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|França

A coligação de esquerda surpreende na primeira volta

Depois de uma campanha sem brilho e num contexto de uma abstenção recorde de 52,51%, os Nupes (25,65%) estão ligeiramente à frente do Ensemble! (25,2%), nas primeiras estimativas.

O candidato de esquerda apela à mobilização na segunda volta para derrotar o partido do presidente. 
O candidato de esquerda apela à mobilização na segunda volta para derrotar o partido do presidente. CréditosDR / DR

Fechar os olhos, ranger os dentes e ficar calado pode ser uma estratégia política? Não, de acordo com os resultados da primeira volta das eleições legislativas de domingo, 12 de Junho, afirma a análise do diário Le Monde. Desde a sua reeleição como Presidente da República a 24 de Abril, Emmanuel Macron tem utilizado a «estratégia do clorofórmio», segundo os seus opositores, para tentar amortecer o impacto de uma votação que os estrategas da maioria cessante se aproximavam com um sentimento de afundamento.

Com excepção de um texto sobre o poder de compra, prometido para o início do Verão, o chefe de Estado, voluntariamente, imobilizou-se durante as sete semanas que separaram a segunda volta das eleições presidenciais da primeira volta das eleições legislativas. Apenas anunciou a reforma das pensões. Isto não foi suficiente para travar a dinâmica da Nova União Popular Ecológica e Social (Nupes).

A coligação que apoia Macron recusa-se a dar indicação de voto quando a segunda volta se disputa entre a coligação de esquerda e os candidatos da extrema-direita de Marianne Le Pen. Justificam-se, afirmando que são ambas forças extremistas. Longe vai o tempo que Macron apelava ao voto de todos os «republicanos» contra a candidata da extrema-direita nas presidênciais.

Várias figuras apoiantes de Macron, incluindo a porta-voz do governo, Olivia Gregoire, recusaram-se a inidicar uma preferência entre a coligação de esquerda e o partido da extrema-direita para a segunda volta. Darão instruções de voto "caso a caso".

Na noite de 12 de Junho, os macronistas desfilaram nos aparelhos de televisão. Um hábito nas noites de eleições. Encontraram-se numa posição a que não estão habituados: Em vários círculos eleitorais, os candidatos do Ensemble! (Juntos), coligação que apoiava o presidente reeleito foram eliminados na primeira volta. A segunda ronda será jogada sem eles. A esquerda, unida sob a bandeira dos Nupes, enfrentará aqui ou ali a extrema-direita. A partir daí, coloca-se a questão: quem apoiar? A tradição republicana é que o partido eliminado - neste caso o Ensemble! - deve declarar apoio para o partido que enfrenta a extrema-direita de Marine Le Pen, a União Nacional. Mas para as grandes figuras do macronismo, a resposta não é tão óbvia. Especialmente depois do próprio Emmanuel Macron ter declarado no primeiro dia da campanha: «O projecto de Jean-Luc Mélenchon ou Marine Le Pen é a desordem e submissão».

Uma declaração que não admira, dado que só uma força pode, embora dificilmente, ter mais deputados que a coligação que apoia o presidente, e essa força é a coligação de esquerda Nupes.

Por sua vez, o líder da coligação de esquerda Nupes, Jean-Luc Mélenchon, reclamou este dominfo à noite vitória na primeira volta das eleições legislativas, considerando que o partido presidencial foi «desfeito» e apelando à mobilização na segunda volta para construir um «futuro de harmonia».

«Pela primeira vez na Quinta República, um Presidente recentemente eleito não consegue ter uma maioria absoluta na eleição legislativa que lhe sucede», frisou.

«No fim desta primeira volta, a Nupes está à frente: estará presente em mais de 500 círculos eleitorais na segunda volta», declarou Jean-Luc Mélenchon, no espaço «La Fabrique Événementielle», onde decorreu a noite eleitoral da Nupes, no norte de Paris, reagindo às primeiras projeções dos resultados eleitorais.

O líder da coligação que junta várias forças de esquerda – designadamente a França Insubmissa, o Partido Socialista francês, o Partido Comunista francês e a Europa Ecologia Os Verdes – considerou que, nesta primeira volta, o partido presidencial «foi derrotado e desfeito».

Mélenchon apelou assim que o povo se mobilize para a segunda volta das eleições legislativas, afirmando que o resultado da primeira volta cria uma «oportunidade extraordinária» para o «destino comum da pátria».

«Mobilizem-se para escancarar as portas do futuro, um futuro para o qual se mobilizaram tantas gerações antes da nossa. Esse futuro é um futuro de harmonia entre seres humanos, livres das dominações sociais, culturais e de género. É um futuro de harmonia entre os seres humanos e a natureza», sublinhou.

Mélenchon apelou designadamente à mobilização junto dos jovens – «a quem pertence o futuro» –, mas também junto «das classes populares que foram tão duramente atingidas por 30 anos de neoliberalismo».

As primeiras estimativas da primeira volta das eleições legislativas em França dão a coligação de esquerda liderada por Jean-Luc Melénchon com 25,6 % dos votos e o partido de Emmanuel Macron com cerca de 25,2 % dos votos, com muitos duelos na segunda volta.

A União Nacional de Marine Le Pen será a terceira força política podendo chegar a cerca de 19%.

De forma a vencer na primeira volta, o vencedor tem de reunir 50% dos votos que representem pelo menos 25% dos eleitores inscritos. Quando isto não acontece, passam à segunda volta, que se realiza no dia 19 de junho, todos os candidatos que tenham obtido votos equivalentes a mais de 12,5% dos inscritos ou os dois candidatos mais votados.

Assim, os resultados desta noite não vão definir completamente a configuração da Assembleia Nacional nos próximos cinco anos, já que tudo se joga na segunda volta das eleições legislativas, em 19 de junho.

A Nupes é uma coligação eleitoral liderada por Jean-Luc Mélenchon que junta vários partidos de esquerda, partilhando um programa comum e ultrapassando rivalidades históricas entre partidos de esquerda populista, como a França Insubmissa, os verdes, os comunistas e partidos de centro-esquerda pró-europeus, como o Partido Socialista francês.

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