Uma das acções destacadas terá lugar na sexta-feira, com jovens a reivindicarem o símbolo de origem indígena numa mobilização que representará entidades das 20 províncias do departamento de La Paz, na sequência das ofensas repetidas à wiphala em Santa Cruz, refere a Prensa Latina.
No passado dia 24, nas cerimónias do 211.º aniversário do Grito Libertário de Santa Cruz, o governador do departamento, o político de extrema-direita Luis Fernando Camacho, impediu que o vice-presidente boliviano, David Choquehuanca, proferisse o seu discurso.
De forma paralela, indica a Agencia Boliviana de Información (ABI), alguns dos apoiantes de Camacho retiraram do mastro, à força e entre empurrões, a wiphala (termo da língua aimara) que tinha sido içada por Choquehuanca. Além disso, agrediram e expulsaram do local um dirigente indígena.
O Movimento para o Socialismo já pediu ao Ministério Público que investigue as ofensas realizadas em Santa Cruz contra o símbolo nacional, sublinhando que estão em causa «direitos fundamentais», nomeadamente o de «liberdade de pluralismo ideológico» e o de «expressão».
Por seu lado, a Federação Especial dos Trabalhadores Camponeses do Trópico de Cochabamba condenou o «ultraje» e exigiu ao Ministério Público que actue contra Camacho e seus correligionários, como o actual presidente do Comité Cívico pro Santa Cruz, Rómulo Calvo.
Membros do partido Creemos, liderado por Camacho, retirou esta terça-feira do seu local, mais uma vez, a wiphala, bandeira de sete cores, aos quadrados, que representa os povos indígenas e é um dos símbolos nacionais da Bolívia.
Os aliados de Camacho, um dos agitadores no golpe de Estado de 2019 contra Evo Morales, chamaram «vândalos e delinquentes» a quem colocou no edifício do governo departamental a bandeira indígena, cumprindo a Constituição Política do Estado.
«Não vamos permitir que faltem ao respeito a David Choquehuanca»
Ao discursar esta quarta-feira em El Alto, a presidente do município, Eva Copa, manifestou solidariedade com o vice-presidente boliviano, David Choquehuanca, sublinhando que foi o povo quem escolheu «quem nos governa» e não permitirá que «ninguém lhe falte ao respeito», sendo «uma autoridade democraticamente eleita».
Copa disse que já «basta de confronto», que «já não é tempo de divisão, é tempo de que falemos a linguagem da paz para todos», em alusão ao que se passou no aniversário da fundação de Santa Cruz, refere a ABI.
«A wiphala não é um partido político, a wiphala é do povo, a wiphala (é) dos 36 povos indígenas, originários e camponeses, (…) não confundam, não politizem este tema e as autoridades façam o que têm de fazer», frisou a autarca de El Alto.
Lembrou ainda que a wiphala não é um mero trapo e que, como outros símbolos, tem um estatuto nacional reconhecido pela Constituição, desde 2008.
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