|Honduras

Congressista hondurenho destaca importância de relações diplomáticas com a China

Após o anúncio de Xiomara Castro, um deputado do Libre sublinhou a importância de estabelecer relações diplomáticas com a China, o que constitui «um princípio de soberania» para o país centro-americano.

Xiomara Castro, presidente das Honduras 
Créditos / kawsachunnews.com

Ramón Barrios, deputado do Partido Liberdade e Refundação (Libre), disse que, ao estabelecer uma relação oficial com a China, as Honduras poderiam abrir às suas exportações um mercado de 1,5 mil milhões de pessoas.

Em declarações ao Canal 8, disse que os passos actuais são uma aproximação e que não crê que o estabelecimento de relações diplomáticas com a China afectem as relações que o país centro-americano mantém com os Estados Unidos, argumentando que Washington também segue o princípio oficial de «uma só China».

No entanto, de acordo com a Prensa Latina, no actual contexto, alguns analistas estimam que a iniciativa do executivo hondurenho possa criar tensões com os EUA.

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Xiomara Castro tomou posse como presidente das Honduras

A candidata do Partido Liberdade e Refundação (Libre), vencedora das eleições presidenciais de Novembro, é desde esta quinta-feira a presidente das Honduras e prometeu «arrancar a corrupção» do país.

Xiomara Castro, a nova presidente das Honduras, durante a cerimónia de tomada de posse, em Tegucigalpa 
Créditos / Prensa Latina

Na cerimónia, que teve lugar no Estádio Nacional, em Tegucigalpa, o ex-presidente Manuel Zelaya, deposto no golpe de Estado de 2009 – com apoio de Hillary Clinton e do Comando Sul norte-americano – colocou a faixa presidencial a Xiomara Castro, sua esposa, «como símbolo do regresso à democracia», refere a Prensa Latina.

No discurso da tomada de posse, Castro, que venceu as eleições de 28 de Novembro com mais de 1,7 milhões de votos (mais que os candidatos dos partidos Nacional e Liberal juntos), abordou questões que já na campanha eleitoral tinha prometido tratar, como o combate à corrupção e ao narcotráfico, entre outras.

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Quase 43% dos hondurenhos vivem em situação de pobreza

A maioria da população pobre reside nas regiões rurais do país centro-americano, que foi classificado como o mais pobre de todo o continente pela Comissão Económica para a América Latina e Caraíbas.

Da população em situação de pobreza nas Honduras, 60,1% reside nas regiões rurais
Créditos / elheraldo.hn

Segundo o Instituto Nacional de Estatística, o Banco Interamericano de Desenvolvimento e o Banco Mundial, em 2018 a pobreza atingia 42,7% dos lares nas Honduras.

Entretanto, as entidades referidas actualizaram a metodologia utilizada e, de acordo com as conclusões do processo concluído em Janeiro, determinaram que o limiar da pobreza se situa num rendimento mensal de 2697 lempiras (pouco mais de 99 euros) para os habitantes das cidades e de 1424 lempiras (cerca de 52,5 euros) para os residentes nas regiões rurais, indica a TeleSur.

Assim, os dados recentemente actualizados referem que cerca de 43% da população hondurenha vive abaixo do limiar da pobreza e tem dificuldades em aceder a bens e serviços essenciais como alimentos, educação, saúde, roupa ou transportes. Da população em situação de pobreza, 38,4% vive nas cidades e 60,1% no campo.


Recentemente, o LIBRE (Partido Liberdade e Refundação) criticou o orçamento do Estado para 2020, sublinhando que «o nível de crise entre a população está presente em todos os indicadores do modelo neoliberal e na dor dos migrantes».

Denunciou, além disso, que seis em cada dez hondurenhos estão desempregados ou subempregados e que quatro em cada dez vivem em situação de pobreza extrema.

Há alguns dias, uma sondagem de opinião a que a Prensa Latina faz referência (CID-Gallup) destacava o mau rumo do país, sobretudo a nível económico. A mesma fonte indica que 55% dos hondurenhos reprovavam a governação do presidente Juan Orlando Hernández.

