Trabalhadores da Índia, mobilizados por uma plataforma conjunta de sindicatos e federações sindicais, realizaram acções de protesto em Nova Déli e em vários pontos do país, exigindo a revogação das leis laborais aprovadas pela direita e que os prejudicam.
A defesa da paz na região e a preparação da greve geral marcada para 9 de Julho foram outros elementos em destaque tanto em plenários realizados à porta das fábricas como na mobilização central, na capital do país, onde os dirigentes nacionais do movimento sindical se dirigiram a uma multidão, indica o Peoples Dispatch.
As iniciativas desta terça-feira enquadram-se no apelo que a plataforma sindical conjunta tinha feito inicialmente com vista à realização de uma greve geral a 20 de Maio e que decidiu adiar para 9 de Julho, tendo em conta a situação no país depois da «Operação Sindoor».
Esta foi a designação que a Índia atribuiu aos seus ataques militares em território paquistanês, a 7 de Maio último, alegando que atingiam «bases terroristas» no país vizinho responsáveis pelos ataques de Pahalgam, perpetrados a 22 de Abril e que vitimaram 26 pessoas, a maioria das quais turistas.
O Paquistão respondeu e a região ficou novamente à beira de uma guerra total entre duas potências nucleares. «Embora tenha sido alcançado um cessar-fogo a 10 de Maio, ambos os governos continuam a atiçar o frenesim de guerra dentro dos seus países», refere a fonte.
«A paz é uma prioridade dos trabalhadores»
Os intervenientes nas mobilizações desta terça-feira expressaram a sua clara oposição a uma eventual guerra entre a Índia e o Paquistão, e sublinharam que os trabalhadores indianos não são a favor da guerra, querem a paz.
Rajiv Dimri, secretário-geral do Conselho Central de Sindicatos de toda a Índia (AICCTU), acusou o governo central de utilizar a situação de guerra para «suprimir as reivindicações crescentes dos trabalhadores», tendo exigido «a contenção imediata das tensões» e «a restauração da normalidade».
Em seu entender, o governo de Narendra Modi está a usar a situação para evitar ser responsabilizado pelas suas falhas em múltiplas frentes, incluindo a defesa do país.
Abordando igualmente este contexto, Tapa Sen, secretário-geral do Centro de Sindicatos Indianos (CITU), disse que a «escalada de tensões no país facilita o saque e a exploração por parte da classe capitalista».
«Isto ocorre num momento em que o resto do país e, particularmente, os trabalhadores são obrigados a viver com o medo de não conseguirem satisfazer as suas necessidades básicas. Isto faz da paz uma prioridade para os trabalhadores», destacou.
Revogar a legislação danosa
Recordando que o governo do Partido Bharatiya Janata (BJP), liderado por Modi, promulgou em 2020 legislação favorável às empresas e inteiramente oposta aos interesses dos trabalhadores, os manifestantes apelaram à sua retirada imediata.
Esta legislação foi aprovada no contexto da pandemia, com o governo indiano a alegar que procurava atrair mais investimento e simplificar «o complexo conjunto de leis relacionadas com o trabalho».
No entanto, tais medidas conheceram forte oposição sindical, na medida em que, acusam os sindicatos, atacam o direito à negociação colectiva e tornam os trabalhadores «completamente vulneráveis e dispensáveis», obrigando-os a maior precariedade e a aceitar horários de trabalho até 12 horas diárias.
Apesar de o governo de Modi não ter conseguido implementar a legislação, devido à oposição dos trabalhadores, estes alertaram, esta terça-feira, que o executivo indiano a está a tentar passar de forma sub-reptícia.
Apelo a uma greve geral histórica
Com vista à realização da greve geral de 9 de Julho e à defesa dos seus direitos e condições de vida, os dirigentes sindicais exortaram os trabalhadores a fazerem frente às divisões sectárias promovidas pela extrema-direita (religiosas, regionais e outras).
«Na ausência de tal unidade, as classes dominantes terão êxito nas suas manobras contra os trabalhadores», frisou Sen, que disse esperar que a paralisação de 9 de Julho seja histórica, com uma participação abrangente sem precedentes.
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