Foi numa sala cheia da Fundação Cinemateca Boliviana, em La Paz, que o cineasta de renome e revolucionário de 87 anos recebeu das mãos de Luis Arce, Presidente da Bolívia, a mais alta distinção do país: o Condor dos Andes no grau de Cavaleiro.
«A obra absolutamente vigente e o legado do mestre Sanjinés são parte central da memória histórica, colectiva, rebelde e interpelante do nosso povo», afirmou Arce durante o evento, que teve lugar a semana passada.
Acompanhado por membros do governo e personalidades da cultura que quiseram prestar tributo ao mestre do cinema boliviano, o chefe de Estado acrescentou: «Perto destes 200 anos de vida da nossa Bolívia e mais alguns séculos de resistência, luta e insurgência popular, homenageamos o professor Jorge Sanjinés com a mais alta condecoração do nosso Estado Plurinacional da Bolívia, o Condor dos Andes.»
Realizador de obras multipremiadas internacionalmente como Ukamau, La nación clandestina, El coraje del pueblo e o recente Los viejos soldados, que aborda o impacto da Guerra do Chaco na consciência colectiva boliviana, Sanjinés agradeceu ser o destinatário da condecoração que o Estado boliviano atribui.
Coube a Iván Sanjinés, seu filho, dar as boas-vindas às centenas de pessoas presentes na cerimónia, num discurso em que não esqueceu as mensagens de felicitações recebidas de Cuba, por parte da Fundación del Nuevo Cine Latinoamericano e da Escuela Internacional de Cine y Televisión.
Fez também uma breve abordagem à trajectória do seu pai e ao modo como, nas suas obras, se dedicou a mostrar os povos indígenas, o altiplano boliviano e as lutas revolucionárias do povo, indica a Agencia Boliviana de Información (ABI).
Jorge Sanjinés, co-fundador do Grupo Ukamau e figura icónica do cinema latino-americano, destacou-se pelo chamado cinema indígena e social, que influenciou gerações e trouxe a debate questões como a desigualdade, a discriminação, a opressão e a luta pela justiça social.
Esses temas são linhas que atravessam obras como Ukamau, Yawar Mallku, El coraje del pueblo, La nación clandestina, El enemigo principal, Las banderas del amanecer, Insurgentes ou Juana Azurduy, títulos mencionados por Luis Arce no seu discurso, valorizando a obra e o seu olhar revolucionário.
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