A iniciativa, que decorreu na Biblioteca Nacional al-Assad, contou com a participação de representantes do governo sírio, como o ministro para os Assuntos Parlamentares, Ahmad Bosutaji, ou o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Bassam Sabbagh.
Estiveram igualmente presentes na homenagem, realizada no contexto do sétimo aniversário da morte de Fidel (25 de Novembro de 2016), o secretário-geral do Partido Comunista Sírio (Unificado), Najem Eddin al-Khuret, altas patentes das Forças Armadas, embaixadores em Damasco, representantes de partidos e facções palestinianas, bem como inúmeros jovens e estudantes, refere a Prensa Latina.
Na ocasião, o embaixador cubano, Luis Mariano Fernández Rodríguez, disse que «a comemoração do aniversário da partida física do Comandante não é nem será de tristeza, porque as suas ideias e legado de justiça social estão presentes, hoje mais que nunca, na consciência dos que lutam por um mundo melhor, onde vinguem os valores da solidariedade, cooperação, paz e bem-estar para todos os seres humanos, sem discriminações de qualquer espécie».
Fernández Rodríguez referiu-se ao «excepcional discurso» de Fidel na Assembleia Geral das Nações Unidas em 1979, à sua defesa da justa luta do povo palestiniano e o seu apoio aos seus direitos inalienáveis.
O diplomata destacou ainda a importância da histórica visita de Fidel à Síria em 2001, bem como o seu apoio à luta do país levantino pela soberania e independência, tendo ainda ressaltado a estreita relação que o unia ao antigo presidente sírio Hafez al-Assad.
Fidel: uma figura excepcional, que ultrapassa os limites do tempo
Ao intervir no acto, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Bassam Sabbagh, declarou que Fidel é «uma figura excepcional pelos seus princípios firmes de suma importância e o seu apoio aos movimentos de resistência e de luta pela autodeterminação», em particular à causa palestiniana.
«Fidel ultrapassa os limites do tempo e é uma figura internacional que se tornou parte da história do mundo», defendeu.
Para enfrentar a manipulação histórica e a ofensiva mediática que procura apresentar Cuba dos anos 40 e 50 como país de abundância e glamour, o acesso ao livro «contra a desmemória» tornou-se mais fácil. Os portais Cubadebate e Fidel Soldado de las Ideas convidam os seus leitores a fazer o download gratuito da obra Fidel Castro, ¿qué se encontró al triunfo de la Revolución?, compilada por Juan Carlos Rodríguez e publicada em 2016 pela editorial Capitán San Luis, em Havana. Com uma linguagem acessível e amplamente ilustrado, o livro aborda a entrada de Fidel em Havana e os primeiros meses da Revolução. «Através da fotografia, da imprensa da época e alguns testemunhos, o volume dá conta da Cuba que encontraram os barbudos» e da transformação que o país caribenho sofreu às mãos do governo revolucionário: campanha de alfabetização, Reforma Agrária, criação do Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográficos (Icaic), cuidados de saúde, refere o Cubadebate. A realidade com que Fidel se deparou no triunfo da Revolução, em 1959, é muito distante do «salão de jogos, festas e luxos» que alguns queriam vender como postal de Havana e da Ilha. Nos campos de Cuba, despejos de camponeses, tempo morto, fome e miséria. Duzentas mil famílias sem uma vara de terra para cultivar umas hortaliças para os filhos. Viviam em cabanas com tectos de guano, chão de terra, sem saneamento nem latrina, sem água corrente. «Do malecón habanero, a cidade mostrava a sua melhor cara, enfeitada com uma fita luminosa. Mais atrás escondia-se a penúria e a miséria mais dolorosa. A tragédia do mundo rural expressava-se em textos de escritores e em estúdios de investigadores das mais variadas tendências ideológicas. Eram as crianças raquíticas, devoradas pelos parasitas, os adultos consumidos pela tuberculose». «Quando vieram a Havana, em 1959, desdentados e macilentos, em muitos casos, habitantes