Citado pela agência noticiosa norte-coreana KCNA, Kim Kye-gwan afirmou esta quarta-feira que o futuro da cimeira entre Pyongyang e Washington, agendada para 12 de Junho em Singapura, e o das relações bilaterais entre ambos os países «seria claro» caso Washington insista numa «desnuclearização ao estilo líbio».
O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da República Popular Democrática da Coreia (RPDC) denunciou a «ofensiva de pressões e sanções» em curso contra o seu país e acusou Washington de interpretar mal «a generosidade e as medidas decididas [da RPDC] como um sinal de fraqueza».
Criticando as exigências de Washington para «cessões unilaterais e incondicionais» no que respeita à desnuclearização, o vice-ministro norte-coreano lembrou aquilo que viria a ser o destino da Líbia e disse que tal tipo de negociações é inaceitável para Pyongyang.
«Se os EUA nos tentarem empurrar para um canto e forçar a um desarmamento nuclear unilateral, nós já não estamos interessados nesse diálogo, e não nos resta outra alternativa senão reconsiderar o processo» de negociações, disse Kim Kye-gwan, citado pela KCNA.
Isso «já não é uma tentativa de resolver as questões pela via do diálogo», mas antes de «forçar ao nosso Estado digno o destino da Líbia e do Iraque», acrescentou, manifestando dúvidas de que os Estados Unidos estejam de facto interessados num diálogo e numas negociações francas.
Recorde-se que os EUA invadiram o Iraque em 2003, alegando que Bagdade detinha armas de destruição massiva – que nunca foram encontradas. As tropas norte-americanas ainda permanecem no país do Médio Oriente, assim como a guerra e a destruição.
A Líbia, depois de ter entregado, em 2003, o seu programa nuclear e de mísseis balísticos aos norte-americanos, foi invadida em 2011 pelos EUA e países aliados da NATO, que destruíram o país norte-africano e o mergulharam no caos.
Manobras bélicas e encontro cancelado
As declarações de Kim Kye-gwan têm lugar um dia depois de Pyongyang ter decidido suspender a reunião prevista para hoje em Panmumjom, com o propósito de dar sequência aos acordos alcançados a 27 de Abril entre Kim Jong-un, líder norte-coreano, e Moon Jae-in, presidente sul-coreano.
Em comunicado, a RPDC afirma que o cancelamento se fica a dever aos «imprudentes» exercícios militares conjuntos Max Thunder 2018, entre os Estados Unidos e a Coreia do Sul, que têm lugar na Península coreana até ao próximo dia 25.
A RPDC acusa Washington e a República da Coreia de «desafiarem de forma aberta a declaração de Panmunjom», subscrita no final do mês passado num encontro histórico entre os líderes da Coreia dividida.
Sublinhando que as manobras bélicas referidas são os maiores exercícios do género alguma vez efectuados na região, a RPDC afirma no documento que o exercício visa «elevar à máxima expressão as sanções e pressões» contra o país, constituindo «um ensaio de ataque preventivo aéreo contra a RPDC e a conquista do domínio aéreo de toda a Península Coreana», indica a Prensa Latina.
De acordo com o texto, participam nos exercícios militares mais de cem aviões, incluindo os bombardeiros estratégicos nucleares B-52 e caças furtivos ultramodernos, como os F-22 Raptor, entre outros meios de combate aéreo e electrónico de última geração.
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