A Comissão Económica para a América Latina e Caraíbas (Cepal) define as Honduras como o país mais pobre de todo o continente – uma realidade de que tentam escapar milhares de migrantes todos os anos, sobretudo com destino aos Estados Unidos.

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Dando conta da má gestão do Partido Nacional nos últimos 12 anos, apresentou uma «proposta de refundação» imediata do país.

«Basta de esquadrões da morte. Basta de silêncio diante dos feminicídios. Basta de assassinos a soldo. Basta de tráfico de drogas ou crime organizado», sublinhou, aludindo ao elevado crime no país centro-americano, que a Cepal definiu, em 2020, como o mais pobre de todo o continente, de onde tentaram sair milhares de pessoas, em busca de emprego, protecção e refúgio.

Na presença de 12 mil pessoas, entre as quais se encontravam representantes de mais de meia centena de delegações internacionais, Castro anunciou que educação, saúde, segurança e emprego serão algumas das questões centrais para o seu executivo.

Também se referiu à aprovação de leis de participação e consulta dos cidadãos, ao não pagamento do consumo de energia eléctrica por parte de um milhão de famílias e à redução dos preços dos combustíveis.

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«Caravana migrante» atravessa o México sonhando com uma vida melhor

Fugindo da violência e da miséria nas Honduras, e fazendo frente às ameaças de Donald Trump, os migrantes que a 13 de Outubro partiram de San Pedro Sula avançam com destino à fronteira sul dos EUA.

Entrada da «caravana migrante» no México
Créditos / animalpolitico.com

A chamada «caravana migrante», integrada por milhares de pessoas orginárias da América Central – na sua maioria hondurenhas – partiu no passado dia 13 da cidade de San Pedro Sula, nas Honduras, com o intuito de atravessar a Guatemala e o México, antes de chegar à fronteira com os Estados Unidos. Muitos partiram apenas com a roupa que têm no corpo, decidindo empreender uma jornada de cerca de 4000 quilómetros com a esperança de encontrar trabalho e melhores condições de vida, e procurando escapar à violência e à falta de perspectivas nos seus países de origem.

A administração norte-americana reagiu afirmando que uma eventual chegada dos «marchantes» às suas fronteiras constitui uma «ofensa à sua soberania» e ameaçou retirar a ajuda financeira à Guatemala, às Honduras e a El Salvador, caso o grupo tente atravessar a fronteira.

Com os cerca de 3000 migrantes a avançarem já pelo México adentro, o Partido Liberdade e Refundação (Livre), liderado pelo ex-presidente hondurenho Manuel Zelaya, condenou a reacção das autoridades norte-americanas.

Num comunicado, citado pela Prensa Latina, afirma: «Se os Estados Unidos estão habituados a promover golpes de Estado e impõem medidas económicas draconianas e ditaduras criminosas na América Latina, é inaceitável que, agora, maltratem e rejeitem as pessoas que fogem da morte e de um sistema de exploração grosseiro e desumano.»

A propósito de declarações do Secretário de Estado, Mike Pompeo, que visam responsabilizar a oposição hondurenha «pela grave crise humanitária que os emigrantes enfrentam», o Livre acusa Pompeo de, na sua qualidade de ex-director da Agencia Central de Inteligência (CIA), ser conhecedor da «cumplicidade da ex-Secretária de Estado Hillary Clinton e do Comando Sul [dos EUA] no golpe de Estado militar [perpetrado] nas Honduras em 2009», uma «acção violenta que destruiu a democracia e afundou o país na miséria».

A miséria e a violência – promovida pelo actual governo neoliberal hondurenho, em conluio com paramilitares colombianos e esquadrões da morte – são a causa da realidade que «força milhares de compatriotas a saírem [do país], em busca de emprego, protecção e refúgio».

Face às duras críticas que o êxodo «migrante» mereceu da parte de Donald Trump, o presidente da Guatemala, Jimmy Morales, afirmou este sábado, numa conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo hondurenho, Juan Orlando Hernández, que estão «a trabalhar para garantir um regresso pacífico e seguro, e evitar que estas manifestações se continuem a dar no futuro», revela a HispanTV.

