Para o partido político dominicano, a medida representa uma «submissão aos interesses do imperialismo norte-americano» e uma «afronta» à tradição solidária do povo dominicano com os países latino-americanos e caribenhos.
«O governo dominicano, ao excluir estes povos irmãos, age em oposição à soberania nacional e trai a tradição de integração, respeito mútuo e autodeterminação que defendemos nos momentos mais difíceis da nossa história», disse María Teresa Cabrera, presidente da Frente Ampla (FA).
Cabrera recordou que a República Dominicana sabe bem o que são as consequências da intervenção estrangeira, nomeadamente a da invasão norte-americana de 1965 – momento em que o apoio latino-americano foi decisivo para a causa dominicana na defesa da sua independência.
Assim, a FA instou as forças populares, democráticas e progressistas do país caribenho a pronunciarem-se de forma contundente contra esta «política exclusivista», que debilita o espírito de integração no hemisfério e limita a possibilidade de um diálogo verdadeiramente inclusivo, indica El Nuevo Diario.
«O sentir do nosso povo não é de obediência servil, mas de dignidade e autodeterminação. A República Dominicana deve ser exemplo de soberania e solidariedade, não de subordinação a interesses alheios», frisou Cabrera, citada pela fonte.
Além disso, a organização política reafirmou o seu compromisso com a defesa da soberania, a integração regional e a autodeterminação dos povos, declarando que irá promover uma resposta política e social que represente a dignidade da maioria dominicana.
Claudicação perante as pressões de Rubio, denuncia Cuba
Esta terça-feira, o governo dominicano anunciou a sua decisão de não convidar Cuba, Venezuela e Nicarágua à X Cimeira das Américas, argumentando que dá prioridade ao êxito do encontro.
«A Cimeira das Américas, lançada pelos Estados Unidos em 1994, passou a ser coordenada estreitamente pela Organização dos Estados Americanos (OEA), através da sua Secretaria de Cimeiras. Este quadro estabelece limitações específicas quanto à participação», declara o governo dominicano numa nota oficial.
Ainda na terça-feira, o ministro cubano dos Negócios Estrangeiros, Bruno Rodríguez, expressou «profunda preocupação e repúdio» por uma «decisão imposta» por Washington à República Dominicana.
Na sua conta de Twitter (X), o diplomata divulga uma nota do ministério que tutela, na qual se afirma que «esta decisão constitui uma evidente claudicação perante as brutais pressões unilaterais do secretário de Estado norte-americano», Marco Rubio.
«Uma Cimeira das Américas construída sobre a exclusão e coerção está condenada ao fracasso», sublinha a nota.
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