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Líderes do BRICS apostam na cooperação e no multilateralismo

Reforço do multilateralismo, reforma das instituições internacionais e avanço rumo a uma ordem internacional «mais justa» foram questões vincadas pelos líderes do BRICS, revela uma nota da Presidência brasileira.

Créditos / gov.br

A cimeira extraordinária virtual do grupo BRICS realizou-se esta segunda-feira por iniciativa do presidente do Brasil – que actualmente detém a presidência do grupo –, visando debater uma resposta conjunta às tarifas e sanções impostas pelos Estados Unidos.

Na ocasião, ao abordar o impacto das medidas extraterritoriais nas economias emergentes, Lula da Silva frisou que o princípio do «dividir para conquistar» é a nova estratégia da acção unilateral e que o grupo BRICS deve mostrar que a cooperação ultrapassa qualquer forma de rivalidade.

No entender do chefe de Estado brasileiro, as políticas tarifárias e outras barreiras visam fragmentar blocos e limitar as alternativas de desenvolvimento de países soberanos.

Nesse sentido, pediu aos países que integram o grupo BRICS que defendam o multilateralismo «a uma só voz» nos fóruns internacionais, alertando que o unilateralismo não vai permitir que os países atinjam as metas de «justiça e prosperidade».

Compromisso reafirmado

Numa «Nota da Presidência» divulgada na conta de Twitter (X) de Lula da Silva sobre a «Reunião Virtual de Líderes do BRICS», afirma-se que, tendo em conta a crescente instabilidade internacional, tanto no campo económico como no político, o grupo «reafirmou seu compromisso com a preservação e o fortalecimento do multilateralismo, bem como com a reforma das instituições internacionais».

Entre outros aspectos, também se destaca o consenso sobre «a necessidade de avançar rumo a uma ordem internacional mais justa, equilibrada e inclusiva, capaz de refletir as transformações em curso e responder de maneira mais eficaz às demandas do Sul Global».

Ainda de acordo com o texto, a reunião foi igualmente ocasião para partilhar perspectivas sobre o modo de «enfrentar os riscos associados ao recrudescimento de medidas unilaterais, inclusive no comércio internacional, e sobre como ampliar os mecanismos de solidariedade, coordenação e comércio entre os países do BRICS».

«O agrupamento permanecerá empenhado em contribuir ativamente para a paz, para a defesa do multilateralismo e para a construção de soluções coletivas para os desafios globais», destaca a nota.

China apela à cooperação prática e à unidade

Participaram no encontro virtual representantes de todos os países que integram o BRICS como membros de pleno direito: os líderes do Brasil, China, Egipto, Indonésia, Irão, Rússia e África do Sul, e governantes dos Emirados Árabes Unidos, da Índia e da Etiópia.

Ao intervir, o presidente chinês, Xi Jinping, alertou para a «transformação sem precedentes num século» que o mundo atravessa, marcada pela «hegemonia, o unilateralismo e o proteccionismo».

«Alguns países iniciaram sucessivas guerras comerciais e tarifárias, o que afecta gravemente a economia mundial e prejudica as regras do comércio internacional», alertou.

Neste contexto, Xi Jinping exortou os países do grupo a reforçar o multilateralismo e a promover o estreitamento da cooperação no seio do Sul Global, tendo proposto linhas de acção com vista ao aprofundamento da cooperação.

«Quanto mais estreita for a nossa cooperação, maior capacidade teremos para enfrentar os desafios externos», afirmou, citado pela Prensa Latina.

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Ao intervir, o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, também destacou às mudanças geopolíticas e comerciais profundas que o mundo atravessa, tendo referido que as medidas comerciais unilaterais afectam em especial os países do Sul Global, prejudicando o emprego e criando obstáculos ao crescimento económico.

Por isso, defendeu que o actual contexto exige uma «transição para o multilateralismo» e exortou os países do grupo a reforçar o multilateralismo e a reconfigurar o comércio mundial de modo a favorecer as economias em desenvolvimento.

Ramaphosa destacou a importância da cooperação, o consenso negociado e a solidariedade com vista a uma melhoria eficaz da vida dos povos. «Empreendamos juntos estas acções com espírito de aliança e solidariedade», declarou.

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