Hipocrisia mediática e institucional

Em declarações proferidas este domingo à HispanTV, José Egido, especialista em temas internacionais, frisou que a crise migratória que as Honduras enfrentam revela o «completo fracasso das políticas económicas e sociais» vigentes no país, na sequência do golpe de Estado contra o governo legítimo do presidente hondurenho Manuel Zelaya, em 2009, executado com o apoio do então presidente norte-americano Barack Obama e da sua Secretária de Estado, Hillary Clinton.

O especialista destacou ainda a hipocrisia mediática e de certas instituições, que construíram uma narrativa de «catástrofe humanitária» associada à migração de cidadãos venezuelanos para países vizinhos, alimentando o pretexto para uma intervenção militar, mas não estabelecem as mesmas premissas ao lidar com a questão nas Honduras, de onde a população, empobrecida, foge das condições impostas pelas políticas neoliberais.

«Nem a OEA [Organização de Estados Americanos], nem os Estados Unidos, nem o Grupo de Lima falam de qualquer tipo de sanções contra este governo, que força, de facto, [a população] a sair para não morrer de fome, milhares de pessoas a que se juntam cidadãos [de outros países] latino-americanos, como os da Guatemala, cujos governos seguem as políticas norte-americanas», disse Egido, destacando o «absoluto fracasso» de tais políticas, que levam as pessoas à miséria.

Nas declarações à HispanTV, o especialista espanhol em temas internacionais elogiou ainda a «caravana», pela sua «integridade e coragem».

Tratados de livre comércio e deterioração económica

Numa peça publicada dia 19 pelo portal venezuelano Misión Verdad, intitulada «La caravana migrante: hondureños huyen del Tratado de Libre Comercio» [A caravana migrante: os hondurenhos fogem do Tratado de Livre Comércio], destaca-se a degradação económica provocada pelas políticas do governo hondurenho, «eleito [no final de 2017] sob fortes acusações de fraude por parte da oposição», e que estão a conduzir a uma situação de «migração forçada».

No centro destas políticas económicas estão, segundo a peça, os tratados de livre comércio (TLC) firmados pelas Honduras e outros países centro-americanos com os Estados Unidos e a Europa, que consagram a salvaguarda dos interesses das «grandes corporações transnacionais em detrimento das pequenas economias da região».

Como exemplo do contributo dos TLC para a deterioração da situação económica e das condições laborais dos trabalhadores hondurenhos, o texto refere o Tratado de Livre Comércio entre Estados Unidos, América Central e República Dominicana (DR-CAFTA, na sigla em inglês), firmado em 2004 e ratificado pelas Honduras no ano seguinte, com forte oposição sindical e de partidos de esquerda.

Se, por um lado, as multinacionais criaram empregos, elas propiciaram também as condições para o aumento da exploração dos trabalhadores, o agravamento das condições de higiene e segurança no trabalho, com a cumplicidade dos governos hondurenhos, destaca o texto.

Para além disso, a agricultura familiar, sustentável ao longo de gerações sucessivas, foi fortemente atingida, levando ao aumento exponencial do desemprego no sector agrícola. «Milhares de pessoas tiveram de emigrar para o México ou os Estados Unidos em busca de trabalho, porque passou a ser impossível ganhar o suficiente para viver no campo e sustentar uma família», lê-se no texto.


O direito à emigração e os seus negócios

Se, por um lado, emigrar é um direito, o texto chama a atenção para fenómenos que estão associados a esse «direito», na medida em que, subjacente a ele, está a «asfixia económica» de países e a «pauperização das condições de vida» por parte de potências hegemónicas.

A peça realça, ainda, os interesses dessas potências em beneficiar de mão-de-obra estrangeira e barata, com a qual é fácil não manter qualquer tipo de «compromisso formal» – algo entranhado «no neoliberalismo que vigora nos Estados Unidos e seus satélites», afirma-se.

