Jesús Gutiérrez Vergara, de 47 anos e repórter do portal Notiface, foi morto no domingo à noite, em San Luis Río Colorado, num ataque alegadamente perpetrado por elementos do crime organizado, no qual foi também morto um agente da Polícia Municipal e em que outros três agentes ficaram feridos, indica o periódico La Jornada na sua edição desta terça-feira.
As primeiras investigações apontam para que o atentado tenha sido dirigido contra os elementos da Polícia Municipal, revelou em comunicado a Procuradoria-Geral de Justiça do Estado.
O ataque armado ocorreu quando, a alguns metros da sua casa, Jesús Gutiérrez Vergara se aproximou da viatura em que seguiam os agentes e começou a conversar com eles.
Numa região fronteiriça, onde tem aumentado a violência de grupos criminosos que procuram controlar o tráfico de drogas entre o México e os Estados Unidos, vários indivíduos abriram fogo, usando espingardas de assalto, refere o La Jornada.
No mesmo comunicado, a Procuradoria informou que os agentes se encontravam fora de serviço, e Gustavo Salas, procurador de Sonora, disse que, na madrugada de segunda-feira, foram efectuadas várias detenções de homens alegadamente envolvidos no ataque.
Uma matança que ninguém estancou
Numa nota publicada na Prensa Latina, Teodoro Rentería Arróyave, presidente fundador e vitalício honorário da Federação das Associações de Jornalistas Mexicanos, também dá conta destes factos, não descartando a possibilidade de o «acto criminoso» ter sido cometido por agentes da Polícia.
Exigindo o esclarecimento cabal do sexto assassinato de um jornalista em 2023, de acordo com a Monitorização Permanente das organizações sindicais, Rentería Arróyave quer também uma resposta à «onda de violência contra as liberdades de imprensa e de expressão» que se vive.
De acordo com os dados das organizações sindicais, registaram-se 76 assassinatos contra a liberdade de imprensa e de expressão durante o período de governação do presidente Andrés Manuel López Obrador, em que se incluem: 57 jornalistas; cinco locutores; seis trabalhadores da imprensa; quatro familiares e um amigo de jornalistas, e três guarda-costas.
Seguindo o mesmo mecanismo de registo, o jornalista, escritor e dirigente sindical indica que, de 2000 até à data, ocorreram 313 assassinatos: 259 jornalistas; sete locutores; 16 trabalhadores da imprensa; 15 familiares e dez amigos de comunicadores; dois civis, e três guarda-costas.
Indo mais atrás, até 1983, Rentería Arróyave regista 379 assassinatos. Destes, 322 eram jornalistas; sete locutores; 16 trabalhadores da imprensa; 18 familiares e 11 amigos de comunicadores; dois civis, e três escoltas. Neste período, acrescenta, há ainda 28 desaparecimentos forçados por esclarecer.
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