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Inglaterra: minorias podem pagar «penalização étnica» no seguro automóvel

Negros e asiáticos podem estar a pagar uma «penalização étnica» de pelo menos 330 euros por ano no seu seguro automóvel, revela uma investigação realizada ao longo de um ano pela organização Citizens Advice.

Créditos / walesonline.co.uk

Num relatório agora publicado, o organismo diz que a sua investigação descobriu uma «tendência chocante» de minorias étnicas que pagam muito mais pela cobertura automóvel que as pessoas brancas, sendo que, nalguns locais, a penalização ultrapassou os 1100 euros.

Em colaboração com a agência de investigação Europe Economics, a Citizens Advice levou a cabo 649 operações de cliente mistério relativas a quotizações de seguro automóvel, tendo utilizado seis nomes de clientes diferentes em oito códigos postais de Inglaterra, informa o The Guardian.

O objectivo era comparar áreas com alta proporção de população branca com outras em que prevaleciam habitantes negros e asiáticos.

A organização estima que 754 mil pessoas pertencentes a minorias étnicas tinham apólices de seguro automóvel e residiam em zonas onde a política de «penalização étnica» foi aplicada.

Em algumas áreas «a diferença de preço foi superior a 100%», de acordo com a Citizens Advice, sublinhando que factores de risco comuns, como taxas de criminalidade e níveis de privação, não podem explicar isto.

«Preocupa-nos que isto sugira que zonas com grandes comunidades de cor possam ser identificadas como mais arriscadas, mesmo quando os factores de risco objectivos são controlados», afirma.

Uma zona de Bristol e um alerta de 2016

Em Bristol – onde se localizam dois dos códigos postais analisados –, numa zona onde 41% da população é negra e 18% é do Sul da Ásia, a apólice média para um Vauxhall Corsa foi de 340 euros, ou seja, 51% mais alta que a de um bairro a menos de três quilómetros de distância, onde 87% da população é branca. «Isto ocorre apesar de a zona branca ter uma taxa de criminalidade relativa mais elevada», refere o relatório.

Para os «clientes», os investigadores escolheram nomes habitualmente associados a certos grupos étnicos, embora a Citizens Advice tenha afirmado que estes acabaram por não ter muito impacto nos preços.

«Isto sugere que esta penalização é paga por todos os que vivem numa determinada zona, independentemente da sua etnia. No entanto, as pessoas de cor são [estatisticamente] muito mais propensas a pagá-la», acrescentou.

Além disto, a organização analisou 18 mil preços de seguro automóvel apresentados por pessoas que lhe solicitaram ajuda com dívidas em 2021. Em média, afirmou, as pessoas negras e asiáticas pagam mais 300 euros por ano que as pessoas brancas.

Não é a primeira vez que etnia e preços de seguros são associados. Em 2016, um relatório co-escrito pelo ex-comissário para igualdade Trevor Phillips afirmava que milhões de pessoas que viviam em áreas com grande número de famílias de minorias étnicas estavam a pagar uma «penalização de minoria étnica» em prémios de seguro automóvel até 540 euros por ano, refere o The Guardian.

Em resposta aos dados recentes apresentados pela Citizens Advice, o director da política geral de seguros da Associação Britânica de Seguradoras, James Dalton, disse que estas «nunca usaram a etnia como factor para estabelecer preços» e que os membros da associação cumprem a Lei da Igualdade.

Dalton afirma que os preços dos seguros são determinados por níveis de risco individuais e que a etnia não é um deles.

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