Mais de 400 organizações, associações, partidos e sindicatos convocaram as manifestações deste domingo contra a lei «racista e xenófoba», uma semana antes de outra jornada de protesto, agendada para dia 21 na sequência do «apelo dos 201» (signatários), e a dez dias de que o Conselho Constitucional se pronuncie sobre o texto da lei da imigração, aprovado a 19 de Dezembro último.
Em cidades como Nimes, Bordéus, Marselha, Paris, Saint-Etienne, Lyon ou Estrasburgo milhares de pessoas desfilaram pelas ruas, exibindo faixas, cartazes e gritando palavras de ordem contra o executivo francês e a «lei racista» que aprovou em conjunto com a extrema-direita.
No seu apelo à manifestação de ontem, o sindicato Solidaires refere-se à lei como «a mais regressiva em 40 anos». «Esta lei racista e xenófoba restringe o direito de permanência, aumenta consideravelmente a repressão, ataca o direito ao asilo, o direito à terra, os estrangeiros doentes, os estudantes não europeus, a reunificação familiar», afirma, citado pelo Libération.
«O ataque ao alojamento de emergência, o endurecimento do acesso a benefícios sociais, incluindo abonos de família e assistência à habitação, vai atirar as famílias para a rua ou para os braços dos senhores dos bairros de lata, em particular as mulheres migrantes», denuncia.
«Uma lei feita para nos manter na precariedade e nos marginalizar»
Na manifestação parisiense, que partiu da Praça da República, vários milhares de pessoas marcharam contra a «lei racista». «Exigimos a retirada total da lei. Viemos para França para trabalhar, não somos delinquentes», afirmou Mariama Sidibé, antiga empregada doméstica (reformada) e porta-voz do colectivo de migrantes indocumentados de Paris.
«É uma lei racista, feita para nos manter na precariedade e nos criminalizar; esta mobilização é apenas o início», disse Aboubacar Dembélé, do colectivo de trabalhadores indocumentados de Vitry-sur-Seine (departamento de Vale do Marne).
Espera-se que a jornada de mobilização do próximo domingo seja ainda maior que a de ontem, promovida por vários sindicatos, incluindo a Confederação Geral do Trabalho (CGT), cujo portal, assim como o de L'Humanité, publicou há dias o «apelo dos 201» à mobilização contra a lei da imigração.
Nele, sublinha-se a necessidade de dizer «não» a este «perigoso ponto de viragem na nossa República» e a um texto legislativo escrito «sob o ditado de traficantes de ódio que sonham em impor a França o seu projecto de "preferência nacional"».
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