Nesta perspectiva, sob o «direito» a emigrar encaram-se os interesses económicos que procuram «legitimar a escravidão, mobilizando mão-de-obra que, antes de chegar ao destino, é vendida a quem mais oferece».

Neste sentido, lembra que existem redes que operam entre a América Central e os Estados Unidos e que negoceiam com os «sem papéis» em busca do «sonho americano».

Para muitos, esta quimera tem um custo muito elevado: morrer no deserto do Arizona ou afogado no Rio Grande. Outros acabam presos em redes cúmplices com as autoridades fronteiriças, e, dentro ou fora dos EUA, enfrentam os mais variados riscos, da detenção e repatriamento à escravização pelos cartéis do narcotráfico que disputam entre si o controlo dos territórios e das suas presas.

Outro negócio é o das prisões norte-americanas onde são detidos os migrantes ilegais. No ano fiscal de 2017, a Agência de Imigração e Controlo de Alfândegas (ICE) deteve mais de 143 mil pessoas e, de acordo com a Misión Verdad, mais de metade permanece em prisões privadas. Trata-se do maior sistema de detenção de migrantes, uma fonte de lucros enorme para as empresas que o gerem.

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Depois de aludir a diversos números deixados pela gestão de Juan Orlando Hernández, como o aumento exponencial da dívida externa, o aumento da pobreza em 74% e a corrupção generalizada, referiu-se à criação de um plano refundação assente em valores soberanos, como a proibição de autorizações de exploração de minerais, rios, parques naturais e bosques.

«Temos o dever de restaurar o sistema económico com base na transparência, eficiência, produção e justiça social na distribuição da riqueza e do rendimento nacional», disse.

No seu discurso, Xiomara Castro afirmou que o novo executivo assumirá um «socialismo democrático» e uma política latino-americana, soberana e solidária.

A nova presidente hondurenha destacou ainda o empenho na luta contra as desigualdades, a violência de género e pela defesa dos direitos das mulheres.

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As declarações de Barrios, esta quarta-feira, seguem-se à mensagem publicada no dia anterior pela presidente Xiomara Castro no Twitter em que anuncia ter dado instruções ao ministro dos Negócio Estrangeiros hondurenho para uma aproximação à China.

«Dei indicações ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Eduardo Reina, para que trate da abertura de relações oficiais com a República Popular da China, como sinal da minha determinação de cumprir o Plano de Governo e expandir as fronteiras com liberdade em harmonia das nações do mundo», escreveu no Twitter a presidente hondurenha.

Durante a campanha presidencial, em 2021, e no início de 2022, antes da tomada de posse, Xiomara Castro manifestou a intenção de estabelecer relações diplomáticas com Pequim, o que, a concretizar-se, seguiria a tendência dos últimos anos na América Central, em que Panamá, El Salvador, República Dominicana e Nicarágua relançaram os seus laços com a China.

Em declarações citadas pela Reuters, o ministro hondurenho dos Negócios Estrangeiros, Eduardo Reina, destacou o lado «pragmático» da medida, frisando que o executivo deve procurar «o que é melhor para o povo das Honduras».

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Nicarágua e China: um ano de avanços na cooperação

No passado dia 10, os dois países assinalaram o primeiro aniversário do restabelecimento de relações diplomáticas, que abriram as portas a uma cooperação considerada «estratégica».

Uma das áreas em que a China mais tem apoiado a Nicarágua é na construção de habitação e infra-estruturas 
Créditos / Twitter

O restabelecimento de relações diplomáticas ocorreu após o reconhecimento, por parte do país centro-americano, do princípio de «uma só China».

«A Revolução sandinista estabeleceu relações com a China em 1985; o que se passou foi que os governos neoliberais apoiados pelos Estados Unidos romperam esses laços nos anos 90 para estabelecer relações com Taiwan», disse à Prensa Latina o analista político Jorge Capelán.

Para Capelán, as relações entre a China e a Nicarágua têm um significado muito importante, tendo em conta a actual conjuntura mundial, «de crise terminal de dominação ocidental».

