Numa entrevista à Red Patria Nueva, o diplomata boliviano e ex-ministro da Presidência disse que, hoje, os «governos fantoches» são civis e não militares, como nos anos 70, quando na região foi implementado o chamado Plano Côndor, com a execução de vários golpes de Estado.
«Hoje, a situação mudou, as novas marionetas são civis; portanto, há uma contra-ofensiva política, para pôr a governar governos fantoches. Não é um acaso», explicou, citado pela Agencia Boliviana de Información (ABI).
Para Quintana, «um claro exemplo desta situação é a presidência de Michel Temer, no Brasil, que, pese embora ser o presidente mais "impopular" da região, governa com a ajuda de um conglomerado de órgãos de comunicação financiados pela administração norte-americana».
No âmbito da «contra-ofensiva», o embaixador da Bolívia em Cuba alertou para o «brutal estrangulamento económico» a que a Venezuela é sujeita e para a desestabilização social e política na Nicarágua, sendo que «ambos os países são governados por dirigentes progressistas».
Referindo-se a outros países da região e, em especial, do Cone Sul, Quintana classificou como «vergonhosa» a governação do presidente do Equador, Lenin Moreno, que qualificou como «traidor ao seu povo».
América Latina, região geopolítica prioritária
«A América Latina transformou-se, mais que nunca, numa das regiões com maior prioridade geopolítica para os Estados Unidos», disse Quintana, acrescentando que não é por acaso que «à Colômbia, símbolo da beligerância na região, foi atribuído um estatuto especial, de modo a integrá-la na NATO».
Para reforçar a noção de que os EUA «estão a fazer pagar o preço aos países da América Latina», o diplomata boliviano referiu-se a eventuais cenários de derrota dos EUA nas «guerras no Médio Oriente» e de «enfraquecimento da aliança militar e política com a Europa», num contexto «de crescimento e expansão da China, e de potenciamento da Rússia».
Sobre o caso concreto do seu país, disse que a administração norte-americana leva a cabo uma «estratégia de criminalização do processo político», na medida em que o país andino «está a participar na primeira divisão da geopolítica global».
«O povo boliviano tem de perceber que a Bolívia deixou de ser um peão submisso», frisou.
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