Em comunicado, o governo de Cuba revela que, entre 6 e 10 de Fevereiro, aviões de transporte militar voaram para aeroportos em Porto Rico, na República Dominicana e noutras ilhas das Caraíbas «estrategicamente localizadas, seguramente sem conhecimento dos governos dessas nações», tendo como origem instalações militares norte-americanas onde operam forças de operações especiais e da Infantaria da Marinha.
«Os EUA pretendem fabricar um pretexto humanitário para iniciar uma agressão militar contra a Venezuela e propuseram-se introduzir no território desse país soberano, através da intimidação, da pressão e da força, uma suposta ajuda humanitária, que é mil vezes inferior aos danos económicos que provoca a política de cerco imposta a partir de Washington», lê-se no texto, acessível no portal CubaDebate.
O texto acusa figuras «extremistas» da política norte-americana, como o conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton, o director do Hemisfério Ocidental do Conselho de Segurança Nacional, Mauricio Claver-Carone, e o senador do estado da Florida Marco Rubio de terem concebido e organizado a tentativa de golpe de Estado na Venezuela – gerindo também o seu financiamento –, através da autoproclamação de Juan Guaidó, deputado da Assembleia Nacional venezuelana – em desobediência perante o Supremo Tribunal de Justiça –, como «presidente interino» do país.
Conduta semelhante à que antecedeu outras guerras de agressão
Para as autoridades cubanas, «é evidente que os Estados Unidos preparam o terreno para criar pela força "um corredor humanitário" sob "protecção internacional"», para depois invocar a "obrigação de proteger" os civis e aplicar "todas as medidas necessárias"».
Neste contexto, Cuba considera indispensável recordar que «condutas similares e pretextos parecidos foram adoptados pelos Estados Unidos no prelúdio das guerras que lançaram contra a Jugoslávia, o Iraque e a Líbia, com o preço de imensas perdas de vidas humanas e de enormes sofrimentos».
Hoje, na Venezuela, decide-se a soberania e a dignidade da América Latina e das Caraíbas e dos povos do Sul, afirma o governo de Cuba, que expressa o seu apoio ao Mecanismo de Montevideu – promovido por México, Uruguai, Comunidade das Caraíbas (Caricom) e Bolívia – e reitera a «firme e invariável solidariedade» com o presidente constitucional da República Bolivariana da Venezuela, Nicolás Maduro.
Nicolás Maduro apela à solidariedade mundial
Face às reiteradas ameaças militares da administração dos EUA contra a Venezuela, o presidente Nicolás Maduro fez um apelo à solidariedade dos povos do mundo, no sentido de que prossigam com a campanha «Hands off Venezuela» [mãos fora da Venezuela] e rejeitem o golpe de Estado promovido contra o seu país.
Em declarações efectuadas esta quarta-feira no Palácio de Miraflores, em Caracas, o chefe de Estado também pediu ao povo venezuelano que adira à campanha de assinaturas contra o intervencionismo norte-americano, organizada em cada Praça Bolívar do país e que está também a decorrer noutros países.
Até ao momento, a declaração contra a agressão estrangeira, que é para ser entregue directamente na Casa Branca, em Washington, já foi assinada por mais de dois milhões de venezuelanos, de acordo com os dados preliminares divulgados pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Na mesma ocasião, Nicolás Maduro referiu-se à reunião na capital dos EUA entre o presidente colombiano, Iván Duque, e o seu homólogo norte-americano, Donald Trump, tendo criticado as «novas ameaças de invasão» proferidas por Trump contra o seu país.
Maduro, que classificou estas declarações como «más», criticou ainda ambos os presidentes por não terem abordado a questão da «cocaína que se produz na Colômbia, que infecta e destrói a juventude norte-americana», ou falado «da miséria recente, da guerra recente, dos assassinatos políticos de defensores dos direitos humanos na Colômbia, ou do Estado falido que é a Colômbia», em vez de se porem a falar da Venezuela.
Face às ameaças de Trump e à sintonia entre os EUA e a Colômbia, Nicolás Maduro sublinhou que o seu país «não se renderá perante o imperialismo», prosseguindo «com dignidade o seu caminho de paz», revela a AVN.