de uma ilha comprida e estreita não tinham visto o mar nem sabiam o que era a electricidade. Pesava sobre eles o analfabetismo, a desprotecção sanitária, a sujeição à interminável cadeia de arrendatários, subarrendatários, à ausência de caminhos para vender o resultado das suas pobres colheitas. Não conheciam o cinema e, muito menos, a televisão», lê-se na obra [tradução nossa]. Nos anos 50 eram divulgados os números da «prosperidade»: aumento do número de automóveis que circulavam nas cidades, residências e casas de apartamentos, introdução da televisão no país. Mas, nota o portal, aquilo não representava uma melhoria geral do nível de vida, uma vez que Cuba tinha mais de seis milhões de habitantes e o dito progresso alcançava algumas dezenas de milhares. Os bairros eram insalubres, havia despejos, o preço dos alugueres era elevado e o das tarifas eléctricas não estava ao alcance dos mais pobres, revela o sítio cubano. «Em 1953, 22% das casas em Cuba pertenciam aos seus ocupantes; 65% careciam de canalização e 72% não possuíam serviço de saneamento próprio; 42% não tinham serviço de electricidade e 13% dispunham de um só quarto». No campo, «55% de todas as casas careciam de sanita ou mesmo de latrina, o que explicava, em parte, o espantoso apogeu do parasitismo. 14% dos trabalhadores agrícolas tiveram tuberculose, 13% tiveram febre tifóide e 36% diziam ter parasitas». Havia crianças que viviam nas ruas e dormiam onde calhava. Muitas viam-se obrigadas a trabalhar para ajudar a economia empobrecida da casa. Vendiam bilhetes de lotaria, jornais e revistas, engraxavam sapatos ou pediam esmola nas ruas – por vezes, pediam umas moedas aos passageiros de autocarros depois de improvisarem um canto. «Crianças que passavam fome. Nenhuma ia à escola», num país onde havia 600 mil desempregados e onde 1,5 milhões de cubanos, maiores de seis anos – numa população de seis milhões – não possuíam aprovação em qualquer grau de escolaridade, indica o portal cubano. As zonas costeiras estavam nas mãos de entidades privadas. Em 1959, acabou o regime de exclusivismo e diversas formas de discriminação racial que eram praticadas nesses locais, e foi declarado o acesso público às praias. Apesar de tudo isto, dos avanços alcançados e reconhecidos internacionalmente, designadamente ao nível da Educação e da Saúde, num contexto agressivo de bloqueio, a ofensiva mediática e manipulação persistem, tentando passar junto de gerações que não tiveram contacto com a realidade de Cuba pré-revolucionária a imagem dos anos 40 e 50 do século XX como uma «época dourada», como explica Fabio Fernández Batista, professor de História de Cuba na Universidade de Havana, numa entrevista recente ao diário Granma – «Los cubanos de hoy ante la manipulación histórica y la guerra mediática». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
«Fidel Castro, ¿qué se encontró al triunfo de la Revolución?», acessível em pdf
Que encontrou Fidel quando a Revolução triunfou?
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O diplomata sírio disse ainda que é «uma honra evocar em Damasco um homem gigante como ele», pois os seus valores, façanhas e ideias continuarão enraizados nas novas gerações.
No âmbito da iniciativa, foi exibido material audiovisual que fez o resumo de momentos importantes da vida e da luta de Fidel, desde a Sierra Maestra até à sua partida física.
Foi também inaugurada, na Biblioteca Nacional, uma exposição de fotografia intitulada «Fidel é Fidel», que destaca a sua visita à Síria e a sua luta na Sierra Maestra.
Posteriormente, foi depositada uma coroa de flores no monumento ao ex-presidente sírio Hafez al-Assad, onde Fidel também esteve em 2001.
Em declarações exclusivas à agência Sana, o embaixador cubano afirmou que o reforço das relações bilaterais entre o país caribenho e a Síria é a melhor forma de honrar o líder histórico cubano.
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