de 1550, proveniente da Universidade de Uppsala (Suécia); a vestimenta litúrgica elaborada com plumas de colibri, seda e linho do século XVIII, assim como outras peças que foram emprestadas pelo Museu do Quai Branly-Jacques Chirac e o Museu das Américas, ambos em França.

«As peças pré-hispânicas, documentos originais e fac-similares, bem como os óleos de artistas mexicanos, revelam o nosso passado para dar um novo significado ao presente», refere ainda a nota dos organizadores.

A exposição divide-se em cinco apartados temáticos: «Território: palcos de vida e paisagens culturais», «Espiritualidade: uma via para compreender o mundo», «O individuo: origem e centro das culturas», «Simbolismo: ideias e representações do mundo» e «O motor da história».

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