Por seu lado, Manuel Espinoza, director do Centro Regional de Estudos Internacionais (CREI), em Manágua, sublinhou que o restabelecimento de relações ocorreu num momento importante, após o triunfo de Daniel Ortega nas eleições de Novembro de 2021.

Espinoza explicou que se trata de uma decisão de política externa, o que mostra o papel da China na transformação da ordem mundial.

«O importante aqui é que na assinatura deste restabelecimento, há um ano, existem princípios bem assentes, como o respeito mútuo, a coexistência pacífica, a não agressão, a integridade territorial e, sobretudo, os benefícios recíprocos», acrescentou, em conversa com o correspondente da agência cubana.

O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Ma Zhaoxu, e o representante da Nicarágua, Laureano Ortega, durante a cerimónia de assinatura de restabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países, em Tianjin, China, a 10 de Dezembro de 2021 / France 24

A nível institucional, o embaixador da China em Manágua, Chen Xi, disse que este ano passado foi de solidariedade, cooperação e de êxitos para os dois países e povos.

Já o assessor presidencial para a promoção de investimentos, comércio e cooperação internacional da Nicarágua, Laureano Ortega, considerou «históricos» os laços entre o Partido Comunista da China e a Frente Sandinista de Libertação Nacional, tendo ainda afirmado que «foram 12 meses de um trabalho intenso», de «inúmeras cooperações em praticamente todos os campos».

Carácter estratégico

Os especialistas destacam a natureza estratégica das relações entre o país asiático e o centro-americano, a diferentes níveis.

O académico Jorge Issac Bautista disse à Prensa Latina que ambos os países têm costa no Oceano Pacífico, mas que a China não tem acesso às águas do Atlântico e que o canal do Panamá é «controlado pelos panamenhos e norte-americanos».

«A nível geoeconómico, a Nicarágua tem a possibilidade de fazer a ligação entre o Pacífico e o Atlântico, o que é uma probabilidade aberta a investimento para a eventual construção de um canal», afirmou.

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Exportações na Nicarágua cresceram 21% em 2021

O Centro de Procedimentos de Exportações (Cetrex), que registou o aumento de vendas ao exterior, prevê uma recuperação maior para este ano, em parte graças ao restabelecimento de relações com a China.

Créditos / canal6.com.ni

Em declarações à imprensa, a directora executiva do Cetrex, Xiomara Mena, disse que o crescimento registado de 21% equivale a cerca de 6,5 mil milhões de dólares (5,7 mil milhões de euros).

A funcionária do país centro-americano precisou que as exportações de produtos tradicionais representaram, até 31 de Dezembro, cerca de 3,6 mil milhões de dólares e que as do regime de zona franca representaram 2,75 mil milhões, até Novembro último.

Citada pelo portal radio580.com.ni, Mena acrescentou que o país exporta cem produtos e que recuperou, em 2021, todos os mercados internacionais que se haviam encerrado como consequência da Covid-19.

No que respeita aos chamados produtos tradicionais, projectou um crescimento de receitas das exportações para 2022, em torno dos quatro mil milhões de dólares.

Advertiu, no entanto, que a concretização deste prognóstico depende do equilíbrio dos preços, a nível mundial, dos principais produtos, tendo explicado que a tendência é para a subida em cargas como a carne ou o café.

Em termos de volumes, a directora executiva do Centrex anunciou como projecção um aumento de 10%, com números superiores aos de 2021 graças à recuperação dos mercados.

Exportações para a China podem crescer bastante

Também se referiu à China, país para o qual a Nicarágua efectuou exportações no valor de 11 milhões de dólares (9,7 milhões de euros), números que, segundo Mena, podem aumentar significativamente depois do restabelecimento das relações entre ambos os países, no passado dia 10 de Dezembro.

Na cerimónia de abertura da Embaixada da China em Manágua, dia 31, o representante do governo do país asiático, Yu Bo, manifestou a intenção da China de reforçar «a comunicação, a coordenação e o verdadeiro multilateralismo» com o país da América Central.

