«Existe porventura uma prioridade humanitária primordial e isso é travar a fome», disse esta semana Martin Griffiths, actual Subsecretário-Geral para Assuntos Humanitários e Coordenador de Assistência de Emergência das Nações Unidas.
«Hoje, cerca de cinco milhões de pessoas estão a apenas um passo de sucumbir à fome e às doenças que a acompanham. Mais dez milhões estão logo atrás delas», acrescentou Griffiths, ex-enviado especial das Nações Unidas para o Iémen.
A fome, disse, era um sintoma do colapso mais profundo do país. «De muitas maneiras, são todos os problemas do Iémen juntos num só e isso exige uma resposta abrangente», sublinhou Griffiths, citado pela PressTV.
«Uma criança morre a cada dez minutos»
Estas declarações ocorrem num momento em que a meta de financiamento humanitário traçada pela ONU – 4 mil milhões de dólares – nem sequer chegou a metade, e em que o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) afirma que a situação das crianças iemenitas é particularmente terrível.
«No Iémen, uma criança morre a cada dez minutos de causas evitáveis, incluindo má-nutrição e doenças evitáveis por vacinas», disse a directora executiva do organismo, Henrietta Fore, numa reunião do Conselho de Segurança da ONU na segunda-feira.
A Unicef estima que quase 21 milhões de iemenitas necessitem de ajuda humanitária para sobreviver. Metade deles são crianças, das quais 2,3 milhões sofrem de má-nutrição severa. Perto de 400 mil crianças com menos de cinco anos de idade sofrem de má-nutrição severa aguda e estão em risco de morte iminente.
O Iémen é alvo de uma intensa agressão militar desde Março de 2015, liderada pela Arábia Saudita, com o apoio dos EUA, do Reino Unido e de outras potências ocidentais e regionais.
A guerra – que tinha por objectivo suprimir a resistência do movimento Huti Ansarullah e recolocar no poder o antigo presidente Abd Rabbuh Mansur Hadi, aliado de Riade – provocou milhares de mortos, feridos e deslocados, destruiu a infra-estrutura do país árabe e esteve na origem da mais grave crise humanitária dos tempos modernos, segundo as Nações Unidas.
Além disso, o Iémen tem sido submetido a um bloqueio imposto pelas forças agressoras – reiteradamente condenado por organizações de apoio humanitário, que o apontam como responsável pelo aprofundamento das severas carências de que a população sofre.
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