O Dia Nacional do Livro, que se assinala a 29 de Outubro, ficará marcado por campanhas de doações, indica na sua página o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). No Nordeste do Brasil, em áreas rurais e urbanas dos estados de Pernambuco e Alagoas, a recolha de livros permitirá fomentar o lançamento da Rede de Bibliotecas Populares.
O objectivo é ajudar a democratizar o acesso ao livro, que «ainda é um privilégio», uma vez que não chega a grande parte da população – seja nas periferias das cidades, seja nos acampamentos e assentamentos da reforma agrária –, reforçar a luta anti-imperialista – «denunciando as mazelas sociais causadas pelo efeito global do sistema capitalista» –, e contribuir «para o fortalecimento da batalha das ideias por meio da educação popular», revela o Movimento.
«Colocamos os livros como uma simbologia política, de trabalho que materializa ideias e deve ser acessado por todos. E o livro, de certa maneira, possibilita que a partir dele você desenvolva também outras actividades. [...] Então ressaltamos a importância de conhecer a realidade e, a partir daí, procurar entender o porquê das coisas», afirma Carlos Bellé, coordenador da Expressão Popular, editora que surgiu em 1999 no seio do MST, na sequência da campanha de construção da Escola Nacional Florestan Fernandes, e que está a doar milhares de livros para fomentar o lançamento e enriquecer o acervo da Rede de Bibliotecas Populares.
Mochila Militante, para elevar o nível de consciência e potenciar a formação
Para formalizar o compromisso da Expressão Popular com a democratização do acesso aos livros e o incentivo à formação de Agentes Populares, a editora lançou a Mochila Militante, com outras doações. «O objectivo é – segundo o MST – garantir que esses livros estejam nas mãos de pessoas que possam potencializar o debate e as suas possibilidades, a partir da leitura das palavras e do mundo».
Para a Mochila Militante, a editora seleccionou três títulos: «A revolução de Anita, que trabalha a questão da educação popular, a alfabetização no início da revolução cubana; O trabalho de base, que mostra como fazer o trabalho, como se organizar, como fazer uma reunião com ideias bem práticas, do Ranulfo Veloso; e Ideias para a luta, de Marta Annika, que projecta possibilidades de você construir um mundo diferente», explica Bellé, acrescentando: «Esses três materiais são destinados aos militantes que trabalham efectivamente nas periferias, sejam eles no campo da educação popular da saúde ou da organização local.»
Carlos Bellé defende que, «ao elevar o nível de consciência, ao possibilitar o acesso ao conteúdo e as actividades formativas ao conhecimento da realidade, necessariamente você desenvolve os valores humanos, particularmente da solidariedade ou da indignação contra as injustiças». E isso permite «iniciar um processo de formação, autoformação, desenvolvimento de uma consciência crítica. É esse o processo que estamos introduzindo aqui».
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