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Mantêm-se os protestos no Equador e Moreno muda-se para Guayaquil

Pelo sexto dia consecutivo, indígenas, agricultores, estudantes e trabalhadores equatorianos mantêm-se nas ruas em protesto contra as medidas económicas lesivas anunciadas pelo governo, sob intensa repressão policial.

Protestos em Quito contra o pacote de medidas económicas anunciado pelo governo de Lenín Moreno, na sequência de um empréstimo contraído ao FMI
Créditos / Twitter

Em várias cidades do Equador – e com particular incidência na capital, Quito – vivem-se momentos de grande tensão, com os manifestantes a exigirem nas ruas o fim do chamado «paquetazo» neoliberal imposto pelo governo de Lenín Moreno, um conjunto de reformas tributárias e laborais que estão de acordo com as habituais «medidas austeritárias» receitadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

O país andino ficou «refém» depois de, em Março deste ano, ter chegado a acordo com o Fundo sobre um empréstimo de mais de 4200 milhões de dólares. Como de costume, a aprovação destes créditos, por parte do FMI, vem acompanhada da exigência de alterações das políticas económicas internas dos países.

No passado dia 1, Lenín Moreno, cujo executivo insiste que não haverá marcha atrás nas medidas decretadas, anunciou que, «a bem da economia», os funcionários públicos perdem metade dos dias de férias, sofrem reduções salariais e têm de descontar um dia de salário mensal.

Além disso, o mandatário anunciou o fim dos subsídios estatais à gasolina especial e ao gasóleo – medida que gerou grande revolta e que, segundo a Prensa Latina, já provocou a subida dos preços dos transportes públicos e de bens de primeira necessidade.

Mobilizações e forte repressão

Com o estado de excepção em vigor – decretado pelo presidente por um período de 60 dias e limitado a 30 pelo Tribunal Constitucional –, a população não desmobiliza das ruas, mesmo tendo de fazer frente à grande repressão da Polícia, que tem usado gás lacrimogéneo, cacetetes, viaturas blindadas e cavalos contra os manifestantes.

Com as ruas de Quito num estado de caos – os manifestantes têm recorrido a pedras, garrafas, paus e pneus queimados –, as autoridades divulgaram, esta segunda-feira, que tinham efectuado 477 detenções, mas não publicaram dados sobre o número de feridos e falecidos nos protestos, nem dados concretos sobre a brutalidade policial – que tem sido possível constatar em vídeos publicados nas redes sociais.

Também ontem, centenas de manifestantes dirigiram-se para as imediações da sede do governo, o Palácio de Carondelet, onde Lenín Moreno ia dar uma conferência de imprensa e que teve de ser evacuado, segundo refere a RT.

Moreno em Guayaquil

Ao final da tarde, viaturas militares chegaram ao palácio presidencial e, segundo referia uma jornalista da TeleSur, o paradeiro de Moreno era desconhecido. Acabaria por anunciar algumas horas mais tarde, já em Guayaquil, cidade junto ao Pacífico, cerca de 420 quilómetros a sudoeste de Quito, que havia decidido mudar para ali a sede do governo.

Sobre o que se passa no país, o presidente disse que é resultado de «uma intenção política com vista a desestabilizar o governo», tendo ainda apontado o dedo ao anterior presidente, o dirigente da Revolução Cidadã, Rafael Correa, e ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, segundo refere a RT.

Apesar da intensa repressão, os manifestantes que protagonizam protestos e paralisações não dão sinais de desmobilizar, indica a mesma fonte. Organizações de indígenas afirmaram que esta esta terça-feira eram esperados em Quito mais de 20 mil.

Por seu lado a TeleSur revela que, esta madrugada, milhares de indígenas entraram na cidade de Guayaquil para ali dar sequência aos protestos contra o chamado «paquetazo» decretado por Moreno.

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