Para justificar «o desmantelamento e a liquidação» do transporte de mercadorias na empresa pública SNCF (Société Nationale des Chemins de Fer), o governo de Macron alega que pretende evitar uma multa da Comissão Europeia, que suspeita que a filial do transporte de mercadorias recebeu «ajudas ilegais do Estado num mercado aberto à concorrência desde 1 de Janeiro de 2007», refere o Libération.
A Confederação Geral do Trabalho (CGT) faz uma leitura diferente, considerando que administração da SNCF e governo são aliados no «desmantelamento da empresa pública», com «ataques sem precedentes», em que se enquadram a liquidação do transporte de mercadorias, a criação de um grupo de interesse económico (GIE) e a abertura à concorrência.
De acordo com a central sindical de classe, a mobilização desta quinta-feira em Bourget (Seine-Saint-Denis), frente à sede da SCNF, foi «massiva», com os trabalhadores a denunciarem as actuais políticas de destruição da ferrovia pública e a defenderem a aposta no sector.
Para a CGT, mais tarde ou mais cedo será indispensável dar «uma resposta mais global» a esta situação. Entretanto, pediu aos ferroviários que permaneçam mobilizados e que, no próximo dia 22, participem na mobilização convocada para Lille.
Privado vai defender transporte rodoviário
Também presentes no protesto de ontem em Bourget, onde se situa uma das estações de transporte de carga mais importantes de França, estiveram trabalhadores filiados no sindicatos SUD-Rail. Em declarações à imprensa anteriores à mobilização, um trabalhador em greve disse que a «restruturação» da empresa põe em causa 500 postos de trabalho.
Em seu entender, os empregos ligados à manutenção também estão em causa. «Certas linhas vão ser suprimidas porque não são suficientemente rentáveis» e, «se as empresas privadas defendem que o transporte rodoviário é mais rentável, não se vão incomodar em manter linhas onde passam alguns comboios de passageiros», alertou.
Também presentes na mobilização desta quinta-feira estiveram várias organizações ecologistas, que alertam para o «desastre ambiental associado ao social», uma vez que o transporte de mercadorias ferroviário, muito menos poluidor, vai sofrer com a privatização do serviço público.
«Queremos fazer a ligação entre o social e o movimento pela defesa do ambiente», afirmou Benoît, reformado e membro dos Amis de la terre e da Alternatiba.
Como ele, indica o Libération, estiveram no local uma quinzena de militantes ecologistas a apoiar os ferroviários em greve. «Ecolos, cheminots, faisons dérailler le patronat» [Ecologistas, ferroviários, façamos descarrilar o patronato] era a palavra de ordem que os unia na defesa do serviço ferroviário público de qualidade, dos postos de trabalho e de um transporte mais limpo.
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