Destacando a importância da «oposição à ingerência externa nos assuntos internos dos estados em nome da democracia e dos direitos humanos», Bo afirmou a aposta em consolidar a confiança política e em acelerar a cooperação em vários campos.

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A este propósito, Jorge Capelán destacou a grande expectativa existente na Nicarágua sobre a construção dessa via marítima – embora ainda não haja nada de concreto.

«Os Estados Unidos não gostam da ideia, mas terão de se habituar a ela, pois em termos geopolíticos estão a perder influência e têm de aceitar o surgimento de um mundo multipolar», disse.

Por seu lado, Manuel Espinoza referiu-se aos passos estratégicos da China – como a Iniciativa Cinturão e Rota e outras destinadas ao desenvolvimento global – como boas perspectivas para o país centro-americano.

Avanços concretos na cooperação

As autoridades de ambos os países afirmam que, neste primeiro ano, alcançaram êxitos em vastas áreas na «cooperação de mútuo benefício».

Em Janeiro, a Nicarágua aderiu oficialmente à Iniciativa Cinturão e Rota – um elemento central da política externa promovida pela China de Xi Jinping –, com o presidente nicaraguense, Daniel Ortega, a destacar a importância de fazer frente à «hegemonia» dos EUA, «cujo fim é um facto».

No final desse mês, o governo sandinista anunciou o apoio da China ao projecto de construção de casas para famílias trabalhadoras e carenciadas, dinamizando um programa habitacional já existente, o Bismarck Martínez.

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China vai ajudar Nicarágua a desenvolver diversas infra-estruturas

O governo nicaraguense e empresas estatais chinesas assinaram um memorando de entendimento com vista ao desenvolvimento de vários projectos no país centro-americano.

Representante chinês e da empresa estatal nicaraguense das águas, ENACAL, saúdam-se durante a celebração do acordo 
Créditos / el19digital.com

Funcionários governamentais sandinistas anunciaram, esta quarta-feira, ter alcançado um acordo abrangente com a China visando estabelecer as bases para o desenvolvimento de projectos em diversas áreas.

Segundo refere el19digital.com, participaram na cerimónia de assinatura do acordo, em Manágua, representantes dos ministérios nicaraguenses da Energia, Saúde, Transportes e Infra-estruturas, entre outros. A parte chinesa esteve representada por diversas empresas estatais, que serão responsáveis pelo andamento dos projectos.

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Exportações na Nicarágua cresceram 21% em 2021

O Centro de Procedimentos de Exportações (Cetrex), que registou o aumento de vendas ao exterior, prevê uma recuperação maior para este ano, em parte graças ao restabelecimento de relações com a China.

Créditos / canal6.com.ni

Em declarações à imprensa, a directora executiva do Cetrex, Xiomara Mena, disse que o crescimento registado de 21% equivale a cerca de 6,5 mil milhões de dólares (5,7 mil milhões de euros).

A funcionária do país centro-americano precisou que as exportações de produtos tradicionais representaram, até 31 de Dezembro, cerca de 3,6 mil milhões de dólares e que as do regime de zona franca representaram 2,75 mil milhões, até Novembro último.

Citada pelo portal radio580.com.ni, Mena acrescentou que o país exporta cem produtos e que recuperou, em 2021, todos os mercados internacionais que se haviam encerrado como consequência da Covid-19.

No que respeita aos chamados produtos tradicionais, projectou um crescimento de receitas das exportações para 2022, em torno dos quatro mil milhões de dólares.

Advertiu, no entanto, que a concretização deste prognóstico depende do equilíbrio dos preços, a nível mundial, dos principais produtos, tendo explicado que a tendência é para a subida em cargas como a carne ou o café.

Em termos de volumes, a directora executiva do Centrex anunciou como projecção um aumento de 10%, com números superiores aos de 2021 graças à recuperação dos mercados.

Exportações para a China podem crescer bastante

Também se referiu à China, país para o qual a Nicarágua efectuou exportações no valor de 11 milhões de dólares (9,7 milhões de euros), números que, segundo Mena, podem aumentar significativamente depois do restabelecimento das relações entre ambos os países, no passado dia 10 de Dezembro.

