«Manifestamos nosso posicionamento contrário à privatização da Eletrobras em curso, tendo em vista que esta poderá incorrer em prejuízos irreparáveis para a soberania nacional e para capacidade de gestão e geração de energias limpas e de baixo custo», diz o Manifesto dos Economistas.
O texto, divulgado no dia 22 de Fevereiro pela Comissão de Política Económica do Conselho Federal de Economia (Cofecon), é também subscrito por profissionais do sector e diversas organizações que se opõem à privatização da empresa estatal brasileira.
«A Eletrobras é a maior empresa de geração e transmissão de energia elétrica da América Latina», afirma o texto, destacando que a eventual privatização da empresa estatal «provocaria profunda desorganização do Setor Elétrico Brasileiro (SEB), com repercussões negativas para toda sociedade brasileira».
O manifesto, que pode ser lido na íntegra aqui, refere que «os prejuízos se verificarão no curto e no médio prazo, a começar por uma explosão tarifária».
De acordo com os economistas, a privatização poderá fazer aumentar o preço das tarifas até «quatro vezes», reduzindo o rendimento disponível das famílias para o consumo de outros produtos, num contexto em que rendimento das famílias já vem a ser pressionado «pelas recentes elevações nos preços dos alimentos e dos combustíveis, também afetados pela alta dos preços da eletricidade».
O encarecimento da energia também terá impactos directos nos custos do sector dos serviços e de sectores industriais, e os economistas sublinham que o país sul-americano ganha em manter um sistema nacional estruturado em torno da Eletrobras, permitindo a distribuição de investimentos e o combate a desigualdades regionais.
Em termos ambientais, o documento estima que a desarticulação do SEB levará a um aumento do consumo de energia térmica – previsto no projecto de privatização –, provocando um impacto negativo.
Privatização ameaça maior centro de pesquisa do sector elétrico da América Latina
A privatização da Eletrobras pode inviabilizar o trabalho do Centro de Pesquisa de Energia Elétrica (Cepel), o maior pólo de investigação do sector elétrico na América Latina, hoje financiado quase exclusivamente pela empresa estatal e suas subsidiárias, refere o Brasil de Fato.
Fundado em 1974 pela própria Eletrobras, o Cepel surgiu com dois objectivos: ajudar a desenvolver o sector elétrico, em fase de grande expansão; e reduzir as despesas do país com compra de tecnologia estrangeira.
Tendo em conta a importância do centro, a Eletrobras contribuiu sempre para o seu financiamento. De acordo com o portal brasileiro, o balanço financeiro mais recente do centro, referente ao ano de 2020, aponta que a empresa estatal e as suas subsidiárias aportaram mais de 83% de tudo que o pólo recebeu para manter as suas actividades naquele ano.
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui