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|Índia

Índia: operação policial de grande envergadura contra a liberdade de imprensa

Ao abrigo da Lei de Prevenção de Actividades Ilícitas, a Polícia indiana efectuou buscas em mais de 100 casas e deteve 50 jornalistas, esta terça-feira. Os alvos foram meios com uma linha de esquerda.

Em Kerala, o governo reeleito da Frente Democrática de Esquerda continua a dar prioridade à melhoria das condições de vida, mesmo em tempos de crise, seguindo uma linha bem diferente da do governo da Índia, liderado por Narendra Modi 
Imagem de reportagem do Newsclick em Kerala Créditos / Newsclick

A Polícia entrou em mais de 100 casas de jornalistas e antigos funcionários de meios de comunicação com uma linha de esquerda, como o Newsclick e o Peoples Dispatch, e dos Tricontinental Research Services, na manhã de terça-feira, sobretudo em Nova Déli.

A operação alargou-se às cidades de Noida, Ghaziabad e Gurgaon, na área metropolitana da capital indiana, e a Mumbai. Segundo refere o Peoples Dispatch, cerca de 50 pessoas foram detidas e levadas para esquadras para prestarem depoimentos adicionais.

O editor-chefe do Newsclick, Prabir Purkayastha, e o administrador Amit Chakraborty foram presos, numa operação em que participaram cerca de 500 agentes da Polícia e dos serviços de inteligência, e levada a cabo ao abrigo da Lei de Prevenção de Actividades Ilícitas (UAPA, na sigla em inglês).

Ataque à democracia

Segundo refere o Peoples Dispatch, com base nos registos policiais, o processo contra o Newsclick ao abrigo da UAPA decorre desde 17 de Agosto, «apenas uma semana depois de uma publicação no New York Times que alegava que o Newsclick, entre outros meios de comunicação progressistas, faz parte de uma rede de propaganda noticiosa chinesa».

A peça, indica a fonte, gerou escândalo político e mediático na Índia, com «meios de comunicação de direita a publicarem dezenas de peças a acusar sem fundamento» os jornalistas do órgão referido de estar ao serviço da propaganda da China.

Além disso, acrescenta, deputados do Bharatiya Janata Party, fundamentalista hindu e de extrema-direita, e figuras como o ministro do Interior, Amit Shah, também vieram a público fazer declarações de teor semelhante.

Onda de condenação

As buscas, as detenções e os ataques à liberdade de expressão foram amplamente condenados por organizações progressistas, associações de imprensa e partidos da oposição por toda a Índia como «um ataque grave à democracia, às liberdades e aos direitos humanos».

Entre outros, a fonte refere declarações e comunicados da Editors Guild of India, do Delhi State Unit of All India Lawyers' Union, da All India Democratic Women's Association (AIDWA) ou da Students Federation of India (SFI), em que o governo de Modi não é poupado.

A casa do secretário-geral do Partido Comunista da Índia (Marxista), Sitaram Yechury, foi uma das visadas pelas buscas desta terça-feira, porque o filho de uma pessoa com quem vive trabalha no Newsclick.

«A Polícia veio para o interrogar. Levaram o computador portátil e o telemóvel. O que é que estão a investigar? Ninguém sabe. Se isto é uma tentativa de silenciar os media, o país deve conhecer as razões por trás disto», disse Sitaram Yechury.

Esta não é a primeira operação de acosso contra o Newsclick, meio de comunicação conhecido pela linha de esquerda e pelas reportagens das mobilizações de trabalhadores e camadas desfavorecidas na Índia, de Tamil Nadu e Kerala a Haryana e Caxemira, de Bengala Ocidental, Manipur e Tripura ao Rajastão e Punjabe.

Quando foi invadido e acusado de «lavagem de dinheiro», em 2021, estavam os protestos dos agricultores no auge e o Newsclick dava-lhes ampla cobertura.

Então, os tribunais garantiram protecção contra quaisquer «medidas coercivas», refere o Peoples Dispatch, sublinhando que isso é mais difícil quando as autoridades recorrem a uma medida draconiana como a UAPA.

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