Na cerimónia de abertura da Embaixada da China em Manágua, dia 31, o representante do governo do país asiático, Yu Bo, manifestou a intenção da China de reforçar «a comunicação, a coordenação e o verdadeiro multilateralismo» com o país da América Central.

Destacando a importância da «oposição à ingerência externa nos assuntos internos dos estados em nome da democracia e dos direitos humanos», Bo afirmou a aposta em consolidar a confiança política e em acelerar a cooperação em vários campos.

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O memorando garante o investimento chinês na construção de hospitais e no fornecimento de equipamento médico, no desenvolvimento de energias renováveis, na construção de infra-estruturas rodoviárias, ferroviárias e portuárias, bem como na área de água e saneamento.

Só na área da geração e distribuição de energia eléctrica, os acordos prevêem o investimento de 564 milhões de dólares da China no país centro-americano, segundo revelou Salvador Mansell, ministro nicaraguense da Energia e Minas.

Restabelecimento das relações diplomáticas e crescimento da cooperação

Este memorando de entendimento abrangente segue-se à adesão oficial da Nicarágua à Iniciativa Cinturão e Rota, promovida pela China, há cerca de um mês. Na ocasião, o presidente nicaraguense, Daniel Ortega, destacou a importância de fazer frente à «hegemonia» dos EUA, «cujo fim é um facto».

No final de Janeiro, o governo sandinista anunciou o apoio da China ao projecto de construção de casas para famílias trabalhadoras e carenciadas, dinamizando um programa habitacional já existente, o Bismarck Martínez.

O programa foi assim designado em honra de Bismarck Martínez, sandinista que trabalhava no município de Manágua e que foi sequestrado, torturado e assassinado por membros da extrema-direita durante a violenta tentativa de golpe de Estado em 2018, apoiada pelos Estados Unidos.

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No mês seguinte, foi assinado um memorando de entendimento com vista a garantir investimento chinês na construção de hospitais e no fornecimento de equipamento médico, no desenvolvimento de energias renováveis, na construção de infra-estruturas rodoviárias, ferroviárias e portuárias, bem como na área de água e saneamento.

Em Abril, foi assinado um novo acordo de cooperação económica e técnica com vista à execução de um programa habitacional, cuja primeira fase conta com um investimento de 60 milhões de dólares.

Três meses mais tarde, em Julho, as partes assinaram aquele que consideram o acordo mais relevante nas relações bilaterais do ponto de vista económico, o chamado «acordo de colheita antecipada» – aprovado na Assembleia Nacional do país latino-americano em Setembro deste ano –, que visa reforçar as relações comerciais e eliminar barreiras, de forma progressiva, entre os dois países.

Ao longo deste ano, também se registou cooperação na área da Saúde pública – a China entregou três milhões de vacinas contra a Covid-19 e vários equipamentos e materiais médicos à Nicarágua – e no âmbito cultural.

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Por seu lado, a China congratulou-se com o anúncio de Xiomara Castro. Wang Wenbin, representante do Ministério dos Negócios Estrangeiros, disse esta quarta-feira que o país asiático está disposto a «desenvolver relações amistosas e de cooperação com todos os países, incluindo as Honduras, com base no respeito pelo princípio de "uma só China"».

«O facto de que 181 países no mundo tenham estabelecido relações diplomáticas com a China de acordo com o princípio de "uma China" mostra plenamente que estabelecer relações diplomáticas com a China é uma decisão correcta e alinhada com a tendência dos tempos», afirmou Wang, citado pela Xinhua.

Isto significaria que Taiwan, além do Vaticano, passaria a ter relações diplomáticas apenas com 12 países, na sua maioria pequenas ilhas nas Caraíbas e no Pacífico: Guatemala, Haiti, Paraguai, Eswatini, Tuvalu, Nauru, São Vicente e Granadinas, San Kitts e Nevis, Santa Lúcia, Belize, Ilhas Marshall e Palau.

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