A Comissão de Inquérito Internacional Independente, integrada por três membros, foi criada em 2021 pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas para investigar violações do direito humanitário e internacional nos territórios palestinianos ocupados por Israel.
No seu mais recente relatório, afirma que Israel «obliterou» o sistema educativo de Gaza e «destruiu mais de metade de todos os locais religiosos e culturais na Faixa de Gaza».
A comissão acusa as forças israelitas de cometerem «crimes de guerra, incluindo ataques dirigidos contra civis e homicídios dolosos, nos seus ataques a instalações educativas que causaram baixas civis».
«Ao matar civis abrigados em escolas e locais religiosos, as forças de segurança israelitas cometeram o crime contra a humanidade de extermínio», refere o documento, citado pelo periódico irlandês The Journal.
«Embora a destruição de bens culturais, incluindo instalações educativas, não tenha sido em si um acto genocida, as provas de tal conduta podem, no entanto, inferir a intenção genocida de destruir um grupo protegido», refere o texto.
Campanha concertada para aniquilar a vida dos palestinianos
Num comunicado que acompanha o relatório, a presidente da comissão, Navi Pillay, diz: «Temos cada vez mais indícios de que Israel está a levar a cabo uma campanha concertada para aniquilar a vida dos palestinianos em Gaza.»
«As crianças em Gaza perderam a infância», declara ainda a jurista sul-africana, frisando que são obrigadas a preocupar-se com a sobrevivência no meio de ataques, incerteza, fome e condições de vida sub-humanas.
«O facto de Israel visar a vida educativa, cultural e religiosa do povo palestiniano irá prejudicar as gerações actuais e futuras, ao comprometer o seu direito à autodeterminação», acrescenta a antiga presidente do Tribunal Penal Internacional para o Ruanda e Alta-Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
Alerta para «genocídio»
Em Maio último, o responsável pela ajuda humanitária da ONU, Tom Fletcher, instou os países do Conselho de Segurança da ONU a tomar medidas «para prevenir o genocídio» na Faixa de Gaza, lembra a fonte.
O subsecretário-geral da ONU para os Assuntos Humanitários exigiu que Israel suspendesse o bloqueio da ajuda humanitária à Faixa de Gaza, onde, de acordo com as Nações Unidas, toda a população corre o risco de fome.
«Irão agir – decididamente – para prevenir o genocídio e garantir o respeito pelo direito internacional humanitário?», perguntou Fletcher em meados de Maio.
De acordo com as autoridades de saúde no enclave, a ofensiva israelita contra Gaza iniciada a 7 de Outubro de 2023 provocou 54 981 mortos – na sua maioria mulheres e crianças.
A estimativa é de que este número seja muito superior, devido ao facto de muitos corpos ainda se encontrarem sob escombros e em espaços inacessíveis às equipas de resgate. A mesma fonte revela que, até ontem, ficaram feridas 126 920 pessoas.
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